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Morre Helio Jaguaribe, intelectual e membro da ABL, aos 95 anos

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RIO — O intelectual e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Helio Jaguaribe morreu aos 95 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, segundo informou a ABL. O velório ocorrerá na quarta-feira, a partir das 10 horas, na sede da Academia. O sepultamento está previsto para o mesmo dia, às 15 horas, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Um dos principais sociólogos do país, é autor de obras como "Brasil: alternativas e saídas", " A dependência político-econômica da América Latina" e "Um estudo crítico da história". Desde 2005 Jaguaribe ocupava a Cadeira número 11 da ABL, sucedendo o economista Celso Furtado.

Recentemente, ele foi tema de um documentário produzido por sua filha, Izabel Jaguaribe (o longa segue em cartaz em uma sessão do Cine Joia, 13h). Com narração de Fernanda Montenegro, “Tudo é irrelevante” traça um perfil do escritor passando por temas como filosofia, literatura e até vinho. Ele conta com depoimentos de gente como o diplomata e filósofo Sergio Paulo Rouanet, o advogado e educador Candido Mendes, os economistas Maria da Conceição Tavares e André Lara Resende, o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o filósofo Antonio Cicero, o jornalista Zuenir Ventura e a atriz Fernanda Montenegro — esta última também narra o filme.

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CARREIRA LAUREADA

O escritor nasceu no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1923 e diplomou-se em Direito, em 1946, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Em 1952 iniciou, com um grupo de jovens cientistas sociais, um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política – IBESP. Foi diretor da revista do Instituto, Cadernos de Nosso Tempo, de grande influência acadêmica no Brasil e na América Latina.

Em 1964, depois de pública condenação do golpe militar, afastou-se do país e foi lecionar nos Estados Unidos: de 1964 a 1966, na Universidade de Harvard; de 1966 a 1967, na Universidade de Stanford; e de 1968 a 1969, no MIT – Massachusetts Institute of Tecnology.

O cientista político foi um dos fundadores do PSDB, em 1988, e teve uma rápida passagem no governo de Fernando Collor como ministro de Ciência e Tecnologia.

Helio Jaguaribe recebeu importantes títulos ao longo da carreira. Em 1996 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Já em 1999, o Ministério da Cultura conferiu-lhe, por sua contribuição ao desenvolvimento cultural do país, a Ordem do Mérito Cultural.

Por sua contribuição às ciências sociais, aos estudos latino-americanos e à análise das Relações Internacionais, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, RFA (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992); da Universidade de Buenos Aires (em 2001).

AMOR PELA FILOSOFIA

Jaguaribe costumava dizer que, embora a parte mais importante de sua obra publicada fosse das áreas da Ciência Política e da Sociologia, ele me considerava, predominantemente, um filósofo. Na última etapa da vida, dedicou-se a escrever sobre o tema, em reflexões que deram origem ao livro "O posto do homem no cosmos" (Paz e Terra, 2006).


Fotonovela com Alexandre Nero estreia nesta segunda no Instagram

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RIO — O frenético Centro de São Paulo, com seus andarilhos, mendigos, poetas, inferninhos e prostitutas, além de personagens míticos como um Minotauro, é o centro das atenções da fotonovela "Casacaixa", feita para o Instagram. No elenco, nomes como Alexandre Nero, Sergio Guizé, Milhem Cortaz, Isabel Wilker e Mel Lisboa. A estreia é nesta segunda-feira (10) às 22h.

— A ideia é resultado de duas vontades: contar uma história que se passasse numa única noite nas ruas de São Paulo e que esta narrativa tivesse personagens com uma dimensão meio mágica, aquela noite de que você se lembra dias depois e pensa: "Cara, que noite foi essa?", a partir das pessoas com quem se encontrou. Uma aventura tipicamente paulistana mas com aspecto fantástico — explica o diretor Ravel Cabral.

1 painel nero.jpegAlexandre Nero vive um poeta andarilho que tenta ajudar o Minotauro, interpretado por Guizé, a se encontrar nesse grande labirinto que é a cidade de São Paulo. Mel Lisboa interpreta a Musa Augusta. O formato, segundo Cabral, nasceu da vontade de explorar o potencial do Instagram como veículo de narrativa.

— Tem a coisa das imagens e das pessoas estarem envolvidas com elas todos os dias, o tempo todo. O Instagram é o queijo e a faca na mão para quem quer executar um trabalho linear. É hoje a rede mais importante na medida em que a relação que se estabelece com ela é imediata, uma ferramenta visual com inúmeras possibilidades, mas que ainda não foi explorada como um veículo de storytelling. O Facebook, por exemplo, deixou de ser o lugar do entretenimento — diz.

Em 16 capítulos, a fotonovela será exibida diariamente, durante duas semanas, no perfil da plataforma @vuhaofficial no Instagram. O elenco tem também Marina Dias, Aline Filócomo, Fernanda Stefanski, Fernanda Souto, José Trassi, Sofia Botelho e Fernando Fecchio.

3 painel guize.jpegCINEMA, HQS E JORGE LUIS BORGES

Ravel Cabral idealizou a fotonovela junto com Sergio Guizé, em 2009, numa época em que nem existia Instagram.

— A gente trabalhava junto numa peça e vivia muito a noite paulistana. Era para sair impresso numa revista, mas engavetamos o projeto. No ano passado, revendo alguns trabalhos, decidi retomar a "Casacaixa", desta vez pensando na internet — detalha Ravel Cabral.

5 painel milhem.jpegAs fotos foram feitas por ele numa única noite na Rua Augusta, em julho, sando um iPhone 8S, com a proposta de realçar as características estéticas do próprio smartphone. Ou seja, um projeto feito com celular para ser consumido no próprio celular.

— O smartphone e a internet como ferramentas de criação e fantasia me impressionam muito, assim como o papel, a caneta, a máquina fotográfica.

A inspiração, ele conta, veio da mistura de cinema com HQs e a literatura de Jorge Luis Borges, "autor deste tipo de conto em que a realidade rapidamente se transforma em algo fantástico".

— É muito desafiiador e excitante porque, em minha pesquisa, não encontrei nada igual no Brasil, talvez seja a primeira investida nesse formato — aposta. — Em algum momento na vida todos nós temos que passar por uma jornada noite adentro. É esse o sentimento.

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"CASACAIXA"

Onde: @vuhaofficial

Quando: Diariamente, às 22h. Estreia nesta segunda-feira (10).

Quem dirige: Ravel Cabral.

Quem atua: Alexandre Nero (Poeta), Sergio Guizé (Minotauro), Mel Lisboa (Augusta), Isabel Wilker (Alice), Marina Dias (Hostess do Inferno), Milhem Cortaz (Cérbero), Aline Filócomo, Fernanda Stefanski e Fernanda Souto (as Fellinianas) e José Trassi, Sofia Botelho e Fernando Fecchio (Coro).

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Sem pista para o Oscar, Toronto tem 'Halloween' como filme mais concorrido

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TORONTO - Mesmo após duas aguardadas estreias mundiais — "As viúvas", de Steve McQueen, que chega aos cinemas brasileiros no dia 29 de novembro, e "If Beale street could talk", de Barry Jenkins, ainda sem distribuição no Brasil — o primeiro fim de semana do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) não ofereceu pistas definitivas sobre a corrida à estatueta mais disputada da temporada de premiações do cinema mundial.

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Os dois filmes foram aplaudidos nas sessões de gala, mas não se tornaram unanimidade entre os oscarólogos. Seguem favoritos o grande vencedor do Festival de Veneza, o autoral "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón e da Netflix, na programação do TIFF nesta segunda-feira, e a reinvenção de "Nasce uma estrela", com Lady Gaga no papel que já foi de Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisand. O musical, que gerou comoção entre os fãs da pop star nas ruas da maior cidade canadense, estreia no Brasil no dia 11 de outubro.

— Meu sonho era ser atriz, mas como não consegui, decidi começar a cantar — disse Gaga, na conversa com a imprensa.

Pois ela agora pode ir além deste sonho. Pule de dez para uma indicação de melhor atriz no Oscar, ela terá de brigar, se os ventos de Toronto estiverem soprando na direção certa, com Viola Davis, Regina King, Julia Roberts e Nicole Kidman.

Viola é a protagonista de "As viúvas". Steve McQueen mira sua câmera desta vez no submundo de Chicago, com muitas cenas de violência e mulheres decididas a vingar a morte de seus maridos em uma ação criminosa malsucedida. Regina se destaca no confuso "If Beale street could talk", adaptação do livro de James Baldiwn pelo diretor de "Moonlight". Ela vive uma mãe decidida a provar que o futuro genro não cometeu um crime hediondo. Roberts também causou grande impressão, no papel de mãe que luta pela sobrevivência do filho dependente químico, no drama "Ben is back". E Nicole se transforma de forma impressionante no desigual "Destroyer", em que vive uma detetive atormentada.

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O ingresso mais concorrido do festival até agora, no entanto, foi o de "Halloween", 40 anos depois de Michael Myers ter aparecido pela primeira vez na telona. Com uma inspirada Jamie Lee Curtis e uma única sessão à meia-noite, o longa fez a alegria dos adeptos do gênero slasher. Em uma das primeiras cenas do filme, um personagem brinca, à sério, com o desafio central da nova encarnação de "Halloween": "Mas a esta altura do campeonato alguém ainda se assusta com um homem zanzando por aí com uma faca na mão?". Pois é. O novo "Halloween" chega aos cinemas no dia 25 de outubro. O TIFF segue até domingo.

* Eduardo Graça de hospedou a convite do TIFF

Crítica: Lenny Kravitz mostra em novo disco que não perdeu a mão para a canção

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RIO - Lenny Kravitz tinha acabado de encerrar mais uma de suas turnês mundiais quando, com todo o tempo do mundo à disposição, viu-se diante de um dos maiores terrores que um artista pode esperar encontrar: o bloqueio criativo. “Raise vibration”, seu 11º álbum de inéditas, é o resultado do processo que começou numa madrugada em que acordou com uma música na cabeça: o da volta da musa, aquela mesma que lhe soprou algumas de suas melhores canções.

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Surgido há quase 30 anos com o álbum “Let love rule” (de 1989), o artista americano, mestiço tanto de DNA (ele é filho de judeu e negra) quanto de música, continua firme com as misturas: “Raise vibration” se move entre o r&b e o hard rock, num culto a sonoridades passadas que remontam, no máximo, aos anos 1980.

Assim como em “Mama said” (1991), seu segundo álbum, que ao fazer muito sucesso legitimou toda uma onda de músicos retrô, o novo trabalho de Lenny Kravitz vive num tempo próprio. Nele, o artista pode se dar ao luxo de ser otimista — e um tanto ingênuo por vezes — e de tentar aperfeiçoar uma música que, em sua origem, já era quase perfeita.

Lenny Kravitz - Low (Official Video)

“Low”, single lançado antes do álbum, é talvez o melhor exemplo do que Lenny busca: uma daquelas canções (de Prince, talvez) que é puro sexo — um funk com falsete e cuíca, adornada por detalhes de sopros e de baixo synth. É a gema do lado mais marcadamente black do disco, que ainda tem o contagiante funk “Majesty of love” (com guitarra wah-wah e uma parte flagrantemente Michael Jackson, caprichada nos vocais) e “Who really are the monsters”, faixa com pegada eletro dos anos 1980, bateria programada e um bocado de crítica política.

Como bom disco de Lenny Kravitz, “Raise vibration” tem sua porção mais hard rock, presente na abertura, “We can get it all together”, e na faixa-título, que é simples, setentista e com um batuque ao fim, que é meio que como uma invocação por tempos de mais concórdia. O rock, só que em versão mais leve e alegre, volta com “5 more days til summer”, desencanada canção vestida de castanholas e coro de cheerleaders.

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Outro dos pontos altos do disco vem do departamento balada. Em “Johnny Cash”, Lenny Kravitz ataca de violão, piano elétrico e guitarra slide, como manda o figurino, para mandar a sua mensagem triste e romântica: “Abrace-me como Johnny Cash/ quando eu perdi minha mãe/ sussurre ao meu ouvido/ assim como June Carter”. Por outro lado, “Here to love”, a balada, desta vez com coro gospel, serve para pedir união: “Pense duas vezes antes de jogar uma pedra na alma de alguém.” Espiritual, “Gold dust”, por sua vez, prega “o maior amor de todos” . E “It’s enough”, no clima dos clássicos de Curtis Mayfield, lembra das guerras no Oriente Médio e do sistema “em que você não pode confiar”, mas com a certeza de que tudo vai melhorar.

Eterno hippie, Lenny Kravitz pode estar um tanto desconectado do seu tempo e da situação de seu país — que é cantada com muito mais argúcia por rappers como Kendrick Lamar — mas continua sabendo como se deve fazer e vestir uma canção.

Cotação: Bom

Lenny Kravitz, Raise Vibration

'O livro não é tribunal', diz autor de obra que inspirou filme sobre Tancredo

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'O paciente' revela bastidores do drama médico de Tancredo Neves

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Jodie Foster: ‘Cresci no cinema cercada por homens. Cota neles!’

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RIO — Jodie Foster é o que há de melhor no thriller de ficção científica “Hotel Artemis”, a partir de quinta nos cinemas. Cinco anos depois de “Elysium”, a atriz de 55 anos, que tem duas estatuetas do Oscar em casa (por “Acusados”, em 1989, e “O silêncio dos inocentes”, em 1992), volta a aparecer à frente das câmeras. Ela agora encarna uma personagem conhecida apenas como “a Enfermeira” — uma mulher acima do peso, que bebe mais do que devia, está sempre com os cabelos desgrenhados, é avessa a maquiagem e anda mancando.

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Veneza: 'Roma', do mexicano Alfonso Cuarón, é o grande vencedor do festival

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A ação se dá em 2028, em Los Angeles, em um futuro distópico, com muita violência e a população irada nas ruas em protesto pela privatização da distribuição de água na cidade. Jodie comanda o misterioso hospital com nome de hotel que dá título ao filme, na primeira aventura na direção do roteirista e produtor britânico Drew Pearce (que escreveu “Homem de Ferro 3”).

Liberdade, liberdade

Já fiz de um tudo

Minha prioridade é, hoje, dirigir. Comecei a trabalhar como atriz aos três anos. Adolescente, já era uma veterana da indústria em “Taxi driver” (quando recebeu sua primeira indicação ao Oscar, em 1977). Nunca fiz nada por tanto tempo em minha vida e não comecei subitamente a sentir falta de atuar (risos).

Posso fazer agora qualquer coisa, uma ponta numa série de TV, um especial de três minutos que só vai pro seu smartphone, e estou feliz com isso. Não preciso mais provar nada pra ninguém. Hotel Artemis (2018) Trailer Legendado

A médica e o monstro

Mudança radical

Topei fazer “Hotel Artemis” porque seria uma enorme transformação física para mim, não há glamour algum na Enfermeira. Queria que as pessoas me vissem como nunca antes, ou não faria muito sentido para mim, a esta altura do campeonato, entrar em campo.

Mas sabe que tive de brigar pelo papel e por fazer do jeito que eu queria? Teve um “peraí um minuto, como assim a protagonista será a Jodie, mas tão diferente dela?”. Mas não dava para falar da vida da Enfermeira sem mostrar no corpo dela o drama que vivia. Tinha que ser daquele jeito.

Pelas cotas

Hollywood mudou, mas nem tanto

Quando era criança, não havia mulheres no comando no cinema. Zero. Havia uma maquiadora aqui, uma roteirista acolá. Cresci cercada por um bando de homens. Aquela foi minha escola de cinema e minha família também, e vi as coisas mudando aos poucos em quase todas as áreas, menos na direção. A diversidade faz, em geral, a experiência artística ficar mais rica. A experiência de uma mulher negra, por exemplo, não precisa ser retratada apenas em filmes sobre a escravidão

A falta de equivalência é muito mais gritante no comando. Sou a favor das cotas, como já acontece na Europa. Sabe por que não há mulheres dirigindo filmes com orçamento de US$ 150 milhões? Porque não foram contratadas mulheres para dirigir os de US$ 5 milhões. O problema é sistêmico. Cota neles!

Todo mundo aqui agora

Diversidade normalizada

As pessoas elogiam a diversidade do elenco do filme (que conta, entre outros, com Sterling Brown, negro, Sofia Boutella, de origem norte-africana e Zachary Quinto, gay). Se você vive em Nova York ou Los Angeles, por exemplo, é assim. Tem gente de todo tipo, cores, identidades, vivendo junto. Nossa visão para o futuro é essa, tem lógica.

A diversidade faz, em geral, a experiência artística ficar mais rica. E digo isso passando longe dos estereótipos. A experiência de uma mulher negra, por exemplo, não precisa ser retratada apenas em filmes sobre a escravidão. Ela está num voo em um avião, na loja de departamento, passando férias em algum lugar distante, chocada com a violência provocada por um gângster branco.

Mãe-coragem

Os meninos

Adoro ter dois filhos (com sua ex-mulher Cydney Bernard, de quem se separou em 2008) e poder observá-los crescer. Tenho uma relação muito boa, acho, com os dois. E eles me ajudam a entender melhor os homens.

Não por acaso, o primeiro filme que dirigi, “Mentes que brilham” (1991), é sobre a relação de uma mãe solteira com um filho. Há algo de especial, de único, quase romântico, nesta conexão. Aquela criança que você carrega no colo é o mesmo homem de dois metros de altura que vai cuidar de você um dia. É óbvio isso, mas profundamente delicado também.

Meu mais velho, Charlie, tem 20 anos e está na faculdade; o mais novo, Christopher, 16. Ou seja, já não há mais muito o que eu possa fazer na criação deles. Agora é com a vida mesmo.

Crítica: Guinga e Mirabassi, o encontro raro de dois virtuoses

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Rio - Já se contavam 14 anos do primeiro encontro em disco de Guinga com o clarinetista Gabriele Mirabassi. Desde “Graffiando vento”, de 2004, ecoava a pergunta sobre o porquê de tamanho jejum fonográfico do duo. Agora, com “Passos e assovio” (Acoustic Music Records), a resposta é cristalina. O raro só é raro porque não acontece a toda hora.

A reunião de Guinga com Mirabassi é da ordem das raridades. Primeiro, pelo compositor carioca ser daqueles poucos a conseguir chegar com sua obra à complexa equação entre simplicidade e densidade. Ouvir sua música é como ler um romance de Guimarães Rosa ou recitar um poema de Manoel de Barros. Segundo, porque o clarinetista italiano está entre os maiores do mundo em seu instrumento. Assumiu este lugar não só pelo virtuosismo e por seus improvisos de bom gosto, mas, sobretudo, pela maneira límpida e impecável com que emite o som de sua clarineta.

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Além disso — em pé de igualdade com o violonista Marcus Tardelli —, Mirabassi é quem melhor compreendeu a essência das criações de Guinga. O que não é pouco para quem já teve suas composições apresentadas por gente como Elis Regina, Clara Nunes, Hamilton de Holanda e Mônica Salmaso.

Se as interpretações das músicas dos discos mais recentes de Guinga feitos pelo selo alemão Acoustic Music Records (“Roendopinho” e “Canção da impermanência”) passam a impressão de que poderiam ter esperado um pouco mais para chegar a seu ponto de maturação, “Passos e assovio” nasce irretocavelmente maduro.

O fato de o repertório ter poucas inéditas não traz prejuízos. Regravadas pela dupla, as músicas soam como novas. Valsas como “Passos e assovio” (já interpretada por Michel Legrand), “Odalisca” (feita com Aldir Blanc e desencravada do primeiro álbum de Guinga) e “Igreja da Penha” ganham outros significados. Assim como recebem frescor o choro “Cheio de dedos”, a modinha “Noturna”, o baião “Nítido e obscuro” e “Bolero de Satã” (com letra de Paulo César Pinheiro, eternizada por Elis e Cauby nos anos 1970).

Inéditas são duas: o doce acalanto “Melo baloeiro”, parceria com Anna Paes feita para o artista plástico Mello Menezes, apaixonado por balões e responsável pela arte das capas dos dois primeiros discos de Guinga; e a única cantada (destaque do disco), “Tangará”, encomenda para o próximo álbum de Sergio Mendes. Há ainda “Ellingtoniana” e “Tom e Vinicius” — na linha de tributos que Guinga já havia feito, como “Pucciana”, “Despedida de Garoto”, “São Dorival” e “Chá de panela” (para Hermeto Pascoal).

O tempo se encarregará de mostrar que um disco de Guinga tem a mesma dimensão de um trabalho dos homenageados Duke Ellington, Puccini, Tom Jobim, Vinicius, Caymmi, Ernesto Nazareth e Garoto. O álbum com Mirabassi é atemporal; poderia ser de 1954, 2018 ou 2062, com a virtude de soar moderno em qualquer época.


Velório de Mr. Catra no Rio vai de cantoria gospel a baile funk

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RIO — Com a presença de alguns dos muitos familiares e amigos que acumulou em 49 anos de vida, Mr. Catra foi velado na noite desta segunda-feira, no Teatro João Caetano, no Centro. O corpo chegou por volta das 21h20, vindo de São Paulo, onde o funkeiro morreu por decorrência de um câncer gástrico.

ARTIGO: Catra é nosso Pai, por Dennis

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'Catra representava coisas essenciais do ethos das periferias', diz Caetano

ANÁLISE: Mr. Catra foi a maior figura dos primeiros 30 anos do funk carioca

No início da cerimônia — que terminou com baile funk —, uma roda de oração com cânticos gospel foi formada ao redor do caixão de Catra. Segundo Sheila Silva, primeira mulher do músico, o cantor e compositor "aceitou Jesus no leito da morte". Outros presentes também pediram a palavra para compartilhar testemunhos.

Sheila estava acompanhada por Augusto César, um dos dois filhos que teve com Catra (ele é pai de 32, de diferentes mulheres).

— Era uma ótima pessoa, uma paizão, ajudava todo mundo. Vocês não têm noção do que ele era. Era um homem que ajudava qualquer pessoa que aparecesse — exaltou Sheila, que passou cerca de 15 anos com Catra, mas teve que "sair da vida dele porque não ia aguentar vê-lo com muitas mulheres".78800987_RI Rio de Janeiro RJ 10 - 09 - 2018 - Velório de Mr Catra no Teatro João Caetano no Centro.jpg

Silvia Regina Alves preferiu não sair. Foi companheira de Catra por 20 anos (metade de seus 40), teve cinco filhos com ele e cuida dos demais como se fossem dela. Ela e os rebentos vieram de São Paulo, de ônibus, acompanhando o caixão, que foi transportado por uma van.

— Imagina você chegar em casa e falar para 28 que o pai não vai estar mais? O Negão nunca teve medo da morte, enfrentava essa doença maldita como um leão, como ele mesmo dizia. Nunca se deixou abater — contou Silvia, que vai assumir a responsabilidade de cuidar da prole. — Ele deixou um pilar aqui, uma rocha. E estou preparada para o que der e vier.

Mais velho dos 32 filhos do músico, Alan Domingues, de 27 anos, estava com o pai no hospital no domingo, pouco antes de sua morte.

— Ele falava que estava tudo bem, que ia sair dessa, sentia falta de estar em casa, com os filhos, de fazer shows... Estamos sem chão, mas fica o carinho, o amor, o respeito e aprendizados. Ele era um super paizão — reforçou.

O rapper Marcelo D2 contou que conheceu Catra em 1991. Os dois nasceram na mesma data (5 de novembro) e comemoraram mais de dez aniversários juntos. D2 falou com o amigo na última sexta-feira, através de uma ligação por vídeo direto do Hospital do Coração, onde o funkeiro estava internado.78801039_RI Rio de Janeiro RJ 10 - 09 - 2018 - Velório de Mr Catra no Teatro João Caetano no Centro.jpg

— Ele já estava fraco, a família sofrendo, talvez tenha sido melhor descansar. Catra foi um cara super do bem, resolvido com as coisas dele. Cresceu no meio do funk, era respeitado pelo rap, pelo samba, por todo mundo. Uma fonte de luz gigante — lembrou D2, emocionado.

Mãe e filho, Verônica e Jonathan Costa também marcaram presença na despedida. A vereadora foi às lágrimas diversas vezes ao lembrar do amigo.

— O funk hoje está chorando. Lembro do Catra na Via Show, nos bailes, cantando, sempre engraçado. Ele venceu barreiras, era um representante da esperança — exaltou a Mãe Loira do Funk.

Também funkeiro, Jonathan conhece Catra desde pequeno. Ele fez questão de reforçar a importância do carioca para além do gênero que o consagrou:

— Catra não foi só importante para o funk, foi para a música. O primeiro funkeiro que rodou todos os ritmos musicais, respeitado da MPB ao rock. Nunca deixou de ser quem ele é. Catra é único e vai continuar sendo único mesmo depois da morte, porque ele se eternizou com suas palavras, seus feitos e sua música.WhatsApp Image 2018-09-11 at 00.10.49.jpeg

Perto da meia-noite de terça-feira, os presentes que ainda permaneciam no João Caetano se direcionaram para o Largo São Francisco de Paula, vizinho ao teatro, onde foi organizado um baile funk com os clássicos de Catra. Batizada de "Baile do Negão", a festa teve estrutura de som montada pela equipe que trabalhava com o funkeiro e cerveja.

Um dos presentes ao baile era o DJ e produtor Dennis, parceiro de Catra em diversos hits, incluindo "Adultério" e "Soltinha". Para ele, um velório que termina ao som de tamborzão era exatamente o que o amigo iria querer se pudesse escolher:

— Isso é o que ele mais amava fazer. Meu sentimento é de gratidão. No funk, vai ser difícil ter um cara como ele. Teve uma chavinha que foi virada: antes e depois do Catra.

Wagner Domingues Costa, o Mr. Catra, será enterrado na manhã de terça, às 10h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.

Começam as filmagens do longa-metragem 'Downton Abbey'

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RIO — O filme inspirado na série "Downton Abbey", maior sucesso recente da televisão britânica, já começou a ser rodado e teve sua primeira imagem de bastidor divulgada. A atriz Michelle Dockery, que vive Lady Mary, publicou em seu Instagram uma foto em preto e branco das filmagens da produção.

Insta Downton Abbey

O spin-off para as telonas contará com o elenco principal do programa aclamado pela crítica. Atuam no longa, além de Michelle Dockery, a atriz Maggie Smith, Laura Carmichael e Elizabeth McGovern. Além do elenco original, também estão escalados a indicada ao Oscar Imelda Staunton, Geraldine James, David Haig, entre outros.

Criador de 'Downton Abbey' lista seus momentos favoritos da série

Quem também vem da série para o filme é seu criador e roterista, Julian Fellowes, que levou o Emmy de Melhor Minissérie em 2010. Ele produzirá a atração ao lado de Gareth Neame e Liz Trubridge. A direção é de Michael Engler.

Na série de televisão, o drama histórico "Downton Abbey" acompanhou a vida da família Crawley e seus criados na virada do século XX, durante o período eduardiano no Reino Unido. Já para o filme, ainda não há detalhes sobre a história divulgados.

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Embora nada tenha sido revelado sobre o enredo, a expectativa dos fãs é de que o filme se passe em 1926, no ponto em que a série foi encerrada. Sucesso no outro lado do Atlântico, o último episódio da série foi assistido por quase 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos. No Reino Unido, foram 7,4 milhões. No ar entre 2011 e 2015, “Downton Abbey” permanece a produção mais conhecida no exterior do canal britânico ITV.

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Corpo de Mr. Catra é sepultado no Rio na presença de famosos, amigos e parentes

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ENTERRO-MR-catra.jpgRIO — O enterro de Mr. Catra se transformou num baile funk com pancadões de tristeza, nesta terça-feira. Parentes, amigos e artistas se despediram do cantor no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, cantando funks do artista como "O simpático". Cerca de 500 pessoas se reuniram para o último adeus ao cantor, que morreu no último domingo em São Paulo em decorrência de um câncer gástrico.

Além dos funks, acompanhados por instrumentos de percussão, os presentes na despedida carioca entoaram canções gospel. Em outro momento, amigos lembraram que o artista, judeu convertido, morreu no dia do ano novo judaico. No local do sepultamento, um pastor evangélico frisou que o artista ajudou a construir uma igreja em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. Catra é um funkeiro ecumênico.

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DJ Marlboro, que descobriu o talento do cantor e o lançou, relembrou o que chamou atenção no músico:

— Na época, era Dr. Rocha e Mr. Catra. A primeira música que lançamos dele foi em 1995. Ele tinha uma personalidade ímpar. Ele assumia e era o que era. Tinha uma liberdade de ser o que queria ser. Isso era admirável. Ele se foi novo. Tinha muito para contribuir com o funk. Ele tinha um discurso de empoderamento, da forma dele, de como ele acreditava. As pessoas viam o Catra brincalhão, mas ele tinha algo de família, de generosidade, muito grande. Ele era autêntico, verdadeiro e generoso.

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Doca, que fez parte da dupla Cidinho e Doca, avaliou a contribuição do artista para o funk. O cantor e a dupla gravaram canções de improvisação e cantaram juntos em bailes da Zona Norte do Rio de Janeiro.

— Ele é o pai do funk. Ele não chegou na primeira geração nossa, mas mudou a história do estilo musical. Nos conhecemos no Morro do Borel. Na época, ele estava com os hip hops dele e tal, e firmamos um elo de irmandade. Num dos primeiros shows, fomos nós que o puxamos para cima do palco. Ele cantou o "Rap da Felicidade". Ele falava do quanto o movimento funk precisava se unir porque a gente apanhava muito — disse Doca, que não conteve as lágrimas ao lembrar das críticas.

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Jojo Todynho, que gravou um clipe com Mr. Catra no primeiro semestre, também mostrou comoção ao se despedir do artista:

— Estivemos juntos na gravação do vídeo da música "Fã do rabetão" uns meses atrás. Ele era uma pessoa maravilhosa. Quando o vi, ele estava se tratando. Quando fiquei doente, com febre, ele me ligou preocupado porque não fui para São Paulo. Ele dizia: "Filha, fica bem. Qualquer coisa, Paizão está aí". Ele sempre acreditou que ia ficar bem. Mas ele encontrou a glória.

Romulo Costa, criador da Furacão 2000, falou sobre a referência do cantor para outros artistas:

— Ele vai deixar um legado e uma saudade muito grandes. Havia uma geração que se inspirava nele. Era nosso intelectual do funk. Em todas as brigas e em todas as guerras, se a discussão era o funk, ele estava lá para defender. Viveu intensamente os 49 anos de vida. Tem 30 filhos, dois adotados. Ele particiou do DVD da Furacão 2000 e vai deixar uma lembrança muito grande.

Mostra 'Todos podem ser Frida' tem abertura adiada pela prefeitura de Votuporanga

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RIO — A exposição "Todos podem ser Frida", prevista para abrir no último sábado (8) no Festival Literário de Votuporanga (Fliv), foi cancelada pela prefeitura do município que fica no interior de São Paulo.

A mostra idealizada pela fotógrafa Camila Fontenele é composta por retratos de pessoas caracterizadas como a artista plástica Frida Kahlo. Além disso, permite ao público que se fantasie com adereços representativos da mexicana.

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Em nota publicada em seu site, a secretaria de Cultura e Turismo da cidade informa que seu prefeito, João Dado, recebeu "inúmeros pedidos de pessoas da comunidade questionando sobre o objetivo da exposição durante o Fliv e sobre o local e momento em que seria montada".

De acordo com a nota "famílias, líderes religiosos e vereadores solicitaram que as imagens não fossem exibidas durante o evento". Ainda segundo a prefeitura, a exposição estaria num local de livre acesso, e o evento teria crianças como público majoritário.

A exposição faz parte do Museu da Diversidade, projeto criado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Em seu Facebook, o Museu publicou uma nota lamentando a decisão da prefeitura de Votuporanga.

Museu da Diversidade

No ano passado, o fechamento da exposição "Queermuseu", em Porto Alegre, acusada de desrespeitar símbolos religiosos e promover “pedofilia e zoofilia”, provocou um grande debate nacional sobre censura à arte.

Há três semanas, após uma negativa da prefeitura do Rio, a "Queermuseu" foi finalmente aberta na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage.

CRÍTICA: Falta ‘queer’ em ‘Queermuseu’

ENTENDA:Afinal, o que é a exposição 'Queermuseu'

A prefeitura de Votuporanga informou por meio em sua nota no site que a exposição está sendo reagendada, com previsão para abrir em dezembro. No sábado, após o cancelamento, cerca de 30 pessoas protestaram contra a decisão do prefeito de retirar a mostra da programação da Fliv, segundo noticiou o "G1".

As imagens do projeto "Todos podem ser Frida" podem ser conferidas na página oficial da mostra.

Menina de 11 anos receberá doação de córneas de Mr. Catra

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me-catra.jpgRIO — Mr. Catra já havia declarado, em vida, ser doador de órgãos. Agora, após a morte do cantor, neste domingo, a família confirmou a opção e uma menina de 11 anos receberá as córneas do artista. A informação sobre o transplante foi dada nesta terça-feira, durante o enterro de Catra, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.

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O músico, que tem o nome de batismo Wagner Domingues Costa, estava internado Hospital do Coração (HCor), na capital paulista, e deixou três viúvas e 32 filhos. Antes da morte, o artista já havia afirmado ser doador, mas como a morte foi por falência múltipla dos órgãos, apenas as córneas poderão ser transplantadas.

LEIA TAMBÉM: Artigo: Catra é nosso Pai, por Dennis

Mr. Catra foi diagnosticado com um câncer gástrico em 2017. O diagnóstico fez o cantor tentar eliminar o hábito de fumar e reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas. No último ano, o artista emagreceu mais de 30kg e, debilitado no último mês, não resistiu à doença.

LEIA MAIS: Fluente em cinco idiomas, Mr. Catra era craque em frases de efeito

Mr. Catra: um adeus tão acolhedor quanto ele foi em vida

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'Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema', diz Cacá Diegues sobre aposta brasileira ao Oscar

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RIO — O cineasta e novo imortal da ABL Cacá Diegues recebeu com surpresa a escolha de seu filme "O Grande Circo Místico" para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019.

— Ainda nem realizei direito — afirmou o diretor e colunista do GLOBO — Fico muito feliz, e, é claro, com vontade de ganhar.

LEIA MAIS: Em entrevista, Cacá Diegues fala sobre novo filme e defende o streaming

Primeiro longa-metragem de ficção de Cacá Diegues desde “O maior amor do mundo” (2006), “O Grande Circo Místico” fez sua estreia mundial no Festival de Cannes este ano. Para Diegues, a produção condensa toda uma vida dedicada a sétima arte.

— Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema. Nunca fiz algo que reproduzisse tão bem minha visão cinematográfica — diz.

Trailer o grande circo mistico

O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, após a reunião da Comissão Especial de Seleção, formada por nomes indicados pela Academia Brasileira de Cinema. Para Diegues, "O Grande Circo Místico" contesta uma "tendência realista" do cinema contemporâneo, mesmo que dialogue com temas atuais.

— É um filme que faz você sonhar, ao mesmo tempo que fala das coisas de hoje em dia sem nenhuma demagogia ou piedade — conta Diegues.

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O diretor destacou ainda o alto nível de todas produções que concorreram na seleção. Segundo Diegues, qualquer um dos 22 concorrentes representaria bem o Brasil na disputa ao Oscar.

— Acho que o cinema brasileiro está num momento muito bom, de grande diversidade. Essa lista representa muito bem a diversidade de situações e ideias, além da qualidade da atual produção nacional. Mais um motivo para eu me orgulhar em ter sido escolhido — afirma o cineasta.

“O Grande Circo Místico” está previsto para estrear nos cinemas em novembro. O elenco conta com Jesuita Barbosa, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes e Vincent Cassel.


'O Grande Circo Místico', de Cacá Diegues, é a aposta do Brasil ao Oscar 2019

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SÃO PAULO — O filme "O Grande Circo Místico", de Cacá Diegues, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, após a reunião da Comissão Especial de Seleção, formada por nomes indicados pela Academia Brasileira de Cinema.

LEIA TAMBÉM: 'Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema', diz Cacá Diegues

Academia de Hollywood adia inclusão do Oscar de 'filme popular'

Presidida pela produtora Lucy Barreto, a comissão é formada pela atriz Bárbara Paz, pelo produtor Flavio Tambellini, pelos diretores Jeferson De e Hsu Chien Hsin e pelas produtoras Katia Adler e Claudia da Natividade. Embora tenha se declarado impedido de presidir a comissão, o presidente da Academia, Jorge Peregrino, também esteve presente.

— Foi uma discussão de duas horas, com filmes muito interessantes, mas finalmente chegamos a uma conclusão. O mundo precisa de um pouco de poesia e magia, e o filme do Cacá vai fazer isso muito bem — disse Lucy Barreto.

Por decisão do Ministério da Cultura, em 2018, a Academia tornou-se a responsável por escolher o representante brasileiro no Oscar. Antes, a tarefa era da Secretaria do Audiovisual. Frederico Maia Mascarenhas, da secretaria, representou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que não compareceu.

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— Nem tudo foi unanimidade. Teve muita discussão até chegarmos a cinco filmes, que foram debatidos com muita harmonia — argumentou Bárbara Paz.

LEIA AINDA: 'O Grande Circo Mágico' faz estreia mundial em Cannes

Em entrevista, Cacá Diegues fala sobre novo filme e defende o streaming

De fato, houve debates acalorados segundo membros da comissão que preferem não se identificar. Eles contam que, de início, foi votada uma pré-lista de cinco filmes ("Aos teus olhos", de Carolina Jabor, "Ferrugem", de Aly Muritiba, "Benzinho", de Gustavo Pizzi e "Ex-pajé", de Luiz Bolognesi, além de "O Grande Circo Místico"). Em seguida, reduziram a lista aos três últimos, até baterem o martelo pelo filme de Cacá.

Dos 22 longas brasileiros que entraram na disputa este ano, nove são dirigidos por mulheres, um percentual de 40,9%. Em 2017, dos 23 longas selecionados, quatro tiveram mulheres na direção.

— Tivemos uma produção muito rica. Muitos filmes que passaram por festivais internacionais. Isso tornou a nossa escolha mais difícil! — explicou Jeferson De.

Pelas regras da Academia, os filmes inscritos têm que chegar ao circuito até setembro. "O Grande Circo Místico" só estreia em novembro, mas o filme de Cacá Diegues será exibido durante uma semana em Macaé, ainda neste mês, para cumprir a regra.

Para ajudar na promoção do filme no exterior, a Secretaria do Audiovisual fará um aporte de R$ 200 mil.

Cacá Diegues será homenageado no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, que acontece de 14 a 23 de setembro.

REPRESENTANTES BRASILEIROS NA DISPUTA DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Dirigido por Anselmo Duarte (1920-2009), "O pagador de promessas” foi o primeiro fillme brasileiro a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1963 – e perdeu para uma produção francesa, “Sempre aos domingos”. A segunda indicação do Brasil aconteceu mais de três décadas depois, em 1996, com “O quatrilho”, de Fábio Barreto.

VEJA A LISTA COMPLETA DE CONCORRENTES:

"O Grande Circo Místico", de Cacá Diegues

O filme conta a história de cinco gerações de uma mesma família proprietária do circo. Da inauguração do Grande Circo Místico em 1910 até os dias de hoje, o público vai acompanhar, com a ajuda de Celavi, mestre de cerimônias que nunca envelhece, as aventuras e amores da família Kieps, do seu auge a sua decadência, até o surpreendente final. Um filme que mescla realidade com fantasia em um universo místico.

"O Caso do Homem Errado", de Camila de Moraes

O documentário conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar, nos anos 1980, em Porto Alegre. O crime ganhou notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital. Além do caso que dá título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras provocadas pela polícia no país.

"O desmonte do Monte", de Sinai Sganzerla

O documentário aborda a história do Morro do Castelo, seu desmonte e arrastamento. O Morro do Castelo, conhecido como "Colina Sagrada", foi escolhido pelos colonizadores portugueses para ser o local das primeiras moradias e fundação da cidade do Rio de Janeiro. Apesar de sua importância histórica e arquitetônica, o morro foi destruído por reformas urbanísticas com o intuito de "higienizar" a cidade e também de promover a especulação imobiliária.

"Antes que eu me esqueça", de Tiago Arakilian

Aos 80 anos, Polidoro decide demolir a estabilidade de sua confortável vida de juiz aposentado e virar sócio de uma boate de strip-tease. Beatriz, sua filha, resolve interditá-lo judicialmente. Seu filho Paulo se declara incapaz de opinar sobre essa decisão porque não mantém relações com o pai. O juiz, então, determina o encontro forçado entre pai e filho, em uma reaproximação que transformará suas vidas.

"Aos teus olhos", de Carolina Jabor

Rubens é um professor de natação infantil acusado pelos pais de um aluno de beijar o filho deles no vestiário do clube. Quando a acusação viraliza nos grupos de mensagens e redes sociais da escola, começa um julgamento precipitado de Rubens sobre suas ações e intenções.

"Ex-pajé", de Luiz Bolognesi

Até o contato do povo Paiter Suruí com os brancos, em 1969, Perpera era um pajé poderoso. Após chegada dos brancos, um pastor evangélico afirma que pajelança é coisa do diabo e Perpera perde seu papel na tribo, passando a viver com medo dos espíritos da floresta. Mas quando a morte ronda a aldeia, o poder de falar com os espíritos pode novamente ser necessário.

"Yonlu", de Hique Montanari

Yonlu é um filme de ficção baseado na história real de um garoto de 16 anos que, com a ajuda da internet, conquistou o mundo com seu talento para a música e para a arte. Fluente em cinco idiomas, Yonlu tinha uma rede de amigos virtuais em todos os continentes. Ninguém desconfiava, contudo, que também participava de um fórum de potenciais suicidas.

"Não devore meu coração", de Felipe Bragança

Joca, um menino brasileiro de 13 anos, e Basano La Tatuada, uma menina indígena paraguaia, vivem na fronteira entre os dois países. Joca está apaixonado por Basano e busca fazer de tudo para conquistar seu amor, mesmo que para isso ele tenha que enfrentar as violentas memórias da Guerra do Paraguai e os segredos de seu irmão mais velho, Fernando, um misterioso agroboy envolvido com uma gangue de motociclistas da região.

"Talvez uma história de amor", de Rodrigo Spada Bernardo

Quando chega em casa, depois de mais um dia corriqueiro no trabalho, Virgílio liga a secretária eletrônica e ouve um recado perturbador. É uma mensagem de Clara, comunicando o término do relacionamento dos dois. Virgílio, contudo, não faz a menor ideia de quem seja Clara. Quando percebe que todos ao seu redor sabiam do seu relacionamento e ele é o único que não lembra, Virgílio só tem uma escolha: encontrar essa mulher misteriosa.

"Canastra Suja", de Caio Sóh

Quem vê Batista e Maria andando pela rua com seus três filhos acha que o grande problema deles é a filha caçula que sofre de autismo. Porém, as questões dessa família são bem mais complicadas. Batista é um alcóolatra tentando abandonar o vício por insistência da família. A esposa dedicada que vive um caso tórrido com o namorado de sua filha, Emília, que se faz de pudica, mas seduz o patrão. Pedro, o primogênito, está perdido na entrada da vida adulta. O conceito familiar desabará aos poucos.

"Entre irmãs", de Breno Silveira

Nos anos 30, duas irmãs separadas pelo destino enfrentam o preconceito e o machismo, uma por parte da alta sociedade na cidade grande, e a outra de um grupo de renegados no interior. Apesar da distância, elas sabem que uma só tem a outra no mundo e cada uma, à sua maneira, vai se afirmar de forma surpreendente.

"As boas maneiras", de Julia Rojas e Marco Dutra

Clara, enfermeira solitária da periferia de São Paulo, é contratada pela rica e misteriosa Ana como babá de seu futuro filho. Uma noite de lua cheia muda para sempre a vida das duas mulheres.

"Benzinho", de Gustavo Pizzi

Irene mora com o marido Klaus e seus quatro filhos. Ela está terminando os estudos enquanto se desdobra para complementar a renda da casa e ajudar a irmã Sônia. Mas quando seu primogênito Fernando é convidado para jogar handebol na Alemanha, ela terá poucos dias para superar a ansiedade e ganhar forças antes de mandar seu filho para o mundo.

"Alguma coisa assim", de Mariana Bastos e Esmir Filho

Caio e Mari são dois jovens adultos cuja relação está além de qualquer definição. Ao longo de 10 anos, o enredo transita entre três momentos marcantes em que seus desejos estão em conflito e sua relação é colocada à prova.

"Paraíso perdido", de Monique Gardenberg

Dono da boate Paraíso Perdido, o patriarca José faz de tudo para garantir a felicidade de seu clã: os filhos Angelo e Eva, o filho adotivo Teylor e os netos Celeste e Imã. Unida por um amor incondicional, a excêntrica família encontra forças para lidar com seus traumas cantando clássicos da música popular romântica, o que atrai a curiosidade do misterioso Odair, um policial que cuida da mãe surda, ex-cantora.

"Além do homem", de Willy Biondani

O antropólogo francês Marcel Lefavre é comido por canibais e desaparece no Brasil, deixando para trás seu diário inacabado. Seu discípulo a contragosto, Alberto Lupo, escritor brasileiro que vive na Europa, retorna ao país de origem para terminar seu trabalho. Na paisagem, na cultura e na figura feminina de Betania, Alberto se depara com tudo aquilo que o fez fugir: o poder da natureza e a essência da vida. É o início de sua transformação.

"Como é cruel viver assim", de Julia Rezende

Solitários, frustrados e incapazes de realizar qualquer coisa que dê sentido às suas vidas, Vladimir, Clivia, Regina e Primo armam um plano absurdo: seqüestrar um milionário. Mas não têm nenhuma experiência com crimes, nem noção do que essa operação pode envolver. Enquanto tomam as providências práticas, revelam-se seus medos e ambições.

"O animal cordial", de Gabriela Amaral Almeida

Um restaurante de classe média em São Paulo é invadido, no fim do expediente, por dois ladrões armados. O dono do estabelecimento, o cozinheiro, uma garçonete e três clientes são rendidos. Entre a cruz e a espada, Inácio – o homem pacato, o chefe amistoso e cordial – precisa agir para defender seu restaurante e seus clientes dos assaltantes.

"Unicórnio", de Eduardo Nunes

Maria, uma menina, está sentada em um banco ao lado de seu pai. A conversa que eles tem ali conduz a narrativa do filme: acompanhamos a história na rústica casa de campo, onde ela mora com a mãe, e aguarda a volta deste mesmo pai. A relação entre Maria e a sua mãe muda com a chegada de um outro homem.

"Ferrugem", de Aly Muritiba

Tati é uma adolescente cheia de vida, que gosta de compartilhar seus melhores momentos no Instagram e no Facebook. Mas a vida de Tati virará ao avesso quando algo que ela não queria compartilhar com ninguém cai no grupo de Whatsapp do colégio.

"Encantados", de Tizuka Yamazaki

Encantados é uma história de iniciação espiritual, de amor e misticismo sobre o desabrochar da jovem Zeneida até se transformar em importante pajé, assumindo sua herança espiritual cabocla. Os conflitos no convívio com a família, Zeneida enfrenta e resiste para viver plenamente o amor considerado impossível com Antônio, um ser sobrenatural, que vem das profundezas da floresta. Mas terá que escolher, aceitar seu dom e destino de ser pajé, ou viver encantada pelo povo das águas, os Caruanas.

"Dedo na ferida", de Silvio Tendler

Dedo na Ferida trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos em um cenário em que a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social. Milhões de pessoas peregrinam em busca de melhores condições de vida enquanto a perversão do capital só aspira a concentração da riqueza em poucas mãos.

Sete filmes de Cacá Diegues representaram o Brasil no Oscar

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78096928_RI Rio de Janeiro RJ 25-07-2018 Colunista do Jornal O Globo Cacá Diegues. Foto Roberto More.jpgSÃO PAULO - Com a escolha de "O Grande Circo Místico" para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019, Cacá Diegues acumula sete vezes como diretor de longas apontados. Entre os cineastas brasileiros, é o que mais acumula indicações, seguido de Nelson Pereira dos Santos, com quatro, e Bruno barreto e Walter Salles, com três. Hector Babenco, Luis Sergio Person, Glauber Rocha e Fábio barreto têm duas cada.

LEIA TAMBÉM: 'O Grande Circo Místico' é a aposta do Brasil ao Oscar 2019

'Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema', diz Cacá Diegues

Academia de Hollywood adia inclusão do Oscar de 'filme popular'

O primeiro filme de Diegues escolhido como representante brasileiro do Oscar foi "Xica da Silva", que entrou na disputa de 1977. Ao longo dos anos 1980 e 1990, ele seria indicado mais seis vezes: "Bye bye, Brasil" (1980), "Um trem para as estrelas" (1987), "Dias melhores virão" (1989), "Tieta do Agreste" (1997) e "Orfeu" (2000). Em nenhuma dessas ocasiões os títulos entraram na disputa real pela categoria.

LEIA AINDA: 'O Grande Circo Mágico' faz estreia mundial em Cannes

Em entrevista, Cacá Diegues fala sobre novo filme e defende o streaming

Na série histórica de reprrsentantes brasileiros no prêmio da Academia, que começa em 1961, com "A morte comanda o cangaço", de Carlos Coimbra e Walter Guimaraês Motta, os filmes escolhidos sempre bateram na trave. O primeiro representante que obteve uma indicação à estatueta de melhor filme estrangeiro foi "O pagador de promessas", de Anselmo Duarte, que concorreu na edição de 1963.

Depois de um longo hiato, o país voltou a ter um representante indicado, com "O quatrilho", de Fábio barreto, que concorreu na edição de 1996. Em 1998, outro filme brasileiro concorreu na categoria, "O que é isso, companheiro?", de Bruno Barreto. E no ano seguinte, "Central do Brasil", de Walter Salles teve a sua chance.

Em anos recentes, apenas "O ano em que meus pais saíram de férias", de Cao Hamburger, chegou a uma pré-lista de indicados. Mas acabou ficando de fora no processo.

'Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema', diz Cacá Diegues após virar aposta brasileira ao Oscar

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RIO — O cineasta e novo imortal da ABL Cacá Diegues recebeu com surpresa a escolha de seu filme "O Grande Circo Místico" para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019.

— Ainda nem realizei direito — afirmou o diretor e colunista do GLOBO — Fico muito feliz, e, é claro, com vontade de ganhar.

LEIA MAIS: Em entrevista, Cacá Diegues fala sobre novo filme e defende o streaming

Primeiro longa-metragem de ficção de Cacá Diegues desde “O maior amor do mundo” (2006), “O Grande Circo Místico” fez sua estreia mundial no Festival de Cannes este ano. Para Diegues, a produção condensa toda uma vida dedicada a sétima arte.

— Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema. Nunca fiz algo que reproduzisse tão bem minha visão cinematográfica — diz.

Trailer o grande circo mistico

O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, após a reunião da Comissão Especial de Seleção, formada por nomes indicados pela Academia Brasileira de Cinema. Para Diegues, "O Grande Circo Místico" contesta uma "tendência realista" do cinema contemporâneo, mesmo que dialogue com temas atuais.

— É um filme que faz você sonhar, ao mesmo tempo que fala das coisas de hoje em dia sem nenhuma demagogia ou piedade — conta Diegues.

78396064_SC - São Paulo SP - Cena de %27O grande Circo Místico de Cacá Diegues Abre o Festival de.jpg

O diretor destacou ainda o alto nível de todas produções que concorreram na seleção. Segundo Diegues, qualquer um dos 22 concorrentes representaria bem o Brasil na disputa ao Oscar.

— Acho que o cinema brasileiro está num momento muito bom, de grande diversidade. Essa lista representa muito bem a diversidade de situações e ideias, além da qualidade da atual produção nacional. Mais um motivo para eu me orgulhar em ter sido escolhido — afirma o cineasta.

“O Grande Circo Místico” está previsto para estrear nos cinemas em novembro. O elenco conta com Jesuita Barbosa, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes e Vincent Cassel.

Sete filmes de Cacá Diegues já disputaram uma indicação ao Oscar

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78096928_RI Rio de Janeiro RJ 25-07-2018 Colunista do Jornal O Globo Cacá Diegues. Foto Roberto More.jpgSÃO PAULO - Com a escolha de "O Grande Circo Místico" para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019, Cacá Diegues acumula sete vezes como diretor de longas apontados. Entre os cineastas brasileiros, é o que mais teve longas selecionados, seguido de Nelson Pereira dos Santos, com quatro, e Bruno Barreto e Walter Salles, com três. Hector Babenco, Luis Sergio Person, Glauber Rocha e Fábio Barreto têm duas cada um.

LEIA TAMBÉM: 'O Grande Circo Místico' é a aposta do Brasil ao Oscar 2019

'Esse filme é tudo o que eu penso sobre o cinema', diz Cacá Diegues

Academia de Hollywood adia inclusão do Oscar de 'filme popular'

O primeiro filme de Diegues escolhido para disputar uma indicação ao Oscar foi "Xica da Silva", em 1977. Ao longo dos anos 1980 e 1990, ele seria pré mais cinco vezes: "Bye bye, Brasil" (1980), "Um trem para as estrelas" (1987), "Dias melhores virão" (1989), "Tieta do Agreste" (1997) e "Orfeu" (2000). Em nenhuma dessas ocasiões os títulos entraram ma lista final de indicados ao título de melhor filme estrangeiro.

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Em entrevista, Cacá Diegues fala sobre novo filme e defende o streaming

O primeiro longa brasileiro que obteve uma indicação à estatueta de melhor filme estrangeiro foi "O pagador de promessas", de Anselmo Duarte, que concorreu na edição de 1963. Depois de um longo hiato, o país voltou a ter um representante indicado, com "O quatrilho", de Fábio Barreto, que concorreu na edição de 1996. Em 1998, outro filme brasileiro concorreu na categoria: "O que é isso, companheiro?", de Bruno Barreto. E no ano seguinte, "Central do Brasil", de Walter Salles teve a sua chance. Nenhum deles levou a estatueta.

Em anos recentes, apenas "O ano em que meus pais saíram de férias", de Cao Hamburger, chegou a uma pré-lista de indicados. Mas acabou ficando de fora no processo.

No Rio, ícone da música independente fala sobre sua luta contra o YouTube

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RIO — Sentado no canto de uma sala na qual trabalham uma dúzia de pessoas, barba por fazer e vestindo uma surrada camiseta preta, Martin Mills aparenta ser o que é. Cria da ideologia “faça você mesmo” dos anos 70, o presidente do Beggars Group, maior selo independente da Europa, segundo maior do mundo, é um rebelde com causas — a mais recente, enfrentar o YouTube e garantir que a plataforma pague o que todo o resto da indústria destina a direitos autorais. É para falar do chamado “value gap”, diferença de valores amparada pela lei que permite ao gigante YouTube repassar “algo como um décimo do que deveria” a artistas, que Mills chega ao Rio Music Market, evento que ocupa o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro — Crab, na Praça Tiradentes, até amanhã — ele debate hoje, às 10h, com outros especialistas do Brasil e do mundo.

LEIA MAIS: Primavera Sound se consagra como um dos maiores festivais do mundo

Se você não conhece o Beggars, certamente já ouviu os artistas que passaram por seus principais braços, os selos 4AD, Matador, Rough Trade, XL Recordings e Young Turks. Adele, David Byrne, Cat Power, The Cult, PJ Harvey, M.I.A., Gary Numan, Pixies, The Prodigy, Queens of the Stone Age, Radiohead, The Strokes, Jack White e The xx fizeram de Mills um dos nomes mais respeitados da indústria da música, e certamente o mais influente executivo do mercado independente. O segredo?

— Nunca pensei em lucro. Se ocorrer, é acidental. O importante é a música.

CELEIRO DE BANDAS

Parece romântico, mas deu certo. O Beggars, de mendigos (tradução do nome para o português), não tem nada. A receita do grupo no ano passado chegou a meio bilhão de reais.

Mas, claro, nem sempre foi assim.

— Nos nossos primeiros 12 anos, até assinarmos com o The Cult, ficamos na corda bamba.

O YouTube, que é a maior plataforma de música no mundo, se aproveita da lei. E faz muito dinheiro sem compartilhar adequadamente os ganhos. Isso causa desequilíbrio no mercado, porque todos os demais pagam dez vezes mais do que eles. Mills era dono de uma loja de discos em Hammersmith, Oeste de Londres, quando transformou uma sala no porão em estúdio de ensaios. Logo, passaria a lançar compactos de bandas do nascente punk-rock que se enfurnavam ali para tocar. O Beggars Banquet entrou no mercado em 1976 e transformou-se no maior celeiro de bandas do Reino Unido. O nome escolhido para o selo vem do disco “Beggars banquet”, dos Rolling Stones.

— É meu favorito — diz Mills, que tem uma foto autografada pela banda na parede atrás dele. — Os primeiros 12 singles dos Stones têm uma diversidade como não se vê mais na música pop. Hoje, o pop segue fórmulas.

Mills também é crítico dos dogmas mercadológicos da indústria. Recentemente, reagiu à adoção pela major EMI de pesquisas de mercado para identificar o que o público quer.

— Nosso trabalho não é vender o que as pessoas desejam ouvir, é vender o que elas não sabem que querem ouvir.

Ele também não poupa as grandes gravadoras, chamadas majors, quando o assunto é concentração de mercado.

— Não sou contra as majors. Apenas gostaria que houvesse mais grandes gravadoras. Como independentes, queremos diversidade para que o mercado seja saudável e aberto à criatividade.

Agora, a batalha envolve o YouTube, pertencente à maior corporação do mundo, o Google. A legislação internacional garante que pessoas que subam acidentalmente para a internet algo que não lhes pertence não sejam punidas.

— O YouTube, que é a maior plataforma de música no mundo, se aproveita da lei. E faz muito dinheiro sem compartilhar adequadamente os ganhos. Isso causa desequilíbrio no mercado, porque todos os demais pagam dez vezes mais do que eles.

Pode-se dizer que Mills tem moral para criticar o YouTube. Ele vem defendendo há tempos que artistas recebam 15% de participação nas vendas de seus discos em catálogo — contra 12% no padrão do setor — e aplicou por anos uma repartição 50%-50% entre seus artistas e o Beggars Group das receitas obtidas com o streaming.

Em sua primeira visita ao Brasil, Martin Mills afirma que o país já está entre nos dez maiores mercados do Beggars Group:

— Adoraria, inclusive, contratar artistas brasileiros.

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