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Festival de música e língua portuguesa recebe Amélia Muge

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RIO - A combinação de poesia e música, no Brasil, deu em samba. Em Portugal, deu fado. E da união entre os dois, nasceu o festival “III Festival Tão Longe, Tão Perto: Música e Poesia em Língua Portuguesa”, que começa esta segunda-feira no Rio de Janeiro - e vai até sexta-feira, dia 18. O evento é parte das comemorações do ano de Portugal no Brasil e vai receber pesquisadores e músicos para celebrar e debater as proximidades culturais entre os dois países que perduram apesar do tempo e da distância.

Em Portugal, o festival já passou pelas cidades de Lisboa, Portimão, Cascais e Coimbra. Em 2011, o evento foi realizado pela primeira vez no Brasil, repetindo-se em 2012. Em sua terceira edição, o evento vai receber a cantora portuguesa Amélia Muge, que vai lançar seu novo CD-livro “Periplus: deambulações luso-gregas” já no primeiro dia de evento, esta segunda-feira, na Livraria Cultura. Shows e palestras vão ocorrer também no prédio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na Escola de Música da UFRJ, na Lapa, e no Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca.

Durante os shows, Amélia vai dividir o palco com o grupo brasileiro Música Surda, que também se dedica a pesquisar e criar música a partir da poesia. Integrado pela cantora Andréia Pedroso e os músicos e compositores Antônio Jardim, Artur Gouvêa e Eduardo Gatto, o conjunto já musicou poemas de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, e Luís de Camões.

A relação entre a cantora portuguesa e o grupo brasileiro surgiu de um encontro durante uma turnê por Portugal.

- Quando estiveram em Lisboa, recebi um telefonema de uma amiga dizendo: “Amélia, você não pode perder isto. É fabuloso. Venha”. E eu fui e não paramos de conversar e de dar forma a nossos trabalhos comuns - contou Amélia.

A partir do primeiro contato, eles souberam que tinham mais em comum que apenas a língua materna e passaram a trabalhar colaborativamente. Um dos resultados dessa aproximação é a realização do festival, que passou a ser feito também no Brasil. Nessa terceira edição, Amélia e os integrantes do Música Surda voltam a se encontrar.

- Amélia me ouviu cantar em grego e ficou encantada com a coincidência. Na época, ela trabalhava em um CD em grego - explicou Andréia Pedreira, vocalista do Música Surda. - O que nos uniu foi a forma de trabalhar as músicas de maneira sutil e o cuidado com timbres.

Para conhecer conferir a programação completa do evento, basta acessar o site do Música Surda.

Música para ouvir

Nascida em Moçambique, Amélia vai aproveitar a vinda ao Brasil para fazer o lançamento do seu último CD-livro, “Periplus - deambulações luso-gregas” - desenvolvido junto com o músico, jornalista e tradutor grego Michales Loukovikas. Da parceria, nasceu um projeto que combinou língua e música portuguesa com poemas gregos:

- A primeira vez que ouvi um CD-Livro de Michales Loukovikas, apeteceu-me cantar algumas daquelas músicas. E para minha surpresa, verifiquei que, cantadas em português, algumas canções em grego poderiam ser facilmente aportuguesadas. Foi a partir daí que todo o jogo das semelhanças e diferenças culturais se desenhou - contou Amélia.

Segundo a Andréia Pedroso, é preciso uma atenção diferenciada para apreciar músicas tão ricas em sonoridades e conteúdo:

- Você tem que estar pronto para uma escuta, não é uma música para dançar. É quase um cinema: é preciso acompanhar a poesia como se fosse um filme e esperar pelo que vem a seguir- explica a cantora.

Nos projetos do Música Surda, parte das inspirações para as letras nascem da poesia. Para a música, as influências vêm de compositores como Edu Lobo, Chico Buarque e Quinga. O grupo trabalha as canções e composições à própria maneira, refinando canções com um toque especial das harmonias da bossa nova.

- Damos forma à música através de tonalidades que se misturam com compassos diferentes. É como se déssemos textura à canção. Ela sai de um plano que é único e passa a ter relevos – explica Andréia.

Para acompanhar a vocalista, os integrantes do Música Surda se revezam tocando cinco instrumentos diferentes: guitarra portuguesa, violão requinto - que tem som um pouco mais agudo -, violão de 10 cordas, de 8 e de 6 cordas. Além de músicos, eles são também estudiosos da língua portuguesa.

- O projeto nasceu e é parte de um projeto de extensão da Uerj, ligado a música e filosofia. Fazemos música e pesquisa, as duas coisas que mais gostamos - explica Andréia, - por isso mesmo, nunca conseguimos fazer um CD simples. Temos muito o que escrever e cantar.


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