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Peter Greenaway retrata em filme suposta experiência gay de Eisenstein

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05_EISENSTEIN_In_GUANAJUATO_by_Peter_Greenaway_produced_by_Submarine_Fu_Works_and_Paloma_Negra-┬«Submarine_2015.jpgRIO — Em 1931, o cineasta soviético Sergei M. Eisenstein (1898–1948), um dos responsáveis pela consolidação do cinema como meio de expressão artística, foi ao México rodar um filme. Dificuldades de produção e a suspensão de financiamentos impediram a conclusão do projeto. O que aconteceu nos 11 meses em que ele passou no país não é certo, mas o britânico Peter Greenaway — diretor de “Afogando em números” (1988) e “O livro de cabeceira” (1996), entre outros — apresenta algumas teorias em “¡Que viva Eisenstein! — 10 dias que abalaram o México”, que estreia no dia 7.

Uma delas é que Eisenstein, diretor de “O Encouraçado Potemkin” (1925), teria tido um caso com um guia turístico (a sua homossexualidade é apenas uma especulação entre estudiosos). O longa, selecionado para disputar o Urso de Ouro no último Festival de Berlim, conta com uma cena explícita de sexo e foi criticado por autoridades russas. Nesta entrevista, por telefone, Greenaway explica que rodou o filme para humanizar o artista soviético e porque o “cinema está morrendo.”

Como vê a importância de Eisenstein?

Estudo Eisenstein desde quando eu estudava arte em Londres, nos anos 1960. É meu herói.

Por que fazer um filme sobre ele?

Agora que tenho 73 anos, senti que era hora de retribuir a admiração, mas não por meio de uma cinebiografia tradicional. Daqui a dois anos, vamos lembrar os 100 anos da Revolução Russa. Mas o verdadeiro motivo é que o cinema está morrendo, e rápido. Dizem que o cinema inventou o vislumbre, isto é, a associação psicológica entre uma pessoa olhando para outra. Mas a pintura já tinha feito isso. A verdade é que o cinema inventou muito pouco. Uma invenção real foi a teoria da montagem, só que a maioria dos filmes que vemos funciona como prosa. Deveriam ser associações poéticas de imagens, baseadas em percepções líricas do tempo e espaço. Essencialmente, falo de metáforas visuais. Acho que Eisenstein foi mestre nisso. Todas as histórias do mundo já foram contadas no cinema

O senhor se referiu à morte do cinema: remete-se a algum estilo especificamente?

Refiro-me a tudo. Começamos a fazer filmes em 1895. Todas as histórias do mundo já foram contadas no cinema. Sempre que você assiste a um filme, em cinco minutos já sabe o que vai acontecer na trama e o que o protagonista vai fazer. O cinema está exausto de si mesmo.

O cinema está “morrendo” em formato?

A maioria das pessoas vê filmes em smartphones, laptops e na TV. O cinema como conhecemos, isto é, uma tela projetando imagens em frente a uma multidão, não existe mais. Mas ele está amaldiçoado também em sua própria natureza. Todo filme nasce de um texto, como um roteiro. Portanto, cinema não possui material exclusivo, infelizmente. Também é baseado em noções de frames, mas não existem enquadramentos na vida real. É um conceito artificial. Criar arte a partir de um fenômeno não natural é meio estúpido e limitado. Também argumentaria que usamos atores muito mal. Além disso, a câmera apenas reproduz o que está à sua frente. Aí há um problema de criação. Eisenstein dizia que o único grande realizador era o (Walt) Disney, justamente porque o desenho animado é criado a partir do zero, da tela branca. Em outras palavras, o cinema está condenado, e não só por razões socioeconômicas, mas também estéticas. Trailer de '10 dias que abalaram o México'

Seu novo filme recebeu algumas críticas por ser historicamente impreciso.

O cinema, comercial ou não, é bem explicado como máquina de sonho. Só Deus pode reproduzir a realidade, e digo isso, é claro, como um ateu. Queria tratar Eisenstein como um ser mortal. Por isso há cenas em que ele vomita, caga, chora...

A viagem de Eisenstein ao México é só uma pequena parte da biografia dele. Por que focou nesse período?

Ele filmou quilômetros de película lá, mas nunca chegou a editar, por razões sobretudo políticas. O filme ficou inacabado, e eu tenho uma fascinação por fracasso, pelas longas estrias entre a imaginação e a possibilidade de concretizar um projeto. E todos somos pessoas diferentes quando estamos em outro país, pois ficamos distantes de nossas raízes, de amigos e das crenças da nossa terra natal. É um movimento que nos liberta para novas formas de expressão. Isso abriu a possibilidade de eu explorar a sexualidade do Eisenstein.

O senhor acredita que a viagem dele ao México mudou a forma com que via o mundo?

Sim. As primeiras obras-primas dele são “A greve” (1925), “O Encouraçado Potemkin” (1925) e “Outubro” (1928). Eram bem políticas. Mas suas últimas obras, como “Ivan, o Terrível” (1945), focaram em indivíduos. A razão é que o tempo que ele passou longe da Rússia, separado do materialismo dialético e do regime de Stalin, abriu seus olhos para coisas que aconteciam dentro e fora daquele país. No México, pensou em questões como o fim da vida, a coisa mais inegociável que existe. Isso vale para todos. Eu não te conheço, você é um jornalista e está falando comigo, mas sei duas coisas sobre você: a primeira é que você nasceu depois de uma trepada. A segunda, desculpe ser sincero, é que você vai morrer. São os dois eventos mais importantes da sua vida, e também temas ligados à religião e à arte. Pense nos últimos dez filmes a que você assistiu. Aposto que eles têm atores transando e pessoas morrendo. Pense nos últimos dez filmes a que você assistiu. Aposto que eles têm atores transando e pessoas morrendo

O senhor é diretor de filmes como “O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante” (1989) e “O livro de cabeceira” (1996). Nunca evitou falar de sexo e morte. Como esses assuntos se tornaram tão relevantes?

Quis ser pintor na juventude. A arte religiosa, como a de Rembrandt ou de Michelangelo, tem esses dois temas no topo.

Como a Rússia reagiu ao seu filme?

Nem queriam que eu filmasse. Recebi e-mails de ódio. Eisenstein é um herói nacional lá. Tem gente determinada a ter um programa patriótico e celebrar os “tesouros nacionais”. E Putin é muito homofóbico. Quase todo mundo trepa porque é prazeroso. Por que deveria ser diferente para os gays? É um absurdo. Ainda assim, o filme foi exibido num festival russo, e houve uma demanda forte para vê-lo. Acredito que o filme é bem cinematográfico. Não é só uma homenagem ao Eisenstein. Esteticamente, é também um tributo a Fellini, Scorsese etc.


Dividida entre a escola e os palcos, MC Soffia canta contra o racismo

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mc_soffia_-_foto__marília_morais_-127-.jpgRIO — Para MC Soffia, de apenas 11 anos, “não tem idade para falar sobre o racismo”. Com versos como “Que beleza suas danças/ que da hora suas roupas/ essa cor, essa alegria/ eu trago como herança/ Do continente africano, não trago só o gingado/ trago conhecimento/ Navio negreiro não foi apagado”, de “África”, a menina divide seu tempo, há cinco anos, entre a escola e os palcos. Seu objetivo: incentivar o empoderamento de meninas negras. Desde a infância, as pessoas sofrem com o racismo. Eu não ia esperar crescer para cantar as coisas que incomodam, entende? Quero mostrar para as meninas da minha idade que é bonito, sim, ter o cabelo crespo

— Desde a infância, as pessoas sofrem com o racismo. Eu não ia esperar crescer para cantar as coisas que incomodam, entende? Quero mostrar para as meninas da minha idade que é bonito, sim, ter o cabelo crespo. Que somos rainhas. Fico feliz por saber que as pessoas já estejam pirando com as letras — comenta Soffia, que não se importa com o rótulo de “princesinha do rap”. — Eu gosto, até. Mas, como MC, eu canto coisa séria.

E canta mesmo. Ainda em “África”, a menina reserva um trecho da letra para citar personagens históricas das causas que defende, como a angolana Nzinga (ou Ginga, na versão abrasileirada), símbolo de resistência na luta contra a colonização portuguesa, e Chica da Silva. Em “Menina pretinha”, faixa que dará título ao seu primeiro EP, Soffia explica: “Canto rap por amor. Sou criança, sou negra, também sou resistência”. O disco ainda não tem data para ser lançado, uma vez que depende do sucesso de uma campanha de financiamento coletivo — até a conclusão desta edição, ela tinha arrecadado 25% meta, faltando 16 dias para o encerramento do projeto.

Soffia, que nasceu na periferia de São Paulo (mais exatamente em Raposo Tavares, região oeste da cidade), conta com o apoio irrestrito da mãe, Kamilah Pimentel, de 30 anos. Acostumada ao meio, uma vez que trabalhava como produtora cultural, Kamilah largou tudo para focar na carreira da filha. MC Soffia - África

— Desde pequena, a Soffia tem esse lado musical muito forte. Ela que fez as rimas e sabe exatamente a batida ideal para acompanhá-la em cada música. E consegue tirar notas de instrumentos depois de duas lições, no máximo — derrete-se.

O ano de 2015 foi fundamental para MC Soffia levar suas rimas conscientes para um público maior. Recentemente, ela participou do “Esquenta” e do “Altas horas”, ambos na Globo. E, no fim do mês passado, fez seu show de maior público no Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, quando dividiu palco com a big band paulista Aláfia e a cantora mineira Zaika dos Santos. Eu tenho vários sonhos. Principalmente, que o racismo acabe o quanto antes e que eu tenha inspirado outras meninas. E quero ser jogadora de futebol, de basquete, de vôlei, cantora, atriz, modelo e cardiologista. Acho que vai dar

Mas os holofotes não trazem apenas benefícios. Em um ano em que a atriz Taís Araújo e a apresentadora Maju Coutinho foram vítimas de racismo nas redes sociais, nem a jovem Soffia foi poupada dos criminosos que se escondem no anonimato permitido pela internet.

— Uns caras fizeram comentários preconceituosos contra ela no YouTube. Claro que isso me preocupa, mas vejo a Soffia como uma menina muito forte, apesar de jovem. Ela sabe que ajuda mulheres negras com a música dela, e que está falando por todas nós — afirma Kamilah.

Apesar da seriedade com que encara suas composições, Soffia segue sendo uma criança. E aproveita a entrevista para fazer o que há de mais gostoso na infância: sonhar com o futuro.

— Eu tenho vários sonhos. Principalmente, que o racismo acabe o quanto antes e que eu tenha inspirado outras meninas. E quero ser jogadora de futebol, de basquete, de vôlei, cantora, atriz, modelo e cardiologista. Acho que vai dar.

Músicas dos Beatles estarão em streaming a partir da véspera de Natal

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2004-011889-_19651026.jpgRIO — Após anos de boicote, o catálogo dos Beatles finalmente estará disponível na internet e a tempo de todos montarem playlists para a festa de Natal. A partir da 0h01 do dia 24 de dezembro, as canções do quarteto de Liverpool poderão ser ouvidas em vários sites de streaming, como Spotify, Apple Music, Google Play e Deezer.

O horário de 0h01 é sempre local, e o site oficial dos Beatles vai mostrar em tempo real as músicas entrando no ar de leste a oeste por todo o mundo. Veja abaixo o video de divulgação.

Beatles disponibiliza catálogo online

Algumas músicas da banda já podem ser ouvidas (legalmente) na internet em versões solo dos ex-Beatles. O catálogo completo de Paul McCartney, com vários álbuns ao vivo, está disponível nos principais serviços de streaming.

Curiosamente, a música mais ouvida dele no Spotify, de longe, não é nenhum clássico dos Beatles, mas sim "FourFiveSeconds", parceria com Rihanna e Kanye West lançada em janeiro deste ano.

O material solo de John Lennon, George Harrison e Ringo Starr também já está disponível online.

Forbes: Johnny Depp foi ator menos lucrativo de Hollywood em 2015

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mortdecai21.jpgRIO — O ano não foi dos melhores para os produtores que apostaram no carisma de Johnny Depp. Graças a fracassos de bilheteria como "Mortdecai: A Arte da Trapaça" e "Transcendence: A Revolução", o ator de 52 anos foi apontado pela Forbes como o cachê mais desproporcional de 2015.

De acordo com a pesquisa, para cada dólar investido pelos estúdios, Depp rendeu apenas US$ 1,20. Em segundo lugar veio Denzel Washington, que fez o filme de ação “O protetor”, com US$ 6,50 por dólar. O terceiro colocado foi Will Ferrell, líder da lista em 2009 e 2010, com US$ 6,80 por dólar.

Após o enorme sucesso de “Busca implacável 3”, Liam Neeson amargou um fracasso com “Noite sem fim”, que arrecadou US$ 71,6 milhões para um orçamento de US$ 50 milhões. Assim, ele ficou em quarto lugar. Will Smith fecha o top 5 graças a seu salário astronômico e a arrecadação decepcionante de “Golpe duplo”, que rendeu US$ 8,60 por dólar.

No outro lado da moeda está Chris Evans, como o ator mais lucrativo. O Capitão América retornou US$ 181,80 para cada dólar investido em seus filmes. Em 2015 ele apareceu em “Vingadores: Era de Ultron”. Fechando o top 5, aparecem Mila Kunis, Scarlett Johansson, Gwyneth Paltrow e Emma Stone.

Em tempos de muitos protestos por igualdade salarial entre os sexos, vale nota que no top 10 dos menos lucrativos todos são homens, enquanto na lista dos mais lucrativos, metade são mulheres. Para montrar a lista, a Forbes avalia os três principais filmes de cada ator, sem considerar participações, papéis menores ou filmes lançados em menos de duas mil telas nos EUA. Então a revista calcula a bilheteria, tirando o orçamento de produção.Esse número é dividido pelo cachê estimado recebido pelos papéis. Veja as listas abaixo:

Atores menos lucrativos

1. Johnny Depp: US$ 1,20 por dólar

2. Denzel Washington: US$ 6,50

3. Will Ferrell: US$ 6,80

4. Liam Neeson: US$ 7,80

5. Will Smith: US$ 8,60

6. Christian Bale: US$ 9,20

7. Channing Tatum: US$ 10,80

8. Brad Pitt: US$ 12

9. Ben Affleck: US$ 12,30

10. Tom Cruise: US$ 13,60

Atores mais lucrativos

1. Chris Evans US$ 181,80

2. Mila Kunis US$ 87,30

3. Scarlett Johansson US$ 84,90

4. Gwyneth Paltrow US$ 82,90

5. Emma Stone US$ 54

6. Chris Hemsworth US$ 42,10

7. Vin Diesel US$ 40,30

8. Jennifer Lawrence US$ 39,10

9. Mark Wahlberg US$ 37,90

10. Dwayne Johnson US$ 28,10

OS que gere Parque Lage põe 70 funcionários em aviso prévio

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Capa___Trinta_Anos_-_Parque_Lage_-3--594.jpgRIO — A direção da Oca Lage, organização social responsável pela gestão da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e da Casa França-Brasil, anunciou agora há pouco que está pondo em aviso prévio os 70 funcionários contratados. O diretor da OS, Marcio Botner, reuniu-se com os funcionários no Parque Lage, Zona Sul do Rio, para comunicar a decisão, provocada pelo atraso do repasse de verbas do governo do estado. Segundo comunicado, em 2015 o governo só repassou metade do valor acordado (cerca de R$ 6 milhões dos R$ 12 milhões devidos), o que estaria inviabilizando o funcionamento dos dois locais.

— Temos funcionado, nesse período, com receita gerada pelos eventos no parque. Só que chegamos ao limite, precisamos que o governo se comprometa — diz o diretor da Oca Lage, Marcio Botner. — A OS nasceu de um contrato com o governo, e tudo o que foi feito de bom foi a partir desse contrato. O estado é o nosso parceiro, e queremos continuidade.

Segundo Botner, o governo acena com o repasse de uma parte do valor devido em fevereiro ou março de 2016. Ele diz que é pouco.

— Temos que ter algo concreto, como um cronograma de pagamento. Desde que assumimos (em maio de 2014) quadruplicamos o número de eventos, reforçamos as bolsas para os cursos de formação, oferecemos shows e eventos à população, mantivemos a área verde para os visitantes. A OS tem metas a cumprir, e batemos todas elas.

Os funcionários que entraram em aviso prévio nesta quarta-feira estão lotados na administração, produção, vigilância e setor educativo. A limpeza é terceirizada, mas o contrato com a empresa que faz o serviço corre o risco de não ser renovado para 2016. Além de gerir as duas casas, a Oca Lage mantém e preserva, por contrato, os 170 mil metros quadrados de área verde do Parque Lage, que podem sofrer com a falta de repasses do governo. Na Casa França-Brasil, a Oca Lage acaba de realizar uma obra, interna, para permitir que o prédio tenha uma saída para o mar, como era originalmente.

Executivo de Hollywood está ligado ao vazamento de ‘Os oito odiados’

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TH8-AC-00025.JPGRIO - "Os oito odiados" só estreia oficialmente nos Estados Unidos na sexta-feira, mas o novo filme de Quentin Tarantino já é facilmente encontrado na internet. Após uma investigação, o FBI concluiu que uma cópia enviada para Andrew Kosove, CEO da produtora Alcon Entertainment e vencedor do Oscar como produtor de “Um sonho possível”, de 2009, originou o vazamento.

Estima-se que só no primeiro dia após o vazamento, o filme tenha sido baixado entre 200 mil e 600 mil vezes. Cópias piratas foram vistas à venda em camelôs na China. Links Oito Odiados

Em entrevista ao "Hollywood Reporter", Kosove se defende: "Eu nunca vi este DVD, minhas mãos nunca tocaram nele". Kosove é um importante executivo da indústria do entretenimento e, por isso, uma cópia foi enviada para que ele avaliasse o longa para a atual temporada de prêmios.

O protocolo de recebimento da cópia foi assinado por um auxiliar de escritório e, logo depois, o filme já podia ser encontrado para download. O destinatário do arquivo vazado pôde ser identificado por causa de uma marca d'água específica.

Agentes do FBI visitaram a sede da empresa na última terça-feira para investigar quem foi o responsável pelo vazamento. Segundo fontes, a Alcon está cooperando plenamente no inquérito. "Nós vamos fazer mais do que cooperar com o FBI. Nós vamos conduzir nossa própria investigação para descobrir o que aconteceu". Ao que tudo indica, Kosove é inocente. A polícia trabalha com a hipótese de um funcionário ter desviado o DVD.

Na última década, com a proliferação de serviços de compartilhamento de arquivos, muitos screeners, como são chamadas as cópias enviadas para avaliação na época das premiações, vazaram. Em 2003, a Associação Americana de Filmes (MPAA, na sigla em inglês) chegou a proibir os estúdios de enviarem screeners.

A medida não durou e, no ano seguinte, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiu expulsar o ator de "O Poderoso Chefão" Carmine Caridi, então com 70 anos, depois de ele admitir que mandou cópias de filmes do Oscar para um amigo em Chicago. Os filmes apareceram na rede e foram rastreados de volta para Caridi. Um homem foi preso por violação de direitos autorais.

O dano causado por vazamentos é ainda maior quando os filmes ainda não foram lançados, caso de "Os oito odiados". Com Samuel L. Jackson e Kurt Russell no elenco, o aguardado filme de Tarantino custou US$ 70 milhões e deve ter seu desempenho nas bilheterias prejudicado pelo vazamento.

"O regresso", filme do vencedor do Oscar Alejandro González Iñárritu estrelado por Leonardo DiCaprio, foi outro importante título a ser vazado no começo desta semana. Ainda não se sabe se a cópia enviada por Kosove também foi a origem do vazamento.

Mistério em torno de personagens confinados conduz ‘Os oito odiados’

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hateful.pngSÃO PAULO — Encerre um grupo de desconhecidos em um ambiente do qual nenhum deles poderá sair e espere cerca de dois dias para ver no que vai dar. Parece uma sinopse de reality show, mas trata-se da estrutura dramática de “Os oito odiados”, oitavo filme de Quentin Tarantino, que chega aos cinemas brasileiros em 7 de janeiro. Links Oito Odiados

Com mais de três horas, é o segundo faroeste da carreira do cineasta e, diz, o seu antepenúltimo trabalho antes de abandonar a direção para se dedicar mais à produção. No Brasil, devem ser lançadas 450 cópias, no formato scope digital. A versão alternativa, em tamanho maior, rodada em 70 milímetros, não será exibida por aqui em razão de limitações técnicas.

Situado no Oeste americano e ambientado após a Guerra Civil, “Os oito odiados” parte de uma premissa simples: durante uma grande nevasca, algumas pessoas ficam presas em um armazém, espécie de posto de abastecimento para diligências. No espaço de algumas horas, enquanto esperam a tempestade de neve passar, muitas coisas serão reveladas sobre quem são aqueles personagens e o que estão fazendo ali.

— Normalmente, quando escrevo meus filmes, sei tudo a respeito dos personagens, descubro muitas coisas sobre eles antes mesmo de começar a colocar tudo no papel. Sei suas histórias, o que aconteceu com eles e o que os levou a um determinado lugar. Nesse caso, não queria saber nada sobre eles que os outros personagens não soubessem também. Essa é uma parte importante desse filme. Você não sabe quem eles são de verdade e não dá para acreditar realmente no que dizem. Eles dizem coisas sobre eles mesmos e não dá para confiar nisso. Outros personagens dizem coisas sobre eles em que também não dá para acreditar — explicou Tarantino ao GLOBO, durante passagem do diretor por São Paulo ao lado do ator Tim Roth, no início do mês.

Na história, o caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) leva a chefe de gangue Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para ser enforcada em Red Rock. No caminho, eles encontram o major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), ex-soldado da União convertido em caçador de recompensas, e Chris Mannix (Walton Goggins), que diz ser o novo xerife da cidade. Uma tempestade de neve obriga o grupo a buscar abrigo no Armazém da Minnie, mas, no lugar da proprietária, eles encontram Bob (Demian Bichir), Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen) e o general confederado Sandy Smithers (Bruce Dern). Normalmente, quando escrevo meus filmes, sei tudo a respeito dos personagens antes mesmo de começar a colocar tudo no papel. Nesse caso, não queria saber nada sobre eles que os outros personagens não soubessem também.

Como em todos os trabalhos de Tarantino, o filme reúne um elenco formado por velhos parceiros do diretor e alguns nomes que se tornaram referência para o jovem cinéfilo dos anos 1980. Russell, Jackson, Roth e Madsen são reincidentes na colaboração com ele. Dern, que se notabilizou como coadjuvante de luxo e artista convidado em várias séries de faroeste americanas, é o homenageado desta empreitada.

Tributário do western, o mais americano dos gêneros cinematográficos, o filme herdou sua estrutura menos dos clássicos de John Ford e Sergio Leone do que de seriados populares na TV americana dos anos 1960 e 1970, como “Bonanza” ou “Gunsmoke”.

— Mais do que me basear em algum faroeste ou uma coleção de filmes, eu posso imaginar claramente um episódio de “Bonanza” no qual (os personagens da série) Hoss e Little Joe ficam presos num armazém com outros sete personagens esquemáticos, durante mais ou menos dois dias, enquanto uma tempestade de neve furiosa bate à porta deles. Posso ver o xerife Dillon, de “Gunsmoke”, voltando para Dodge City com um prisioneiro e procurando abrigo no mesmo armazém para fugir de uma tempestade de neve e topar com esses caras. Por mais complicada que seja a trama, há uma simplicidade envolvida, que se encaixa nessa narrativa, nesse tipo de faroeste — afirmou Tarantino.

O cineasta disse que, nos últimos dez anos, assistiu muito a essas séries de faroeste. E o mais interessante sobre elas, diz, é que, frequentemente, os protagonistas eram os “artistas especialmente convidados”, e não os atores do elenco principal. Isso explica a falta de um protagonismo claro no seu novo filme.

— Quando Robert Culp, James Coburn ou Charles Bronson foram convidados (em episódios de “Bonanza”), a história era a respeito deles. Os heróis eram antagonistas ou os ajudavam. Mas esses artistas convidados eram apresentados e quase sempre tinham um passado obscuro, e você nunca sabia como se sentir a respeito deles. E quase sempre o truque estava em descobrir quem eram eles. “Esse cara é do bem ou é do mal, ele é forte ou fraco, é um herói ou um covarde?” Você não sabia, e essa era a jornada a ser percorrida — completou o diretor e roteirista. 'Os oito odiados' - Legendado

Tarantino conta que encontrou sua história quando, a título de brincadeira, imaginou que atores escalaria se fosse fazer um faroeste em 1969, no período áureo das séries deste tipo na TV. A ideia era tirar personagens dos convidados especiais, com seus passados obscuros e as dúvidas que geravam nos espectadores, e colocá-los todos fechados numa sala, da qual se eles saíssem seria morte certa.

— Mas sem um Doug McClure, sem um Michael Landon, sem um James Arness, que eram referências morais dentro daquelas histórias — observou o cineasta, citando os atores que faziam os protagonistas de “O homem de Virginia”, “Os pioneiros” e “Gunsmoke”. — E deixar os outros personagens de passados obscuros que ficaram presos na sala se matarem entre eles.

Atriz britânica filha de imigrantes nigerianos se destaca na Broadway

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2015 876090394-color_breakout_3.jpg_20151222.jpgNOVA YORK — Cynthia Erivo não tinha nenhum interesse em se fazer de vítima. Sim, sua personagem é estuprada pelo homem que ela pensa ser seu pai e depois espancada pelo marido. Sim, seus filhos são levados embora, e sua irmã é banida. Mas, ao levar ao palco uma das personagens mais marcantes da literatura do século XX, a Celie, de “A cor púrpura”, a atriz britânica de 28 anos que faz sua estreia na Broadway exige que o público veja mais do que isso.

— Imagina-se que ela vá aparecer no palco sentindo pena de si mesma e pedindo que os outros sintam pena dela — diz Cynthia. — Mas a minha ideia é não fazer nada disso. Eu a vejo como uma sobrevivente.

O retrato sóbrio e agitado de Celie recebeu o tipo de crítica que pode mudar uma carreira: “Uma incandescente nova estrela”, declarou o “New York Times”. “Uma maravilha absoluta”, disse a Associated Press. “Transcendental”, avaliou o “Hollywood Reporter”. Quando eu tinha 15 anos, não me achava das mais bonitas. Mas algo aconteceu quando cheguei aos 20 e poucos. Passei a realmente gostar da minha aparência. Só porque eu não me pareço com as outras, não significa que não possa também ser bonita.

Nos dias após a abertura, Aretha Franklin e John Boyega (de “Star Wars: O despertar da Força”) apareceram para ver o que estava acontecendo no Bernard B. Jacobs Theater. E o desempenho de Cynthia tem sido apontado como um dos destaques da temporada, fazendo dela uma candidata ao Tony.

O papel de Cynthia não tem glamour: Celie vive sob duras condições na zona rural da Geórgia no início do século XX. Além disso, é vista como pouco atraente por todos ao seu redor. Viver esse tipo de papel dói, diz ela. Em algumas noites “você percebe que não é você quem está sendo chamada de feia”, mas em outras “é difícil, sem dúvida”.

— Tive um momento no qual disse, “John, eu preciso perguntar uma coisa” — lembra ela, recriando uma conversa com o diretor do espetáculo, John Doyle. — Celie é realmente feia?

Ao longo da apresentação, durante a qual ela vai dos 8 aos 50 anos, Celie passa a se ver como bela, numa jornada que tem paralelos com a vida de Cynthia.

— Quando eu tinha 15 anos, não me achava das mais bonitas — recorda-se. — Mas algo aconteceu quando cheguei aos 20 e poucos. Passei a realmente gostar da minha aparência. Só porque eu não me pareço com as outras, não significa que não possa também ser bonita.

Ainda desconhecida do público americano, Cynthia é filha de imigrantes nigerianos que foram morar na Inglaterra. Ela nasceu em Londres e foi criada pela mãe, uma enfermeira especializada em desenvolvimento infantil que percebeu desde cedo o talento da filha.

— Não foi nenhuma surpresa para ela quando aconteceu, pois ela já sabia. Quando contei que seria atriz, que iria cantar, ela disse: “Bom, trabalhe duro”.

Ela é baixinha (1,54m), musculosa e elegante, com o cabelo tingido de loiro e múltiplas perfurações na orelha. Começa cada dia com um suco verde e um treino. Faz boxe, yoga e dirige uma scooter. À noite, diz, gosta de “fazer quatro séries de 10 a 15 flexões e em seguida quatro conjuntos de 40 agachamentos, apenas para manter o sangue em movimento”. Ela também levanta pesos, mas fez uma pausa enquanto interpreta Celie para evitar mais músculos.

Ela é vegana de vez em quando, com uma paixão por chás de ervas e uma arca do tesouro de doces em seu camarim. Também é católica (“Minha fé está sempre comigo”) e seu namorado (“Minha outra metade”) é um ator britânico ainda mais musculoso chamado Dean John-Wilson, que estava escalado para o papel-título na produção londrina de “Aladdin”.

Cynthia começou a carreira de atriz aos 11 anos, aprendeu a tocar clarinete, atuou em peças escolares e, aos 15, foi Julieta numa produção do clássico de Shakespeare no Young Vic. Participou ainda de um reality show, aconselhando famílias caóticas no “Truste me, I’m a teenager” (“Confie em mim, sou uma adolescente”, em tradução livre). Cinco anos mais tarde, quando estudava Psicologia Musical na faculdade, encontrou o diretor da produção do Young Vic, que a convenceu a se transferir para a Academia Real de Arte Dramática.2015 876087012-color_breakout_14.jpg_20151222.jpg

— Ela era difícil no início, um pouco mal-humorada e muito, muito confiante. E essa confiança atrapalhava um pouco — disse Dee Cannon, que foi o mentor de Cynthia na Academia Real.

Cannon afirma que a dinâmica mudou quando ela pegou um papel numa produção de “Look homeward, angel”, que exigia vulnerabilidade no palco e com os colegas.

— Agora são sua força e sua vulnerabilidade, o fato de ela ser capaz de mostrar sua alma e sua vida interior, que a definem — disse Cannon.

Cynthia tem trabalhado sem parar. Ela estava em turnê na Grã-Bretanha, como protagonista em “Sister act”, quando ouviu que haveria uma montagem de “A cor púrpura” em Londres. Embora nunca tenha lido o romance de Alice Walker, já tinha visto o filme de Steven Spielberg e sabia que queria o papel.

— Eu não a conhecia, mas lembro de pensar: “Essa menina pode acontecer” — disse Doyle, que lançou Cynthia no papel principal em Londres e a escolheu como único membro do elenco britânico a ir com a peça para a Broadway.

Embora ela não seja americana e esteja interpretando um papel essencialmente americano, diz ter se sentido em casa com o elenco e a história.

— Não acho diferente ser uma garota negra na Inglaterra ou na América — argumenta. — Nós todas compartilhamos coletivamente uma dor do deslocamento, um sentimento de não pertencer aos lugares.

Cynthia não acredita que a etnia tenha afetado suas oportunidades no palco, mas acha que teve efeito em sua carreira na televisão.

— O que mais me incomoda, estando na Inglaterra, é que na tela não vemos tantas de nós. Não há muitas garotas negras — avalia. — Eles não fazem papéis para nós, ou não nos veem nesses papéis.

Quanto ao futuro, seus sonhos são tão altos quanto sua voz. Ela adora lutas e combates de espada e gostaria de fazer filmes de ação — assim como pretende um dia interpretar Sarah Vaughan, Tina Turner, Serena Williams e Cleópatra.

— Como você pode ver, nada é fácil.


Walter Goldfarb revê duas décadas de carreira em exposição

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16_rosas_lisérgicas_2007.jpgRIO - O carioca Walter Goldfarb, de 51 anos, pinta “desde moleque”, mas diz ter demorado muito para mostrar seu trabalho. Foi só em 1995, e Goldfarb alardeou à cidade que era artista. Naquele ano, fez sua primeira institucional, “Questão de pintura”, no Centro Cultural Correios; participou de “III Milênio”, no Centro Cultural Cândido Mendes; integrou o Salão Carioca promovido pela RioArte e a coletiva “Registros e inscrições”, ambos na EAV do Parque Lage; e exibiu trabalho na mostra “Novíssimos” do Ibeu. São as duas décadas de carreira contadas a partir de um ano tão fértil que o artista celebra agora, no mesmo Centro Cultural Correios, com “Walter Goldfarb — Retrospectiva 1995-2015 — Ela não gostava de Monet”.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra ocupa cinco salas, que o artista chama de continentes. São 40 telas, numa montagem que não obedece a uma ordem cronológica. Vanda quis privilegiar o enfrentamento visual e simbólico das obras, escolhidas entre as séries do artista Teatros Bíblicos (a mais antiga na exposição, da qual faz parte “Buscando minha alma”, de 1994-96, quando Goldfarb usou pela primeira vez figuração), Branca, Negra, Teatros do Corpo, Lisérgica e a mais recente Brinquedo de Roda, a partir das cantigas de roda de Villa-Lobos.

O que imediatamente salta aos olhos, na mostra, é a escala das obras. Todos os trabalhos são muito grandes, chegando a ter 3,50m x 5,70m. Foi uma opção da curadoria, esclarece o artista, mas determinada pelo próprio caráter do seu trabalho.

— Isso faz parte da minha linguagem. Nunca pego uma tela e ponho no chassi. Eu pego um rolo de lona, começo a pintar e, se preciso de mais, vou desenrolando a lona.

Nunca pego uma tela e ponho no chassi. Eu pego um rolo de lona, começo a pintar e, se preciso de mais, vou desenrolando a lona

Quem chega ao foyer se depara logo com duas obras que alcançam quase seis metros de altura: “Uma paixão no teatro gótico” e “Uma paixão no teatro barroco”, ambas de coleções particulares. A última remete a filigranas de Toledo — sobre laca ainda molhada, ele usa pó de ouro, cobre e prata; depois de seco, lixa, resgatando as superfícies. O uso dos materiais é outra especificidade do artista. Todas as tintas de Goldfarb são produzidas no seu ateliê. Quando quis fazer bordados sobre pinturas (como em “Ela não gostava de Monet”, que dá título à retrospectiva), desfiou a lona crua — ela própria parte do trabalho — e tingiu os fios. Trabalhou com materiais variados, como piche e carvão, em obras, como nota a curadora no texto sobre a exposição, de “composição cuidadosa e quase artesanal, como se ‘tatuasse’ a realidade que habita o seu imaginário”.

É algo que o próprio artista reconhece, ao ver telas de períodos distintos, e de diferentes fontes de inspiração, lado a lado nos Correios.

— Montando a mostra, lembrei de uma reportagem que uma jornalista fez comigo, em que descrevia os degraus ao subir ao meu ateliê — conta ele. — Depois de 20 anos, me dei conta da altura de cada degrau, não no sentido da carreira, mas de como minha pintura foi se transformando, ficando peculiar. De como eu já tinha produzido, num determinado período, um inventário muito próprio — diz Goldfarb.

Catálogo dos Beatles está disponível em serviços de streaming

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beatlesspotify.jpgRIO — Os Beatles deram um belo presente de Natal aos fãs, com o acervo completo da banda finalmente chegando aos serviços de streaming a partir da 0h01 desta quinta-feira, dia 24 de dezembro. O grupo anunciou a novidade num vídeo de 35 segundos reunindo trechos de vários dos seus sucessos.

Não houve nenhum comunicado oficial de Paul McCartney ou Ringo Starr, nem da Universal Music Group, que detém os direitos das músicas. Em nota, apenas informaram que todo o catálogo — 13 discos de estúdio e quatro compilações — está disponível em nove serviços: Spotify, Apple Music, Google Play, Amazon Prime Music, Tidal, Deezer, Microsoft Groove, Napster/Rhapsody e Slacker Radio.

No Spotify, já existem várias playlists, entre elas uma reunindo todas as canções da banda.

Obra completa dos Beatles

Conhecidos pela resistência em se juntar a era digital, os Beatles se recusaram a disponibilizar suas canções no iTunes por mais de sete anos antes de chegar a um acordo com a Apple em 2010. “É fantástico ver que as músicas que lançamos originalmente em vinil recebam tanto carinho no mundo digital como receberam quando foram lançadas”, disse McCartney na época. A banda vendeu 450 mil álbuns e 2 milhões de faixas individuais na semana de lançamento, de acordo com a Apple.

Agora o streaming se tornou um negócio grande demais para ser ignorado. Outros grupos clássicos de rock reticentes ao mundo digital já vinham percebendo isso e se renderam: o AC/DC chegou a internet no início do ano, seguindo o movimento feito por Led Zeppelin e Pink Floyd em 2013. O material da carreira solo dos ex-Beatles — Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr — já estava amplamente disponível online.

Artistas mais jovens, no entanto, começaram a resistir em alguns casos. Taylor Swift, que convenceu a Apple Music a pagar direitos pelas músicas tocadas no período gratuito de testes dos usuários após uma reclamação pública, não disponibilizar suas canções em nenhum serviço de streaming que tenha versão gratuita, como o Spotify. Adele até agora manteve seu megasucesso “25” fora de todos esses serviços — apenas o single “Hello” pode ser ouvido em streaming.

As diferenças entre os trailers de 'Star Wars' e a versão final (spoilers)

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201512162043300191_AP.jpgLOS ANGELES — J.J. Abrams nunca quis guiar os fãs de “Star Wars” na direção errada. O roteirista e diretor garante que, se os trailers de “O despertar da Força” trazem imagens e diálogos que não aparecem no filme, essas discrepâncias não foram criadas de forma proposital, para despistar o público.

“É razoavelmente comum quando você está trabalhando num filme e ainda falta um ano ou seis meses para ele sair”, explica Abrams, “Ainda estávamos editando, refinando e ajustando o filme. Esse processo de evolução é algo difícil de prever.”

Numa entrevista recente com a “Associated Press”, ele detalhou essas decisões, junto com as editoras Mary Jo Markey e Maryann Brandon. Daqui pra baixo há spoilers o tempo todo, naturalmente.

CHAMADO DA LUZ

Ren.jpgOs fãs de Star Wars piraram quando dois feixes de luz saíram para o lado no sabre de Kylo Ren no primeiro trailer. Mas “O despertar da Força” não traz esse momento específico.

“Pode haver uma imagem ou uma cena no trailer que se torna poderosa naquele formato curto, mas não funciona no longa”, diz Abrams. “Algumas cenas acabaram não sendo usadas no filme, simplesmente porque estávamos trabalhando para que ele fosse a melhor versão de si mesmo, o que às vezes significa perder um momento aqui ou ali.”

Entre outros trechos dos trailers cortados no filme estão a cena em que Rey (Daisy Ridley) entra nos escombros de um Star Destroyer em seu planeta natal e uma ameaçadora troca de palavras entre ela e a pirata Maz Kanata (Lupita Nyong'o).

ELE VAI GUIÁ-LA

No segundo trailer, Maz Kanata aparece passando o sabre de luz para outra mulher, mas no filme é Finn (John Boyega) quem recebe a arma da personagem. Abrams reconhece que depois da destruição do castelo de Kanata pela Primeira Ordem, ela teria viajado para a base da Resistência, onde entregaria a arma de Luke Skywalker para sua irmã, Leia Organa (Carrie Fisher).

sabre.jpg“Acabou sendo desnecessário”, argumenta. “O filme pareceu ficar mais forte se pulássemos esse momento. Depois percebi que coloquei toda a equipe para filmar essa cena, que acabou cortada.”

Os fãs de "Star Wars" não devem esperar por uma versão estendida de “O despertar da Força” com essas cenas reinseridas na narrativa. Diferente de seu predecessor, Abrams não está interessado em relançamentos.

“Não sou fã de versões do diretor e mudanças nos filmes. Acredito que a versão lançada deve ser aquela que se pensa como um produto final.”

QUEM FALA PRIMEIRO?

Mark Hamill apresenta uma nova versão de uma fala dita por Luke Skywalker em “O retorno de Jedi” no segundo trailer, mas o monólogo não aparece em “O despertar da Força”. Na verdade, Skywalker não fala uma palavra sequer em sua curta participação ao final do filme. Abrams afirma que nunca teve a intenção de incluir falas do último Jedi nesse Episódio VII.

“Tivemos muitas ideias diferentes nos últimos três anos. Quando ficou claro qual era a história e para onde os episódios VIII e IX iriam, concluímos que o final desse deveria ser um gancho. Obviamente a história de Luke vai continuar de uma forma bem estranha, mas isso não era material para esse filme.”

Veja todos os trailers de "Star Wars: O despertar da Força'

Todos os trailers de 'Star Wars: O despertar da Força'

Filme alemão tem plano-sequência de 134 minutos sobre assalto a banco

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victoria.jpgRIO — Em “Victoria”, em cartaz no Brasil desde esta quinta-feira, os personagens principais dançam numa boate, roubam um carro no meio da rua e bebidas alcoólicas de uma loja de conveniência, brigam na calçada, usam drogas na cobertura de um prédio, vivem momentos românticos e, no clímax, invadem um banco e participam de uma intensa troca de tiros em vielas de Berlim. O longa tem extensos 134 minutos e é filmado num único plano-sequência, isto é, a câmera foi ligada e, durante todo aquele tempo, o que ela capturou é que o está nas telas. Ao contrário de alguns consagrados filmes que se propuseram a usar a mesma técnica, como “Festim diabólico” (1948) e “Birdman” (2014), não há truques nem cortes escondidos em “Victoria”. Pelo menos é o que a equipe alega, assim como o material de marketing da produção, que aqui no Brasil estampou nos cartazes, com letras garrafais, a informação sobre a existência do plano-sequência.

Embora o formato chame a atenção, ele não é garantia de um bom filme. Mas, no Festival de Berlim, ele venceu o Urso de Prata de contribuição artística pela fotografia de Sturla Brandth, enquanto parte da crítica atribuía à obra do cineasta Sebastian Schipper o mérito de não se apoiar totalmente em sua complexa técnica e por focar, também, na dramaturgia e no desenvolvimento de seus personagens.

— A protagonista, Victoria, foi uma boa moça a vida inteira. Seguiu todas as regras e acabou sem nada. Estudou intensamente, mas, no fim, ouviu que não era talentosa o suficiente. Será que ela é um exemplo para nós? Esse é um dos principais questionamentos do filme — diz o alemão Sebastian Schipper, mais conhecido por seu trabalho como ator em filmes como “Corra, Lola, corra” (1998).

DOZE DIAS DE ENSAIOS

O filme gira em torno da personagem-título, vivida pela espanhola Laia Costa, a partir do momento em que ela sai de uma festa às 4h da manhã e conhece um grupo de alemães. Morando há pouco tempo em Berlim, a garota se aproxima dos rapazes, ainda que, aos poucos, fique claro que as intenções deles não são lá muito bondosas. A trama justifica a amizade repentina e inusitada entre os jovens quando se aprofunda no passado de Victoria. Numa das cenas mais intimistas, ambientada numa lanchonete, ela explica a Sonne (Frederick Lau) que praticou piano durante toda a infância, mas foi rejeitada pelo conservatório, terminando solitária e buscando companhia numa cidade que mal conhece. Victoria decide ajudar os novos colegas num plano obscuro, e não volta atrás nem quando fica evidente que se trata de assaltar um banco. Todo o filme é contado pelo ponto de vista de Victoria. Trailer de 'Victoria'

— A parte mais complicada foi memorizar os detalhes técnicos ao mesmo tempo em que eu tinha que permanecer no personagem — lembra a atriz Laia Costa. — A gente não tinha a opção de parar e dizer: “Podemos repetir essa cena, por favor?”. Nesse projeto, o diretor de fotografia se assemelha a um jornalista de guerra tentando registrar a ação. O plano-sequência é uma contribuição importante para a história no sentido de que ele captura a atmosfera de urgência e perigo, o interior dos personagens, a vida noturna de Berlim e as emoções cotidianas de uma maneira extremamente autêntica.

Para sincronizar todos os eventos do enredo, foram necessários 12 dias de ensaios. Ao longo da projeção, são usadas mais de 20 locações. E mais de 150 figurantes trabalharam sob a coordenação de seis assistentes de direção.

Para justificar a opção de filmar em plano-sequência, Sebastian Schipper cita um trecho do romance “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley: “Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado”.

— Para mim, isso é o cinema, e é por isso que fazemos filmes. Na maior parte das vezes o que vemos são obras dentro de zonas de conforto. “Victoria” não é algo banal como (o jogo) “Candy crush”. É poesia, perigo, liberdade e pecado.

ERRO ENTROU NO FILME

Foram três tentativas para rodar o filme. A versão lançada nos cinemas é a última. Mesmo assim, houve momentos de tensão. Na cena que sucede o assalto ao banco, por exemplo, Laia Costa deveria dirigir um carro por um trajeto específico. Só que ela errou o caminho, então o pânico dos outros atores e as súplicas para que ela vire na esquina certa são genuínos. Quando o cinegrafista percebeu que o carro estava passando por integrantes da equipe que estavam parados nas calçadas, tomou a decisão de deitar no banco e filmar a cena por baixo. Todo esse momento de desespero está registrado nas telas. Até mesmo o diretor, que estava escondido no chão do veículo, começou a gritar orientações, com medo de que toda a sequência, até então rodada como planejada, fosse desperdiçada. A voz dele, contudo, foi retirada durante a pós-produção. O cineasta diz que nada deu errado nas duas primeiras tentativas. Mas elas não teriam sido boas o suficiente. Quando assisti ao filme completo, foi um momento emocionante, profundo, feliz e avassalador

— Filmar “Victoria” foi como criar uma máquina, como os Irmãos Wright fizeram com o avião. Na primeira tentativa, o avião não voou direito. Na segunda, faltou poesia. Já na terceira, o avião voou, e com graciosidade.

Schipper descreve a sensação de quando a câmera foi finalmente desligada, com o dia amanhecendo:

— Estávamos exaustos e vazios. Na minha cabeça, o resultado parecia positivo, mas eu, obviamente, ainda não tinha avaliado nenhuma cena num monitor ou numa sala de edição, como se faz numa produção tradicional. Então, apesar da sensação otimista, foi apenas no dia seguinte, quando assisti ao filme completo, que soube que tínhamos o resultado que queríamos. E aí, sim, foi um momento emocionante, profundo, feliz e avassalador.

Saiba quem pagou R$ 185 pela lama do Rock in Rio

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2015092494479.jpgRIO - "Em 85, a Cidade do Rock ficava na área onde está sendo construída a Vila dos Atletas, Zona Oeste do Rio. Durante a obra, operários encontraram pedaços de camisetas, tênis, sandálias, óculos, restos daqueles fantásticos 10 dias ainda agarrados à lama de 85, quando 1.380.000 pessoas estiveram por ali. Agora, um pouco daquela lama é sua". Assim se inicia o texto impresso no verso de um azulejo de acrílico vendido a R$ 185 nas lojas oficiais do Rock in Rio como "A Lama de 85" . A organização do festival não divulgou o número de unidades comercializadas, mas vendedores falam que elas já passaram de cem. Rock in Rio 2015: Sem poder ir em 1985, carioca compra lama histórica

Na beira do balcão, fala-se também do perfil do consumidor: adultos perto da meia idade, a maioria presente na primeira edição do festival, em janeiro de 1985, quando a lama fez história ao lado de nomes como AC/DC, Queen e Gilberto Gil. É o caso — ou quase — do comerciante Gustavo Santoni, de 39 anos. Ele foi barrado na entrada do festival pela pouca idade, sendo assim a única edição do Rock in Rio da qual não participou. Links Rock in Rio FIM

— Meus irmãos foram, e eu fiquei triste ouvindo a música da minha casa no Recreio, perto do festival. Quando passava pelo terreno da Vila dos Atletas, já brincava com os amigos de pegar um pouco da lama para guardar de recordação. Achei o preço um pouco puxado, mas daqui a 20 anos, isso será uma relíquia — aponta o carioca, que coleciona objetos como um Violão Di Giorgio e um sextante de prata.

O arquiteto paulista Amilcar Borba, de 45 anos, também é frequentador assíduo do festival — mas, diferente de Santoni, esteve presente em 1985 e ausente em 2001, pela pouca idade do filho. Este, aliás, foi contra a compra da "Lama de 85" e bradou um "cê é louco?".

— A lama é a melhor recordação da época. Lembro de voltar dos shows todo sujo de lama, deitado no chão do ônibus. Se eu mexer no cabelo, é capaz de encontrar ainda um pouco de terra na cabeça — brinca o arquiteto, que apreciou shows do Yes, Barão Vermelho e Blitz em 1985 e, em 2015, do System of a Down e Slipknot.

Naufrágio do Bateau Mouche é tema de novo livro de Ivan Sant’Anna

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2015 874788325-201512161730168937.jpg_20151216.jpgRIO — Quando o Bateau Mouche IV afundou na noite de 31 de dezembro de 1988, Ivan Sant’Anna já estava dormindo. O escritor detesta réveillons e, por conta disso, só ficou sabendo do desastre que matou 55 pessoas no dia seguinte. Mas, se não é apreciador das viradas de ano, Sant’Anna é conhecido pelo gosto em investigar acidentes. Ele é autor dos livros “Caixa-preta” e “Perda total”, que analisam algumas catástrofes da aviação que marcaram o país. Agora, o autor apenas mudou do espaço aéreo para o marítimo, com a publicação de “Bateau Mouche — uma tragédia brasileira” (Objetiva).

É a falta de fiscalização e a ganância. São chamadas de fatalidades porque não se inspeciona direito. A marca é sempre a irresponsabilidade total. Da boate Kiss à barragem da SamarcoNa obra, o acidente é analisado de maneira mais ampla, com atenção para a responsabilidade de cada um dos envolvidos. Todos passam pela lente de Sant’Anna: o arrais do barco, o armador-gerente, os militares da Capitania dos Portos e as empresas Itatiaia Turismo e Bateau Mouche Rio Turismo.

Sant’Anna reconstrói a trajetória do barco projetado para pescar lagostas que virou um veículo turístico. O autor explica por que resolveu desengavetar o projeto, em produção desde o início dos anos 2000.

— Ficou uma ideia generalizada de que o Bateau Mouche afundou por culpa da máfia espanhola, que controlaria o barco. Não concordo com essa visão. Diversas coisas contribuíram para o acidente. A começar pelos erros da Marinha, que deixou um barco fabricado para levar 20 pessoas transportar 142 — diz ele.

A ligação dos espanhóis Avelino Rivera e Faustino Puertas Vidal e do português Álvaro Pereira da Costa, que controlavam a Bateau Mouche Rio Turismo, com a máfia nunca foi plenamente esclarecida. Condenados, eles deixaram o Brasil e jamais foram presos.

Sant’Anna acompanhou o desenrolar do caso na Justiça e entrevistou alguns sobreviventes do acidente. Até hoje, apenas uma família conseguiu indenização. No fim do livro, conclui-se que o acidente só poderia ter acontecido pela conjunção de muitos fatores, algo semelhante a outras tragédias brasileiras.

— É a falta de fiscalização e a ganância. São chamadas de fatalidades porque não se inspeciona direito. A marca é sempre a irresponsabilidade total. Da boate Kiss à barragem da Samarco — garante.

O livro também faz uma espécie de desagravo a Camilo Faro, que conduzia o Bateau Mouche IV. O livro explica que Faro tinha medo de perder o emprego em meio à crise econômica que afetava o país. O cargo lhe pagava valores correspondentes hoje a R$ 1,5 mil.

HERÓIS GANHAM ESPAÇO

Mas, sabendo estar no comando de uma embarcação condenada pela lotação, ele se comunicou com a Capitania dos Portos e, por volta de 22h15m, retornou ao porto para a contagem de passageiros. No entanto, um laudo permitia o número de 153 pessoas, mais do que as 142 a bordo. Sem alternativas, o capitão teve que voltar ao mar.

Como os outros barcos deixavam a Baía de Guanabara e entravam em mar aberto para seguir em direção à Copacabana, Faro se sentiu pressionado a continuar. Foi quando as ondas viraram o barco, arremessando passageiros e tripulação nas águas.

— Acontece o mesmo com pilotos. Se outros colegas conseguem pousar em determinada pista, mesmo com chuva, o comandante da aeronave se vê obrigado a fazer o mesmo. E aí é que acontecem os acidentes.

Nas páginas de “Bateau Mouche”, os vilões são os protagonistas. No entanto, alguns heróis recebem atenção. De classes sociais distintas, Jorge Souza Viana e Oscar Gabriel Júnior executaram papéis semelhantes. Este, era pescador e estava com a família em uma traineira. Aquele, era dono de um iate. Os dois abandonaram os festejos e arriscaram sua própria segurança para ajudar no resgate.

— Eles evitaram que a tragédia tivesse proporções ainda maiores — finaliza Sant’Anna.

Maria Bethânia: 'A poesia tem uma sensualidade infernal'

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201512232241164708.jpgRIO — Em 2009, a historiadora mineira Heloisa Starling convidou Maria Bethânia para participar de um projeto da Universidade Federal de Minas Gerais em que a cantora escolheria seus poemas preferidos para declamar aos alunos. Bethânia topou, encheu os bolsos com versos de Fernando Pessoa, Castro Alves, Guimarães Rosa, entre outros, e, meses depois, interpretou-os para uma plateia lotada de jovens. O som falhou, a luz faltou, mas o sarau improvisado nunca saiu da memória da artista, que acabou transformando a ideia no espetáculo “Bethânia e as palavras”, que rodou Brasil e Portugal.

capa__frente_-_caderno_de_poesias_-_maria_bethânia.jpgNo ano em que comemora cinco décadas de carreira — com show, exposição e enredo de carnaval entre as celebrações — a cantora agora lança o livro com todas as poesias escolhidas, além de textos de próprio punho: “Caderno de poesias” (Editora UFMG), com projeto gráfico de Gringo Cardia.

Paralelamente, sai pela Biscoito Fino o DVD do espetáculo que deu origem à publicação. E o que era para ser só um sarau para alunos também vai virar uma série de TV: ao assistir a uma das apresentações, a direção do Arte 1 a convidou para criar um programa sobre o tema, e o piloto, sobre Castro Alves, acaba de ser gravado. Ao GLOBO, Bethânia fala sobre sua relação com a poesia.

Além de poesia, é sabido que você adora HQs. Foram os quadrinhos que te despertaram para a leitura?

Na verdade, não. Estudei em colégio de freira, com muito rigor, onde eu tinha muito medo. Mas conheci o professor Nestor de Oliveira. Ele me trouxe a novidade de que uma aula podia ser deliciosa. Ele saía daquele rigor. Acho que ele era muito boêmio e não preparava a aula, sabe? (risos) Ele pegava uma poesia linda do Castro Alves, dava um pouco de gramática e tome poesia! Foi daí. A coisa da história em quadrinhos me pegou já aqui no Rio, quando me vi com 17 anos caindo nessa novidade de ser cantora famosa. Era uma coisa infantil. E eu ainda leio. Domingo agora ganhei um livro muito interessante, “A vida oculta de Fernando Pessoa”, em quadrinhos.

Depois do Nestor, quais mestres foram te guiando pela poesia?

Links Maria BethâniaSou irmã de Caetano, né? Mas vindo para o Rio, Vinicius de Moraes, que foi um grande amigo, um grande professor. Por algum tempo, morávamos no mesmo prédio, e ele perguntava: “Bethaninha, que cê vai fazer hoje? Tome este livro. Leia e comente comigo”. E Fauzi Arap (diretor de teatro). Este projeto, hoje, é fruto de um exercício que Fauzi e eu descobrimos juntos, lá atrás, um jeito que cortar um poema e colar com um pedaço de música, essas colagens que ele me ensinou para eu me expressar melhor.

A ordem dos poemas também foi estabelecida por você?

Fui eu que fiz tudo. E fiz às 11h, numa universidade, sem luz, sem som, eu cantarolava à capela, e todo mundo foi gostando daquilo, como se fosse um espetáculo. E pra mim não era. Mas com o respaldo da universidade e com a permissão dos autores, virou. E isso pra mim é bonito porque vai oferecer para outros alunos aquela mesma emoção que eu senti com o Nestor. Se não fosse com esse propósito, eu deixava tudo guardado, quietinho, como sempre fiz, e depois queimava (refere-se aos textos de sua autoria que integram o livro).

Mas na exposição que ocupou este ano o Paço Imperial havia alguns dos seus cadernos de poesias à mostra...

Eu dei uma aberturinha maior esse ano, né? (risos) Eu não tenho intenção nenhuma de publicar, nada. Eu gosto é do exercício. Faço para me aliviar. Toda essa pressão de palco, estreia, visibilidade... É uma válvula de escape.

No livro, você escreve que “Dizer poesia hoje, nesse tempo de tanto desapego, é tarefa difícil. É como ofender o mundo”.

Exato. Pare um pouquinho, desligue o telefone dez minutos, leia um verso. Em algum momento você vai se lembrar de como aquilo te fez sentir. Alguma coisa fica. Neide Archanjo dizia: “Poesia é uma pétala caindo no abismo”.

Mas a poesia também vive um momento bom, com boas vendagens para coletâneas, como a de Leminski.

Acho que é porque pessoa também não aguenta! Ninguém aguenta ficar três horas no trânsito sem cantarolar uma canção, sem lembrar de uma frase, de um beijo, de um perfume.

A lista dos poemas do livro tem Fausto Fawcett, Bruna Lombardi.

No desespero eu corro pro Pessoa, a poesia me vinga. Pelo menos alguém escreveu o que eu não sei dizerFoi a Regina Casé quem me apresentou à poesia de Fausto Fawcett, e adoro. A Bruna eu conheço de muitos e muitos anos. E quis incluir aquele poema lindo que ela fez quando arrebentou com o mundo como Diadorim (na minissérie “Grande Sertão: Veredas”, em 1985), um poema sobre o ar: “Você pode me empurrar pro precipício/ não me importo com isso/ eu adoro voar”.

Como surgiu o programa de TV?

A direção do Arte 1 me procurou, com interesse em investir em poesia, querendo que eu fizesse um programa. Eu disse que sim, mas que primeiro precisava saber se tinha dinheiro público dentro. Se tivesse, eu estaria fora. Depois, disse que não sou jornalista, não sei entrevistar, não sou intelectual, não sirvo para mediar. O que posso fazer é interpretar. Sugeri começarmos com Castro Alves, e botar o professor Alberto da Costa e Silva para dialogar com o Mautner. Eles conversavam, e de vez em quando citam algum poema. E eu pá! Entro e declamo. E eu também pedi para ter sempre um professor de escola pública em cada episódio, para conversar sobre a sua realidade.

Você lê poesia erótica?

Sim. Recebi o livro do Chico César, “Versos pornográficos”, quando fizemos um show juntos. E desde então estou louca por este livro. E é uma delícia, ele é danado, eu lia e pensava: menino, tome juízo! A poesia tem uma sensualidade infernal. Tem uma hora que nego fica mexendo ali e não segura a onda, entrega o jogo.

Como você viu a notícia do incêndio no Museu de Língua Portuguesa?

Eu estava vendo TV e vi a tragédia. Inclusive eu “falo” neste museu, eu recito justamente Diadorim, de Guimarães Rosa. É um simbolismo muito forte, o fogo lambendo a nossa língua. Logo nesse lugar, esse elemento... Você veja: água, lama, lume. É a natureza estremecendo. Isso me dá mais certeza de que a natureza é realmente poderosa e está dando sinais de muita nitidez. Normalmente, quando tem lume, é um bom sinal. É um elemento que está perto de mim, por causa do meu orixá. É sabido que o lume, quando incendeia, renova. Por isso eu queimo meus papéis, meus escritos, e quando falam “que pena”, eu penso: pena nada, eu é que não sou boba.

E o fogo renova sua escrita?

O fogo pode ser um sinal de esperança, sim. O que eu fico assustada, mais do que tudo, é com o cinismo. O cara acaba com as cidades, com lama, cobre tudo, mata, e não acontece nada. Agora o incêndio, ah, “pode ter sido um curto-circuito porque não tinha prevenção”, como assim? O Rio de Janeiro botando tapume nos hospitais. É muito cinismo, é desesperador. No desespero eu corro pro Pessoa, a poesia me vinga. Pelo menos alguém escreveu o que eu não sei dizer.


Janet Jackson adia turnê para passar por cirurgia

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globo-6l59611d8d3gggxs5i5_original.jpgLOS ANGELES - Janet Jackson terá que adiar as próximas datas de sua nova turnê mundial, "Unbreakable", por conta de uma cirurgia. A cantora, de 49 anos, não especificou qual será o procedimento. Links Janet Jackson

Dizendo que não daria mais detalhes sobre seu estado de saúde, a cantora se limitou a pedir por orações de apoio. A próxima apresentação de Janet seria no dia 9 de janeiro, em Denver, nos Estados Unidos.

Segundo comunicado divulgado pela equipe da cantora em seu site oficial, ela não voltará aos palcos até o segundo trimestre de 2016. Os shows adiados ainda não foram remarcados.

A turnê do disco "Unbreakable", que começou no fim de agosto, é considerada uma das 20 maiores do mundo.

Radiohead e LCD Soundsystem lançam faixas inéditas

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radiohead_lcdsoundsystem.jpgRIO - Baixou o espírito natalino em Thom Yorke e James Murphy. Os líderes do Radiohead e LCD Soundsystem aproveitaram o clima para distribuir presentes para os fãs e lançaram faixas inéditas.

Yorke divulgou "Spectre", música composta na tentativa de a banda emplacar o tema do novo 007, lançado este ano. Apesar de o Radiohead ser um dos nomes cotados para assumir o posto, quem levou a melhor foi Sam Smith.

"Ano passado nós fomos convidados a escrever um tema para o filme "Spectre", de Bond. Sim, nós fomos. Não rolou, mas se tornou algo que amamos muito. Como o ano está chegando ao fim, pensamos que vocês gostariam de ouvi-la. Feliz Natal. Que a Força esteja com vocês", disse Yorke no Twitter, aproveitando o ensejo para fazer uma referência ao baladado "Star Wars".

Radiohead - 'Spectre'

Já os fãs de LCD Soundsystem não devem se empolgar muito. Música nova não significa que a banda vá voltar à ativa. Segundo um comunicado, Murphy decidiu convocar os ex-colegas para gravar "Christmas will break your heart" ("O Natal vai partir seu coração", em tradução livre). Al Doyle, Pat Mahoney, Nancy Whang e Tyler Pope participaram da gravação.

"Então tem essa música deprimente de Natal que eu venho cantando para mim nos últimos oito anos, e todo ano eu não lembro dela até dezembro, quando já é tarde demais para gravar e lançar uma música de Natal". Desta vez, com os amigos reunidos, a faixa finalmente saiu. LCD Soundsystem - Christmas will break your heart

Novo trailer de 'Deadpool' apresenta o Colossus

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Segundo trailer de Deadpool - Legendado

RIO - Lançado em pleno dia de Natal, o segundo trailer oficial de "Deadpool" não poupa ninguém de violência, grosseria e sangue. Com várias cenas inéditas, o vídeo de quase três minutos estrelado por Ryan Reynolds traz a primeira aparição do Colossus (Stefan Kapicic), além de apresentar a personagem Negasonic (Brianna Hildebrand).

Baseado no anti-herói menos convencional da Marvel, "Deadpool" conta a história de Wade Wilson, um oficial das forças especiais que, sofrendo de um câncer terminal, é submetido a uma experiência que o torna indestrutível.

O filme conta ainda com a brasileira Morena Baccarin, como Copycat, T.J. Miller, como Weasel, Gina Carano, como Angel Dust, e Ed Skrein, como o Ajax. Dirigido por Tim Miller, "Deadpool" estreia no Brasil em 11 de fevereiro de 2016.

‘E aí, comeu?’ quer mostrar universo masculino sem machismo

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2015 874508437-eaicomeu1.jpg_20151215.jpgRIO - Observados pelas câmeras do diretor João Fonseca, Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira e Emilio Orciollo Netto refletem sobre as particularidades das vidas de solteiro, casado, e também sobre mulheres, claro.

— Vida de solteiro é que nem lasanha congelada, o molho está por cima, mas o recheio é sempre congelado — diz um deles.

A cena poderia ser tranquilamente um registro de um encontro entre os três atores, amigos de longa data. Mas, no caso, faz parte de um papo entre Fernando (Mazzeo), Honório (Palmeira) e Afonsinho (Orciollo) na série “E aí, comeu?”, que estreia no Multishow no primeiro semestre de 2016. Em 13 episódios, a atração retoma a história já vista no filme homônimo, de 2012, baseada na peça de Marcelo Rubens Paiva.

Assim como no longa, o espectador acompanha os dilemas amorosos do trio, entre conversas de bar e piadas que, sim, podem ter um quê machista. Logo defendido por Mazzeo.

— Os homens têm o momento do bar, quando estão entre eles. Ali, eles são os “fodões”, entende? E o título é uma brincadeira com essa coisa do bar. Fora dali, no entanto, estão de quatro pelas mulheres, sempre tentando se adaptar e entender a independência delas — explica ele, casado com a diretora Joana Jabace. — Para mim nada é mais bonito e justo do que a mulher ter esse lugar. Acho que no dia que as mulheres tiverem o domínio da parada o mundo será bem melhor.

Orciollo vai mais longe: diz que a série é “uma declaração de amor às mulheres”. Mas reconhece que seu personagem, o bon vivant Afonsinho, pode provocar uma certa implicância. São três homens que na mesa de bar viram três meninos. Homens à procura de encontros de vida. É uma história com humor, drama. Não queremos ser politicamente incorretos ou dar lição de moral em ninguém

— Ele é sem noção, um adolescente fanfarrão que ninguém pode levar a sério. Fala os maiores absurdos achando que está abafando. Infelizmente, há muita gente como ele por aí. Acho ótimo que a série levante questões e debates que façam as pessoas conversar mais sobre assuntos como o machismo e a intolerância.

O diretor João Fonseca conta que, desde o início, a preocupação foi trazer o universo feminino para esse ambiente tão masculinizado. E que as personagens femininas da história, Leila (Emanuelle Araújo) — a mulher do Honório — e Regina (Maria Manoella) — colega de escritório do jornalista — estão aí para provar isso.

— No cinema, a gente cai muito nesse papel da mulher menor, que é a atraída ou a chata. Isso não me interessa fazer, é ultrapassado, chato. Gosto de personagens femininas sem clichê, que questionam, provocam — valoriza.

Para Marcos Palmeira, a série desmistifica a ideia de que os homens se reúnem para falar mal dos relacionamentos. Muito ao contrário.

— São três homens que na mesa de bar viram três meninos. Homens à procura de encontros de vida. É uma história com humor, drama. Não queremos ser politicamente incorretos ou dar lição de moral em ninguém — avisa Palmeira, que reconhece que seu Honório é, sim, machista: — Ele é fruto de uma geração machista, assim como eu sou, embora eu seja bem liberal. Honório é datado. Um caso de terapia. Se fizesse análise cortaria muitos caminhos.

General alemão que desistiu de destruir Paris é tema de filme

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2015 876333841-diplomacia2.jpg_20151224.jpgRIO - Era fim da Segunda Guerra, e os nazistas já não tinham a perspectiva de vencer o conflito. Havia, contudo, uma derradeira e terrível cartada: a destruição total de Paris. Hitler ordenara ao general Dietrich von Choltitz, então comandante da cidade ocupada pelos alemães, que promovesse um ataque aos principais cartões-postais. Assim, no dia 25 de agosto de 1944, a Torre Eiffel viria abaixo, o Rio Sena inundaria as ruas, milhares de vidas seriam perdidas, e o avanço dos Aliados sobre a capital francesa seria interrompido — pelo menos temporariamente. Mas o dia amanheceu e nada aconteceu. Por quê? O que levou Von Choltitz a desobedecer as ordens de Hitler?

Embora esse acontecimento histórico já tenha sido abordado em filmes como “Paris está em chamas?” (1966), é em “Diplomacia”, em cartaz a partir do dia 7, que o alemão Volker Schlöndorff, vencedor do Oscar de filme estrangeiro e da Palma de Ouro por “O tambor” (1979), oferece argumentos minuciosos. Baseado na peça de Cyril Gely, o longa-metragem, laureado com o prêmio César (o Oscar francês) de melhor roteiro adaptado, se passa na véspera dos ataques a Paris e esmiúça o processo psicológico que levou o general, interpretado por Niels Arestrup, a desistir da atrocidade. Em qualquer história, é importante humanizar os personagens, principalmente os vilões. É uma questão de respeito humano

— Quando você para para pensar que Paris esteve extremamente próxima da destruição completa, é algo profundamente perturbador — diz, em entrevista por telefone, o diretor nascido em Wiesbaden, na Alemanha, e radicado na capital francesa. — Mais do que um filme de guerra, o que está em jogo aqui é a questão da civilização. Eu já conhecia a história do general Dietrich von Choltitz, mas os detalhes que descobri com o tempo me impressionaram. Ele era um militar casca-grossa. Portanto, a desistência heroica dele me soou como um paradoxo.

A mudança de ideia, de acordo com o filme, aconteceu porque o cônsul sueco Raoul Nordling (André Dussollier) teve um encontro com o general à véspera do ataque, quando tentou convencê-lo a abrir mão do plano. Na vida real, essa reunião jamais aconteceu, embora as duas autoridades tenham se conhecido em outras ocasiões. Para formular os diálogos entre os dois, Schlöndorff, que também assina o roteiro da trama, baseou-se em acessos exclusivos que teve a fontes alemãs, cartas e protocolos secretos da época. Mais da metade do filme é ambientada entre as quatro paredes do Hotel Le Meurice.

— A tentação de incluir cenas de ação numa história como essa é sempre grande, mas o poder do filme reside justamente no fato de eles estarem enclausurados nesse cenário claustrofóbico, tentando chegar a uma conclusão em pouco tempo. É isso que reforça a tensão e a urgência do filme — justifica o diretor.

O cônsul tenta convencer o militar, primeiro, com argumentos sustentados nas futuras relações diplomáticas entre os países. Lembra, por exemplo, como a Alemanha, caso a destruição de Paris seja concretizada, terá a sua imagem ainda mais arranhada após o término da guerra. Mas é só quando apela para o lado emocional que passa a ser bem-sucedido. Von Choltitz, afinal, é um pai de família que, ele revela, terá seus filhos mortos caso desobedeça as ordens de Hitler. “Se Hitler ordenasse que você matasse seu filho de quatro meses, você seguiria em frente, da mesma forma que Abraão estava pronto para sacrificar Isaac a pedido de Deus?”, retruca o sueco. Assim como em “12 Homens e uma sentença” (1957), dilemas éticos e análises racionais servem de base para estruturar os argumentos dos dois lados. Trailer de 'Diplomacia'

— Em qualquer história, é importante humanizar os personagens, principalmente os vilões. É uma questão de respeito humano. Numa guerra, como podem pessoas boas realizar atos tão horríveis? Isso só é possível porque elas dividem suas personalidades em duas: o pai de família e o militar que vai para a guerra.

Diretor de filmes como “A honra perdida de Katharina Blum” (1975) e “A morte de um caixeiro-viajante” (1985), pelo qual Dustin Hoffman recebeu seu quarto Globo de Ouro, Schlöndorff afirma que “Diplomacia” ganhou um sabor amargamente atual após os atentados terroristas a Paris, no mês passado.

— A primeira coisa que o Exército fez foi proteger a Torre Eiffel, porque é um símbolo que sempre atrai a atenção dessa gente. Hitler foi um terrorista também. A lógica dele era: se não posso vencer a guerra, vou destruir a imagem de Paris e humilhar a França. Isso é exatamente o que os terroristas fazem: exterminam símbolos.

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