RIO — No mesmo momento em que o governo francês e livrarias britânicas fazem coro em reclamações contra a gigante dos livros digitais Amazon, figuras do mercado editorial espanhol discutem o preço dos e-books e o futuro do setor. As estratégias para frear a queda das vendas (que é de quase 40% desde 2008) e ficar em dia com as mudanças geradas pelas novas tecnologias foram tema de mesa redonda da Feira do Livro de Madri.
Do debate participaram nomes como Nuria Cabutí, diretora da gigante editorial Random House Mondadori, e Lorenzo Silva, ganhador do Prêmio Planeta de 2012.
Editores, escritores e livreiros redigiram uma petição dirigida ao governo e aos leitores, após um alerta da Fundación Alternativas sobre a necessidade de ser digital para ser "exportável".
Nuria Cabutí mencionou o texto da fundação e elogiou o modelo editorial espanhol: "A Espanha é um país inovador no que diz respeito ao livro digital. Os índices de vendas crescem no ritmo da Alemanha".
Além da ação contundente das autoridades contra a pirataria, os conferencistas defenderam que e necessário reduzir os preços para que os livros sejam acessíveis mesmo em tempos de crise. Atualmente, o livro digital é taxado em 21% de IVA, enquanto são cobrados apenas 4% do tradicional.
Cabutí pontuou que também é importante conscientizar o público. Ela disse, citando dados de uma pesquisa do Observatório de Pirataria e Hábitos Digitais, que muitas vezes a pessoa pirateia "por costume, porque todos fazem o mesmo e porque sequer está consciente de que é ilegal".
Sobrou uma parcela de culpa também para os editores. Lorenzo Silva, um dos participantes da mesa redonda, disse que os editores deveriam agir para baixar os preços de qualquer forma, já que as altas cifras incentivariam as cópias ilegais.
Assim como Silva, o editor Luis Solano criticou os sites que compartilham livros piratas. Os dois concordam que o mal não está em quem lê, mas sim na "cópia massiva". "Esses supostos libertários de internet que pensam que estão atacando os poderosos quando, na verdade, prejudicam os pequenos criadores", disse Solano.
Paloma Bravo, autora que também debateu na Feira, foi incisiva: "Prefiro que as pessoas leiam grátis a que não leiam". E completou: "Queria, isso sim, que os que pirateiam livros se dessem conta dos danos que causam aos escritores".