RIO - Previsto para estrear com 500 cópias, “Somos tão jovens”, cujo custo foi de R$ 9 milhões, foi dirigido por um cineasta que passou da fama de cult ao rótulo de maldito: Antonio Carlos da Fontoura. Sem lançar um longa há sete anos, ele já produziu shows para Chico Buarque e Os Novos Baianos, escreveu e dirigiu episódios do extinto programa “Você decide”, mas ficou marcado por seus dois primeiros longas. Já em sua estreia, Fontoura, que nasceu em São Paulo há 73 anos, mas se mudou para o Rio ainda menino, aos 10, emplacou um cult: “Copacabana me engana” (1968). Em tempos de Cinema Novo, ele revelou o ator Carlo Mossy (que viria a ser “o” galã da pornochanchada carioca) em uma crônica de costumes sobre o comportamento sexual e afetivo da cidade, com Odete Lara (sua ex-mulher) no elenco. Em seguida, Fontoura cravou um segundo sucesso, “Rainha Diaba” (1974), com Milton Gonçalves, que representou o país na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
— Embora tivesse respeito pelo filmes europeus, em moda quando comecei, sempre tive um diálogo direto com o cinema americano. Fiz “Somos tão jovens” pensando na câmera de “O casamento de Rachel”, de Jonathan Demme. No início da carreira, fiz “Rainha Diaba” inspirado por “Operação França”, de William Friedkin, e “Copacabana...” inspirado em “O milagre de Anne Sullivan”, de Arthur Penn — diz Fontoura, cujas suas escolhas seguintes não tiveram igual prestígio.
“Cordão de Ouro” (1977) naufragou na bilheteria. Já “Espelho de carne” (1984) contabilizou 800 mil pagantes, mas foi surrado pela crítica, ao mostrar Daniel Filho e Denis Carvalho em alta tensão erótica.
— Ali, eu me desencantei com cinema — admite.
Em seguida, Fontoura dedicou-se à TV. Voltou ao cinema com “Uma aventura do Zico” (1998), “O gatão de meia-idade” e “No meio da rua”, ambos em 2006.
— Filmar a história de Renato Russo me aproximou da juventude e me deu o desejo de fazer filmes de qualidade capaz de falar com multidões. Não quero gastar a vida fazendo filmes só para 50 mil espectadores — diz Fontoura. — Quero mais.