RIO - Não é todo mundo que pode se gabar de ter um retrato feito por Keith Haring. O DJ e produtor americano Justin Strauss, de 56 anos, guarda o seu com muito carinho.
— Keith adorava música. Era uma de suas maiores inspirações, e ele estava sempre dançando nos clubes onde eu tocava, como Mudd Club, Danceteria, AREA e Paradise Garage — relembra Strauss, que se apresenta amanhã em uma casa na Gamboa, como atração da festa Selvagem, da dupla homônima formada por Millos Kaiser e Trepanado. — Um dia, eu estava em seu estúdio, e ele fez o retrato. Ele era um cara muito bonito e generoso.
Strauss foi DJ do Mudd Club, em Nova York, nos anos 1980, no período em que Haring fazia a curadoria de arte do espaço. Basquiat era outro artista que costumava prestigiar seus sets.
— O Mudd Club foi como nenhum outro clube que veio depois, era totalmente original. Todos os artistas emergentes, como Basquiat, Haring e Kenny Scharf, e os já estabelecidos, como Andy Warhol, iam se jogar lá. A música refletia os tempos, uma grande mistura de funk, punk, reggae, new wave e disco.
O envolvimento de Strauss com Haring era tão forte que ele foi convidado para tocar na retrospectiva que o Brooklyn Museum fez do artista, no ano passado. Com tanto tempo de estrada, seu currículo é invejável e inclui remixes de Sinéad O’Connor, Pop Will Eat Yourself, 808 State, Fine Young Cannibals, Tina Turner, Red Hot Chili Peppers, Information Society e Duran Duran, além da produção de faixas para Depeche Mode e B-52’s.
Strauss garante estar animado com sua primeira vez no Brasil e se lembra de ter remixado uma música de Sergio Mendes em 1989, quando o brasileiro ainda não era mania entre os DJs.
— Estou sempre interessado em fazer mais coisas com música brasileira, de que eu gosto muito — completa, avisando como será seu set. — Vai ser uma mistura de música antiga a atual. Gosto desse caminho.
* Fabiano Moreira escreve na página Transcultura, publicada às sextas-feiras no Segundo Caderno