RIO - Especialistas em fazer rir sem apelar para fórmulas de humor rasteiro ou escatologias, os diretores Agnès Jaoui (de “Questão de imagem”) e Philippe Le Guay (“As mulheres do sexto andar”) são os nomes de maior projeção comercial, em escopo internacional, entre os cineastas integrantes da delegação francesa que chega nesta quinta ao Rio, para a abertura do Festival Varilux. Às 20h, no Odeon, a projeção (para convidados) de “Além do arco-íris” (“Au bout du conte”), a nova comédia de Agnès, inaugura a edição carioca da mostra. Com ela e Le Guay vieram nomes de maior prestígio no cenário autoral como os diretores Danièle Thompson, Michel Leclerc e Benoît Jacquot, além dos atores Arthur Dupont e Christa Theret.
— Eu nunca sonhei em filmar em Hollywood, mas sempre sonho em ver os filmes que faço na França correrem o mundo — diz Agnès, que em 2001 concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro com “O gosto dos outros”.
Centrado na história de jovens e adultos às voltas com desilusões amorosas, “Além do arco-íris” integra uma programação, espalhada simultaneamente por 40 cidades brasileiras até o dia 16. Além dele, virão 14 exemplares inéditos da produção contemporânea de longas-metragens da França.
— O cinema francês cultiva um costume de visitar os outros países para expor a nossa diversidade temática, que vai de painéis históricos sombrios até o bom humor que eu cultivo em meus filmes. Como o cinema adulto dos EUA, a cultura cinéfila hegemônica, vem desaparecendo das telas, migrando para as séries de TV, tentamos ocupar as brechas e levar a variedade da França para circuitos todo o mundo — explica Le Guay, que no sábado, às 19h, leva ao Odeon seu novo longa: “Pedalando com Molière” (“Alceste à bicyclette”).
França chegou a 250 longas por ano
No Rio, o Festival Varilux vai até o dia 9. A partir de amanhã, além do Odeon, outras nove telas cariocas (São Luiz, Estação Ipanema, Estação Botafogo, Espaço Itaú, Barra Point, CineSystem Via Brasil, Espaço Rio Design, Cine Santa e Instituto Moreira Salles), mais o Cine Espaço São Gonçalo, estarão a serviço do evento, que chega em um momento de levante francês no circuito exibidor nacional. Pelas previsões dos exibidores, 32 longas franceses serão lançados no Brasil até o fim do ano — a safra anual de lançamentos da França aqui, entre 1990 e 2012, ficava entre 15 e 20.
— Por décadas, ficamos estacionados numa produção anual de 180 longas por ano. Na década de 1990, a imprensa francesa tratou como uma revolução um momento em que chegamos a 200 filmes anuais. Agora, o cenário é outro: fechamos 2012 com 250 longas prontos. O aumento da quantidade deu vazão à qualidade. É por isso que hoje estamos circulando mundialmente com mais vigor — diz o distribuidor Christian Boudier, curador do Varilux.
Boudier incluiu no pacote “Ferrugem e osso” (De rouille et d’os”), drama indicado à Palma de Ouro em 2012 cuja primeira sessão na mostra será amanhã, às 16h35m, no Cinesystem Via Brasil. Sucesso de bilheteria na França (1,8 milhão de espectadores), o longa de Jacques Audiard traz Marion Cotillard como uma treinadora de baleias que perde as pernas. O festival exibe ainda Juliette Binoche em “Camille Claudel 1915”, de Bruno Dumont, em sessão no sábado, às 15h, no São Luiz. No domingo, a partir das 14h, o Varilux expande seus tentáculos com uma retrospectiva de Benoît Jacquot, que lança seu novo filme, “Adeus, minha rainha”, amanhã, às 14h, no Espaço Itaú.