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Para Shyamalan, anti-heróis de 'Vidro' são cercados de cinismo e sarcasmo

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Livros roubados por nazistas na 2ª Guerra voltam a famílias e instituições

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A busca por milhões de livros roubados por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial é um trabalho permanente — e largamente ignorado. A pilhagem de bibliotecas realizada pelos alemães não tem o mesmo glamour que seus furtos de obras de arte, muitas delas valendo milhões de dólares.

Mas recentemente, sem estardalhaço, a busca pelos livros se intensificou, conduzida por pesquisadores que muitas vezes encontram as obras “escondidas à olhos vistos” em prateleiras de bibliotecas pela Europa.

Seu trabalho é auxiliado pela internet e por arquivos tornados públicos recentemente, mas também por bibliotecários europeus que transformaram essa busca em prioridade.

— As pessoas fizeram vista grossa por muito tempo, mas acho que isso não é mais possível — disse Anders Rydell, autor de “O livro dos ladrões: o saque nazista às bibliotecas europeias e a corrida para devolver uma herança literária”.

Dado o escopo do crime, a tarefa à frente é gigantesca. Um exemplo: quase um terço dos 3,5 milhões de livros da Biblioteca Regional e Central de Berlim pode ter chegado lá via pilhagem na Segunda Guerra.

— A maioria das bibliotecas alemãs tem livros roubados por nazistas — diz Sebastian Finsterwalder, que pesquisa a origem das obras.

Mas há sinais promissores. Nos últimos 10 anos, bibliotecas na Alemanha e na Áustria devolveram aproximadamente 30 mil livros para 600 proprietários, herdeiros e instituições. Em um caso de 2015, quase 700 obras roubadas da casa de Leopold Slinger, um especialista em engenharia petrolífera, foram restituídos a seus descendentes pelo governo austríaco.

— Há progresso, mas lento — disse Patricia Grimsted, pesquisadora da Universidade de Harvard e uma das especialistas mundiais nas obras roubadas por nazistas.

Números muitas vezes não fazem jus ao que pode significar para uma família a devolução de um livro especial.

No ano passado, na Alemanha, a Universidade de Potsdam deu um importante volume do século XVI de volta para a família do seu dono, um homem morto em um campo de concentração em 1943. A obra, escrita por um rabino em 1564, explica a base dos 613 mandamentos do Torá. O neto do proprietário identificou o título em uma lista on-line de obras saqueadas e foi com seu pai, um sobrevivente do Holocausto, de Israel até a Alemanha para recuperá-lo.

— Foi uma experiência muito emocionante para meu pai e eu — diz o neto, David Schor.

O trabalho para buscar livros deu um salto nos anos 1990, quando Patricia Grimsted descobriu 10 listas de itens roubados de bibliotecas francesas por uma força-tarefa comandada pelo ideólogo nazista Alfred Rosenberg. O grupo pilhou mais de 6 mil bibliotecas e arquivos por toda a Europa — mas deixou também detalhados relatórios de suas ações, muito úteis para recuperar o que foi roubado.

Ainda que Rosenberg, enforcado como criminoso de guerra em 1946, fosse a principal força por trás do saque de bibliotecas, ele tinha um competidor em Heinrich Himmler, o líder da organização paramilitar SS, cujos agentes eram particularmente interessados em livros sobre maçonaria.

Os alvos nazistas eram principalmente famílias e instituições judaicas, mas incluiam também maçons, católicos, comunistas, socialistas, eslavos e críticos do regime. Ainda que livros tenham sido queimados pelos seguidores de Hitler em sua ascenção, mais tarde muitas obras foram transferidas para bibliotecas e para o Instituto de Estudo da Questão Judaica (Institut zur Erforschung der Judenfrage), criado pela força-tarefa de Rosenberg em Frankfurt em 1941.

— Eles planejavam utilizar esses livros depois que guerra estivesse ganha. O objetivo era estudar seus inimigos e sua cultura para proteger futuros nazistas dos judeus e outros antagonistas — diz a pesquisadora Patricia Grimsted.

Alicia Keys será a apresentadora do Grammy 2019

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Alicia Keys será a apresentadora do 61º Grammy Awards, em 10 de fevereiro. O anúncio foi feito nesta terça-feira em um vídeo comemorativo de quase 10 minutos no qual a cantora enfatiza o caráter feminino do evento, um ano após o Grammy enfrentar críticas pela falta de diversidade de gênero.

Links GrammyKeys vai substituir o apresentador James Corden, anfitrião do evento nos últimos dois anos — antes dele LL Cool J apresentou o Grammy por cinco anos. Anfitriões anteriores incluem Queen Latifah, Rosie O'Donnell, Ellen DeGeneres e Garry Shandling.

O apresentador do Grammy normalmente aparece na tela por cerca de 15 minutos, em meio às quase quatro horas de programa. De 2006 a 2011, não houve anfitrião.

Alicia Keys já conquistou 15 troféus no Grammy e fez várias apresentações no evento ao longo dos anos. Ela também atuou em filmes como "A vida secreta das abelhas" e a série "Império". Embora não seja conhecida como comediante, ela representa uma escolha segura num momento em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas enfrenta semanas de controvérsia pela escolha e subseqüente desistência de Kevin Hart como apresentador do Oscar 2019.

I’M HOSTING THE 2019 GRAMMYS (ALICIA KEYS)

Keys, a primeira mulher a apresentar o Grammy em mais de uma década, também se junta a uma classe de indicados nas principais categorias — este ano com muito mais artistas do sexo feminino do que nas últimas edições.

Em 2018, apenas uma mulher foi premiada nas categorias principais. Em resposta, Neil Portnow, o presidente da Academia de Gravadoras, piorou tudo ao dizer que as mulheres precisaavam “se impor” para avançar em suas carreiras. Portnow deixará da Academia, responsável pela organização do Grammy, em julho. A cerimônia de fevereiro, portanto, será a sua última.

Neste ano, Drake e Kendrick Lamar lideram a lista de indicados, mas são seguidos por artistas como Brandi Carlile, Janelle Monáe, Cardi B, H.E.R. e Kacey Musgraves, todas competindo pelo álbum do ano.

Tinho navega seus 'Sete mares', das ruas às paredes de galerias e instituições

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RIO — Sentada em meio a uma infinidade de brinquedos e jogos, uma criança aparece abraçando um boneco de pano, como se fosse o único objeto realmente importante à sua volta. A tela, exposta até este sábado na Galeria Movimento, no Rio, é a primeira da série “Sete mares”, na qual Walter Nomura, o Tinho, aborda referências pessoais e conexões com a cultura pop em sete áreas de interesse: brinquedos, literatura, moda, música, artes visuais, cinema e skate. Representante da geração que levou o grafite das ruas para as galerias de arte, ao lado de nomes como Os Gêmeos e Speto, Tinho se inspirou em sua própria experiência para a criação de “Mar de brinquedos”.

— O brinquedo geralmente é o primeiro universo que a criança explora, seu contato inicial com o mundo. Na tela, ela deixa de lado os todos os brinquedos industriais e se abraça ao boneco artesanal, que traz uma carga de afeto. Geralmente é feito por um parente ou pessoa próxima, que dedica seu tempo para dar um presente — destaca Tinho. — Fiz uma representação do meu filho, mas aquela criança tem um pouco de mim. Meus pais trabalhavam muito e durante a semana eu ficava com minha avó. No fim de semana, eles sempre traziam um brinquedo, mas o que eu queria mesmo era passar aquele tempo com eles.

Links grafiteOs admiradores da arte de rua, sobretudo os paulistanos, podem reconhecer nas telas um personagem presente há anos nos muros e paredes da cidade. O boneco de pano, uma das assinaturas de Tinho, aparece em todos os seus “mares” e ganha protagonismo nas telas e objetos da individual na Movimento, que conta com curadoria de Marcus Lontra.

— O boneco de pano vem desde o início do meu trabalho nas ruas, e aos poucos foi ganhando projeção. Eu andava de skate na Praça Roosevelt, antes da restauração, e convivia de perto com a população de rua dali. Queria chamar atenção para esta realidade no meu trabalho, das crianças que via diariamente sem nada para comer — lembra Tinho. — O boneco veio como uma forma de não individualizar essas questões, ele não tem gênero, nem cor, nem idade. Pode ser o que você quiser.

Tinho_Quem me navega é o mar_Cred Galeria Movimento.jpgAs sete telas da série — algumas das quais emprestadas por colecionadores para a mostra na Movimento — vão voltar a ser reunidas no segundo semestre, quando Tinho fará uma individual no Paço Imperial, ainda sem data definida. Por ora, o artista ainda não sabe se apenas seus “mares” serão expostos ou se incluirá outras obras. Tinho, que já participou de festivais e mostras em cidades como Havana (2009), Los Angeles (2013) e Roma (2015), celebra a abertura de portas de galerias e instituições para a arte de rua, mas acredita que há um longo caminho pela frente.

— O preconceito contra o grafite já foi maior, mas continua difícil entrar nestes espaços. Quando a Tate, de Londres, convidou grafiteiros para cobrir sua fachada (em 2008), já era um reflexo dessa mudança, embora tenha levado mais um tempo para esses artistas entrarem na galeria de fato — contextualiza Tinho, que é formado em Artes Plásticas pela faculdade Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), de São Paulo. — Muitas vezes as pessoas têm uma ilusão que viver de arte é fácil, o que não é verdade. Aí quando veem um artista que veio da rua nas galerias acham que estamos “roubando” aquele espaço, mas não percebem os anos de trabalho que estão por trás.

“Quem me navega é o mar”

Onde: Galeria Movimento — Av. Atlântica 4.240, Lojas 212 e 213, Copacabana ( 2267-5989). Quando: Ter. a sex., das 10h30m às 19h; sáb., das 12h às 18h. Até 20/1. Quanto: Grátis. Classificação: Livre.

Jacopo Crivelli Visconti é escolhido curador da 34ª Bienal de SP

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SÃO PAULO - A Fundação Bienal de São Paulo anunciou nesta quarta-feira o crítico e curador italiano Jacopo Crivelli Visconti como curador da 34ª edição da Bienal de São Paulo, prevista para 2020. Visconti sucede o espanhol Gabriel Pérez-Barreiro, responsável pela exposição do ano passado, "Afinidades afetivas".

O nome de Visconti foi escolhido pelo presidente da Fundação Bienal, José Olympio da Veiga Pereira, por meio de uma seleção entre cinco curadores inacionais e internacionais. Todos apresentaram projetos a partir da premissa de de que "a arte é, por excelência, uma plataforma para a diversidade de pensamento e um meio ideal para a reunião de diversos segmentos em torno de um projeto comum".

A ideia é que, a exemplo do que aconteceu na exposição "Afinidades Afetivas", de Pérez-Barreiro, a Bienal de 2020 também tenha como eixo uma iniciativa colaborativa.

Links BienalVisconti já montou uma equipe para começar os trabalhos de desenvolvimento da 34ª Bienal. Ela é composta pelo curador-adjunto Paulo Miyada (curador, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo) e pelos curadores convidados Carla Zaccagnini (artista, São Paulo-Malmo); Francesco Stocchi (curador de Arte Moderna e Contemporânea, Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam); Ruth Estévez (curadora geral, Rose Art Museum, Boston; diretora, LIGA DF, Cidade do México).

Radicado em São Paulo, o napolitano Visconti tem uma longa relação com a Bienal de Artes. Integrante da Fundação Bienal de 2001 a 2009, ele foi curador da participação oficial brasileira na 52ª Bienal de Veneza (2007).

Rihanna processa o pai por tentar faturar até US$ 15 milhões ao dizer que trabalhava com ela

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RIO - A cantora Rihanna decidiu ir à justiça contra o próprio pai. A disputa gira em torno do uso do nome "Fenty". Além de ser o nome da marca de cosméticos fundada pela cantora, a palavra também é o sobrenome da família: o nome completo de Rihanna é Robyn Rihanna Fenty, enquanto seu pai se chama Ronald Fenty.

A questão é que, anos depois de Rihanna ter lançado a mundialmente conhecida Fenty, em 2012, Ronald criou uma outra empresa em 2017, chamada Fenty Entertainment. A cantora acusa o pai e o sócio dele, Moses Joktan Perkins, de terem se aproveitado do nome da sociedade para implicar que ela também estaria envolvida no negócio.

"O sr. Fenty e o sr. Perkins usaram essas mentiras em um esforço fraudulento para solicitar millhões de dólares de terceiros insuspeitos em troca da falsa promessa de que eles estariam autorizados a agir por Rihanna, e/ou que Rihanna faria apresentações em vários lugares ao redor do mundo", descreve a advogada Carla Wirtschafter no processo, divulgado pela "Billboard".

Um dos casos descritos na queixa é o da SBS Entertainment, que ofereceu à empresa de Ronald Fenty US$ 15,4 milhões em troca de 15 shows de Rihanna pela América Latina e duas aparições de 15 minutos no Calibash, casa de shows em Las Vegas. Segundo os advogados de Rihanna, a Fenty Entertainment fechou o negócio e afirmou que Rihanna estava de acordo. Outro exemplo inclui a tentativa de licenciar o uso da marca Fenty em resorts.

Ao longo de sua carreira, Rihanna já havia revelado por diversas ocasiões que sua relação com o pai nunca foi boa. Segundo ela, a separação dos pais aconteceu porque Ronald era abusivo com sua mãe, Mónica Braithwaite. Outro momento delicado foi quando a cantora foi agredida pelo ex-namorado, Chris Brown — na época, Ronald concedeu entrevistas a tabloides sobre o assunto.

Rapper chega ao topo da Billboard com menos de mil discos vendidos

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Quantos álbuns você precisa vender para chega ao número 1 da Billboard? Nesta semana, o número foi 823. Além de 83 milhões de execuções em streaming, que fique claro.

Esses são os números de “Hoodie SZN” (Highbridge / Atlantic), do rapper novaiorquino A Boogie Wit Da Hoodie, o exemplo mais recente e extremo da disparidade entre o crescimento do streaming e a queda na venda de discos.

Links RapSegundo as estatísitcas da Billboard e da Nielsen, “Hoodie SZN” teve o equivalente a 58 mil vendas nos Estados Unidos na semana passada, um número que incorpora streams, downloads de faixas individuais e vendas de álbuns completos. Mas a maior parte desse número vem do streaming — a ponto da venda de discos representar um recorde negativo.

As 823 cópias de "Hoodie SZN" vendidas na semana passada — todas como downloads, já que o título não foi lançado em nenhum formato físico — é o menor número de cópias que qualquer álbum vendeu na semana em que foi para o número 1. Ele encabeça um recorde estabelecido na semana anterior por "I Am I Was", de 21 Savage, que vendeu 3.481 cópias e teve 84 milhões de streams.

A Boogie Wit Da Hoodie álbum

Esses números refletem um negócio que se tornou tão dominado pelo streaming que as vendas de CDs estão desaparecendo, exceto para um punhado de superestrelas como Taylor Swift e Adele, ou quando eles são acompanhados de ingressos para shows.

A Associação da Indústria Fonográfica da América informou que no primeiro semestre de 2018 (os números mais recentes publicados), o streaming representou 75% de toda a receita de vendas no varejo nos Estados Unidos, enquanto os formatos físicos ficaram com 10%. Durante esses seis meses, apenas 18,6 milhões de CDs foram vendidos nos Estados Unidos, um declínio de 47% em relação ao primeiro semestre de 2017.

A Billboard começou a incorporar números de streaming em sua lista de mais vendidos em 2014. Até então, o menor número de vendas para o álbum Número 1 em uma semana foi de 40.478, para “Mission Bell”, de Amos Lee, em fevereiro de 2011.

O resto do Top 10 desta semana mudou pouco em relação à anterior. "I Am> I Was", de 21 Savage, caiu para o segundo lugar; a trilha sonora de "Homem-Aranha no Aranhaverso" está em terceiro; "Championships", de Meek Mill, em quarto; e "Beerbongs & Bentleys", de Post Malone, em quinto lugar.

Na ponta de baixo do Top 10, um velho conhecido das paradas de sucesso: a trilha sonora de "Bohemian Rhapsody" foi substituída pela coletânea "Queen’s Greatest Hits I II & III: The Platinum Collection".

O censor salazarista que se encantou por 'Dona Flor e seus dois maridos', de Jorge Amado

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RIO — "Romance cem por cento brasileiro de índole muito maliciosa". É assim que um censor português, durante o regime de Salazar, começou seu parecer em que aprovava a publicação de "Dona Flor e seus dois maridos", de Jorge Amado. O documento chamou atenção de pesquisadores por conta do tom de admiração do leitor-censor Estevão Martins pela obra do escritor baiano. Jorge Amado não era visto com bons olhos em Lisboa devido a sua relação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

"Porém a beleza da prosa e a delicadeza com que são apresentadas as brejeirices forçam-nos a uma certa condescendência favorável na nossa apreciação. Uma vez ou outra aparece uma palavra obscena, o que aliás está muito em voga nos escritores da actualidade", registrou. Por fim, o censor defendeu a autorização para publicação da obra porque o produto é "volumoso e caro" e, portanto, não é acessível a "todos".

O documento vem movimentando as redes sociais desde o último dia 10, quando o escritor português Francisco José Viegas a publicou no Twitter. Desde então, o documento está sendo compartilhado e discutido por acadêmicos e fãs da literatura nacional. No entanto, para Joselia Aguiar, autora de "Jorge Amado: uma biografia" (Todavia), lançado no final de 2018, isso não foi uma novidade. Post de Francisco Viegas

Enquanto realizava sua pesquisa em Portugal, Joselia encontrou uma série de documentos e arquivos, como fotografias e recortes de jornais a respeito do escritor. Ela viu que, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, várias obras de Jorge Amado foram censuradas, como "São Jorge dos Ilhéus", em 1951, considerado um livro que explora as "desigualdades sociais, com vista aos triunfos comunistas". E ainda "Terras do sem-fim", no mesmo ano; "Capitães da Areia", em 1952; "Os subterrâneos da liberdade", em 1956; e "ABC de Castro Alves", em 1957.

Para Joselia, a censura contra a obra de Jorge Amado foi mais rígida em Portugal do que no Brasil, ainda que durante o Estado Novo de Vargas (1937-1945) praticamente tudo o que ele produziu fosse proibido. Ela contou que na ditadura militar (1964-1985) os livros não chegaram a ser censurados da mesma forma, mas seus leitores eram vistos pelo regime como pessoas "subversivas".

Links relacionados O parecer do censor surpreendeu o historiador Francisco Martinho, professor da Universidade de São Paulo (USP) e que se dedica à história contemporânea portuguesa.

— Uma obra como "Dona Flor" ser liberada é curioso. É fato também que os regimes, por mais autoritários e antidemocráticos que fossem, não têm poder de vigilância absoluta sobre o comportamento da sociedade, nem sobre os seus funcionários. Aquele é o parecer de um funcionário que foi favorável, mas outro poderia pensar diferente dele — disse Martinho.

O especialista ressaltou que, em Portugal, a produção cultural foi acompanhada de perto pelo salazarismo. As obras que não seguissem a ideologia do regime ou que ofendessem "a moral e os bons costumes" tendiam a ser censuradas.

— A ditadura portuguesa, assim como a brasileira, fazia da censura uma política de estado. Eles tinham medo de que essas obras de "teor subversivo", por exemplo, chegassem às classes populares. Por isso, o controle sobre os órgãos de imprensa era mais duro. O que esse leitor-censor pode ter pensado com relação à "Dona Flor" é que a elite gostaria de ler as "indecências" do livro, mas que a obra não chegaria aos camponeses, às classes trabalhadores, que eram vistas como perigosas ao regime — afirmou.


CCBB adia projeto musical e gera tensão entre produtores

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RIO - Uma notícia recebida pelos responsáveis por um projeto musical em homenagem aos 100 anos de Nelson Gonçalves gerou tensão nesta terça-feira: o espetáculo, que tinha estreia marcada para 21 de março no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, foi adiado indefinidamente. A decisão, comunicada por Juliana Panebianchi, assessora empresarial da Divisão de Marketing Cultural do centro cultural, em Brasília, pegou de surpresa a produção.

- Conseguimos aprovar o projeto no edital do CCBB para as quatro cidades, isso é raro, e ficamos muito felizes - conta o violonista, arranjador e produtor Luís Filipe de Lima, autor do projeto e presença frequente nos palcos dos CCBBs. - Aí, hoje, a nossa produtora, Flávia Souza Lima, recebeu esse e-mail, falando em corte no orçamento e dizendo que os projetos musicais foram transferidos para o segundo semestre, se tiver verba. Ficamos tristes e surpresos.

Uma olhada nos sites dos quatro CCBBs mostra que não há nada de música programado a partir de fevereiro. No Rio, por exemplo, havia um concerto da série "Música no museu" previsto para esta quarta-feira, e mais a "Madrugada no Centro", tradicional evento multidisciplinar que vara a noite, no próximo sábado, dia 19. Daí em diante, mais nada.

Algo semelhante acontece em São Paulo: as "Férias musicais" vão de 23 a 26 de janeiro e, daí em diante, o calendário é um grande vazio de melodias e ritmos. Por outro lado, atividades como as artes visuais parecem estar com sua programação normal: no Rio, depois da exposição "100 anos de Athos Bulcão", que se encerra no dia 28 deste mês, em fevereiro será inaugurada a badalada "Dreamworks animation, a exposição - Uma jornada do esboço às telas", que fica por lá até abril. Em Brasília, a mostra de cinema "Cineklap - Dinamarca em foco", começa no dia 29 de janeiro e entra por fevereiro, até o dia 9.

A assessoria do CCBB garante que o adiamento de "Nelson Gonçalves 100 anos" se deveu a um ajuste pontual, e que a programação é divulgada aos poucos, e por isso os sites ainda não anunciam nada a partir de fevereiro. Em um e-mail, Marco Túlio Vasconcelos, gerente executivo de comunicação, garante que não há grande alterações na programação e nem no orçamento.

"Em fevereiro, haverá 'Grenze des Gestrig-heutigen - Uma colagem musical com poemas e citações de Paul Klee para voz, bateria, teclado e eletrônica' (CCBB-SP); em março, o “Carnaval Multicultural” (CCBB-DF) e “Célio Balona – 80 anos de vida e 65 anos de música (CCBB BH). Outros projetos seguem em negociação, para acontecer ainda no primeiro semestre, como "Festival Minas canta Marku" (CCBB BH)", diz o comunicado, citando espetáculos que não foram anunciados nos sites. Ele diz ainda que "Nelson Gonçalves 100 anos" está mantido para 2019, e que o orçamento deste ano é do "mesmo patamar" daquele do ano passado. A "Madrugada no Centro" de fevereiro, marcada para o dia 16, também deve acontecer, segundo a produção.

- O CCBB sempre faz ressalvas quando se comunica com a gente - diz a produtora Flávia Souza Lima, que trabalha com Luís Filipe de Lima em "Nelson Gonçalves 100 anos". - Eles falam em "datas prováveis", mas normalmente tudo é executado. Eu nunca vi nada assim acontecer. O nosso espetáculo tem oito cantores, estávamos trabalhando para liberar as agendas de todos para a temporada de março em Brasília, e agora suspenderam tudo. O e-mail que recebemos fala que, devido a um corte no orçamento, "os projetos de música serão totalmente remanejados para o segundo semestre de 2019, caso tenhamos um incremento orçamentário para o período citado".

Ordem, livros e haters: a experiência Marie Kondo

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Oscar 2019: Categoria de filmes estrangeiros é a mais forte em anos

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‘Lulu Santos é a nossa Madonna’, diz Renato Rocha, diretor de musical inspirado em hits do cantor

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RIO - Se nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, e não há lógica que faça desandar o que o acaso decidir, quando um certo alguém desperta o sentimento, é melhor não resistir — e se entregar. Lições de vida, pura filosofia pop, que Luiz Maurício Pragana dos Santos tornou conhecidas nas dezenas de hits com os quais vem brindando rádios, TVs e streaming ao longo de quatro décadas de carreira fonográfica. E que agora inspiram “Meu destino é ser star, ao som de Lulu Santos”, musical idealizado, coescrito e dirigido por Renato Rocha, que estreia neste sábado no Teatro Riachuelo, reunindo 10 atores/cantores/dançarinos e quatro músicos.

Links Lulu Santos— O Lulu é a nossa Madonna, sua música dialoga com todas as tendências e continua atual — analisa Renato, um diretor de teatro com orientação experimental que participou do grupo Nós no Morro, criou em Londres espetáculos para a Royal Shakespeare Company e a Roundhouse, e, na volta para o Brasil, dirigiu em 2017 “Ayrton Senna — O musical”.

A experiência com “Senna” deu ao diretor um sinal do que fazer em seguida. Em vez de contar uma história conhecida com uma trilha inédita, resolveu apostar em uma história nova com músicas conhecidas.

— Vi que eu teria que ter uma relação mais afetiva com a trilha sonora ao fazer um musical, tinha que usar músicas nas quais as pessoas se reconhecessem. E as músicas do Lulu todo mundo conhece — argumenta ele. — Nasci em 1975 e acompanhei o sucesso do Lulu desde o início. Foram canções que marcaram vidas, que me lembram de quando não conseguia me declarar para a garota de quem gostava.

Primeiro era vertigem

72115941_The Voice 2017 - Lulu Santos.jpgDo mergulho na obra de Lulu, Renato identificou três temas primários: amor, fossa e sonho. E colou na última categoria de canções para escrever a história básica do espetáculo, sobre dramas de jovens artistas que apostam suas fichas no estrelato ao participarem das audições para um musical.

— Quanto mais escutava Lulu, mais os personagens clareavam na minha cabeça. As letras são sempre profundas. Por mais animadas que sejam as músicas, elas estão falando muito sério — conta o diretor.

Renato revela ter conseguido, depois de várias tentativas de contato, a permissão do homenageado para a realização do trabalho. Para se ter uma ideia, em 2016, a poucos dias da estreia, Lulu vetou a realização de um musical, “Toda forma de amor”, que tinha 17 canções suas.

Foram muitas as audições até chegar ao elenco definitivo. Destacam-se Jéssica Ellen, atriz que fez “Malhação” e a série “Justiça”, e nomes conhecidos do teatro musical brasileiro: Myra Ruiz (protagonista de “Wicked”), Mateus Ribeiro (de “Peter Pan”, recém-vencedor do Prêmio Reverência de melhor ator), Gabriel Falcão (“Les Misérables”) e Helga Nemeczyk (de “Chaplin, o musical”, mas que ganhou projeção ao cantar no “Show dos famosos” do “Domingão do Faustão”).

Outra seleção difícil foi a dos 41 números do espetáculo, que incluem medleys e canções inteiras (“Se não eu saio morto do teatro, o público quer cantar junto!”, brinca Renato).

Com a proposta de criar um musical com pegada de show, o diretor chamou para a direção musical e concepção dos arranjos o cantor Zé Ricardo, que comanda o palco Sunset do Rock in Rio. Em seu primeiro trabalho em musicais, Zé criou uma trilha executada por músicos com ajuda de bases eletrônicas.

Renato explica:

— Queria uma pegada de música contemporânea para apresentar Lulu Santos às novas gerações.

Como os hits sobem ao palco

Garota, eu vou pra Califórnia. Dos versos de “De repente, Califórnia” veio o nome e o conceito do musical: “Meu destino é ser star”. Segundo Renato Rocha, a ideia inicial era a de que o sonho da protagonista fosse mesmo o de ser artista de cinema, como na letra. Mas aí se decidiu por fazer dela uma estrela de musicais, em homenagem ao clássico “A chorus line”, metamusical em que os personagens são dançarinos da Broadway que disputam papéis em uma montagem.

Dessa história ninguém sabe o fim. Renato passou seis meses mergulhado nas cerca de 300 canções da obra de Lulu Santos. Inspirado em grandes sucessos e lados B ele criou, do zero, a dramaturgia do espetáculo. Quando chegou o momento dos ensaios, ele tinha somente o esqueleto do roteiro e contou com o próprios atores para chegar à forma final.

— Os diálogos são complemento. O texto do espetáculo é, na verdade, a música do Lulu — conta.

Eu te amo calado como quem ouve uma sinfonia. As questões do amor gay e do poliamor entraram na pauta de “Meu destino é ser star”. Mas nada disso teve a ver com a revelação da homossexualidade do cantor, em julho passado, quando ele escreveu no Instragram que estava namorando o baiano Clebson Teixeira.

— A música do Lulu é para o ser humano, independentemente de gênero. Suas canções falam de liberdade e de juventude — defende Renato.

Faltava abandonar a velha escola. Vindo do teatro experimental e com a experiência da direção de “Ayrton Senna — O musical” (2017), Renato decidiu fazer diferente em “Meu destino é ser star”.

— O problema do musical brasileiro é que, além de às vezes ficar muito só no filão da biografia, ele não tem tanta experimentação. Não há muito tempo para pesquisar, tem que fazer tudo em dois meses — conta ele, que passou oito meses na concepção e montagem do novo musical.

Eu tava por aí num estado emocional tão ruim. Amar é sofrer, e a fossa foi componente fundamental para a construção da dramaturgia de “Meu destino é ser star”. Ela está representada, na obra quase sempre otimista de Lulu Santos, em canções como “Tão bem”, “Aviso aos navegantes” (a do “S.O.S. solidão”, na voz de Helga Nemeczyk) e “Assim caminha a Humanidade” (em que Myra Ruiz canta: “Ainda vai levar um tempo pra fechar o que feriu por dentro”).

Os personagens se revelam atores no aplauso final. Tão importante foi para o resultado do projeto uma adequada escolha do elenco que Renato decidiu dar aos personagens criados para a trama os mesmos nomes dos atores. Isso fez com que as relações entre “Meu destino é ser star” e “Toda forma de amor”, o musical dentro do musical, ficassem intrincadas, ao ponto de Victor Maia, ator que vive o coreógrafo da ficção, ser também o coreógrafo do espetáculo na vida real.

Serviço: “Meu destino é ser star, ao som de Lulu Santos”

Onde: Teatro Riachuelo — Rua do Passeio 40, Centro (3554-2934). Quando: De 19/1 (sábado) a 24/2. Sex. e sáb. às 20h, dom. às 18h. Quanto: de R$ 40 a R$ 150. Classificação: 12 anos.

Toca no Telhado: Mahmundi apresenta versão voz e guitarra de 'Tempo pra amar'

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RIO — Tarde de sol no verão do Rio de Janeiro: um convite irresistível para ouvir a música com cheiro de mar de Marcela Vale, a Mahmundi. Um dos grandes nomes do pop brasileiro surgidos nos últimos anos, a cantora e compositora carioca trouxe para o Toca no Telhado uma versão nua, de voz e guitarra, de "Tempo pra amar", canção de romantismo flagrante, lançada como single de seu segundo álbum, "Para dias ruins", que saiu no ano passado.

Links MahmundiO novo trabalho é um passo adiante em relação a "Mahmundi", sua estreia em 2016, que trouxe os sucessos "Eterno verão" e "Calor do amor" e exprimia os anseios de uma menina da Zona Norte do Rio de Janeiro com "a maior vontade de ser uma artista grande e morar na Zona Sul perto da praia".

— Aquela Mahmundi abriu caminhos para si própria e expandiu possibilidades. Eu comecei o meu primeiro disco por conta própria, usando a internet como ferramenta. Agora estou numa segunda fase desse jogo enorme — conta a artista, hoje com 32 anos de idade, contratada pela Universal Music, adepta de um verão "que não é mais só sol e mar" e cada vez mais se descobrindo "como indivíduo e como artista". — Estou vendo a história do Brasil acontecendo. De alguma forma isso atravessa a gente. E a gente faz canção.

Mahmundi Toca no Telhado

"Tempo pra amar" surgiu de uma das novas parcerias de Mahumundi nesse seu momento de música mais orgânica, colaborativa, com menos computadores e solidão.

— Foi uma letra que eu recebi de um compositor muito querido, o Carlinhos Rufino, filho de Nelson Rufino (autor de sambas clássicos como "Verdade", sucesso de Zeca Pagodinho) — informa. — Tentei entender a mentalidade daquilo, que poderia ser um samba, mas que eu produzi numa versão de r&b e soul. Foi muito legal construir uma nova narrativa para ela.

Links Toca noTelhado 2Com um certo sabor de passado, de programa de rádio de flashbacks, "Tempo para amar" é uma das canções favoritas de Mahmundi em "Para dias ruins".

— No disco, pela sonoridade, ela ficou uma música mais para os anos 1990, com uma bateria eletrônica um pouco mais black, mais negra — analisa. — Mas minha ligação conceitual é com o tipo de composição daquela época. Os anos 1980 e 90 enfatizaram esse formato musical da canção e o que me interessa nele é essa coisa dos vários versos, de serem músicas mais longas. Acho que hoje em dia você tem vários estilos, só que em músicas mais curtas. "Tempo pra amar" é uma história que você vai contando e, a cada verso, ela vai se abrindo.

Ney Matogrosso, alucinações, Chapeuzinho Vermelho: só a censura salva

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Biografia não autorizada de Drake chega às plataformas de vídeo

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“Drake: rewriting the rules” (“Drake: reescrevendo as regras”) é o nome do documentário não autorizado do rapper canadense, que chegou na última semana a plataformas de vídeo como iTunes, Vimeo, Amazon e Netflix. Dirigido por Ray Louis, que também assina o roteiro, o filme não tem entrevistas de Drake nem de ninguém próximo a ele. Entrevistando jornalistas como Joe Levy, da “Rolling Stone”, e os independentes Jason King e Kathy Iandoli, o filme lembra as origens de Drake, um ator mirim no seriado “Degrassi”, que ele estrelou no começo dos anos 2000, até sua ascensão como um dos principais nomes do hip-hop atual, momento em que o gênero se solidifica como o mais popular da música pop no planeta.

Trailer de 'Drake: Rewriting the rules'


Militante do novo rap brasileiro, BK lança disco nesta sexta-feira em Circo Voador lotado

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Às vésperas de estrear com ingressos esgotados no Circo Voador a turnê de “Gigantes”, seu segundo disco, nesta sexta-feira, Abebe Bikila, mais conhecido como BK, corre para aproveitar o embalo.

— Neste ano, já quero soltar outro disco — conta o MC, responsável pelo disco “Castelos & ruínas” (2016) e pelos EPs “Antes dos gigantes chegarem” volumes 1 e 2 (2017).

Atração do Lollapalooza, que acontece em abril em São Paulo, o carioca de Jacarepaguá, prestes a completar 30 anos, caminha lado a lado com companheiros de geração como o mineiro Djonga e o baiano Baco Exu do Blues. Em um cenário dominado por singles de YouTube e cyphers (registros em que diferentes rappers versam em cima de beats), o MC se aposta em um formato que pode parecer, hoje, anacrônico: o álbum.

— Para mim, é o disco que realmente faz o artista, o que perpetua — diz ele. — O single costuma ser algo do momento. Pode até bombar, mas pode ser que não se torne um classicão. O disco é a cara do artista. Você traz a pessoa para seu mundo, e acho que no disco consigo contar melhor as minhas histórias.

Alçado à fama nacional com o lançamento de “Castelos & ruínas”, BK se destacou por sua capacidade de contar histórias e por construir uma atmosfera subjetiva tanto em suas rimas quanto na produção das faixas, usualmente assinadas por seus colaboradores no selo carioca Pirâmide Perdida, os beatmakers El Lif e JXNV$. Mas, se seu primeiro trabalho foi marcado pela introspecção — “Castelos é muito eu, e eu sou muito ele. Não sei nem explicar exatamente sobre o que é” —, o objetivo com “Gigantes” era o oposto:

— Tentei pensar em algo mais plural. Na faixa “Julius”, eu conto a história de um moleque que cresce num ambiente e acaba virando um bandido. Em “Jovens”, falo do comportamento na balada. Cada música apresenta os gigantes. São as pessoas, meus amigos, histórias que aconteceram comigo e pessoas próximas.

Daft Punk e jazz

A diversidade também é marca da produção do disco, que começa com um sample do duo eletrônico francês Daft Punk e passeia pelo boom-bap e pelo jazz, uma das principais referências do rapper.

— Jazz é algo que me pega muito. Além da história, de tudo que significa para a gente, a sonoridade linda... É um som muito elegante e muito crime ao mesmo tempo. E o rap me traz isso também — explica.

As inspirações não vieram só da música. A leitura do filósofo Frantz Fanon, autor do clássico “Pele negra, máscaras brancas”, marcou BK no seu processo de criação e em seus estudos sobre o racismo e a hipersexualização da população negra.

— Ele (Fanon) fala muito sobre esses assuntos. Vejo que é uma luta do homem e da mulher pretos, do relacionamento deles com as pessoas brancas. (A faixa) “Exóticos” trata justamente disso— comenta.

A presença do Fanon não é coincidência. “Gigantes”, que surgiu durante as tentativas de gravação de um disco que se chamaria “Contos da madrugada”, é feito para ser abrangente e falar com um público maior do que o de “Castelos & ruínas”. Um “álbum de pessoas”, como define BK.

— Ele é político. Mesmo no som em que estou falando ali dos pretos se divertindo, trata-se de uma forma de política. As pessoas vão ter que aceitar que agora o preto se diverte. Espero que o hip-hop se torne para as pessoas o que é para mim. Uma escola, onde a gente pense e debata — explica BK.

Lyric video de 'Deus do furdunço', de BK

O rapper carioca prepara um show especial para hoje, diante de um Circo Voador lotado. Será a primeira vez que se apresentará acompanhado por uma banda. Além disso, grande parte dos parceiros nas faixas de “Gigantes” também subirá ao palco: Marcelo D2, Sain, Baco Exu do Blues, Drik Barbosa, Juyè e Akira Presidente.

— O BK é um dos melhores artistas que representam a onda do Catete — comemora D2, que cantará “Falam” com BK e Sain (nome artístico de seu filho, Stephan). — Ele, Djonga e Baco têm uma consciência muito clara do papel deles no rap nacional. Num momento em que o rap estava sendo dominado por uma classe média branca falando de área VIP, Chandon, pulseira, esses três artistas negros tomaram as rédeas de novo.

Colaborou Luccas Oliveira

Sandra Bullock sobre 'Bird box': 'A venda nos olhos ajudou a tirar a crítica do caminho'

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'BBB 19': delegada do Acre afirma que Vanderson é investigado e será chamado a depor sobre caso de estupro

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RIO - Após ser acusado formalmente por três mulheres de crimes de agressão física, estupro e importunação ofensiva ao pudor, Vanderson, confinado no "BBB 19", está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher de Rio Branco, no Acre. A informação é da delegada titular Juliana de Angelis Carvalho.

— Tendo em vista que ele está no Rio de Janeiro, já solicitei que a Polícia Civil do Rio de Janeiro o interrogue — afirma a delegada, que detalha as acusações: — Os fatos já estão sendo apurados. São casos que aconteceram há quase um ou dois anos. Uma das vítimas é ex-namorada, que acusa de violência doméstica com agressão. As outras duas são pessoas que ele não tinha relacionamento anterior. Uma dessas vítimas o acusa de estupro, estamos apurando como tudo aconteceu. O sexo pode ser consensual e, no decorrer do ato, a mulher pode não querer mais algo e acaba sendo obrigada a fazer. Isso também é entendido como estupro.

A delegada explica ainda o terceiro caso.

— A investigação é de importunação ofensiva ao pudor. Nesse caso especificamente, ele é acusado por uma garota que conheceu numa festa. Ele insistiu numa aproximação que perturbou a vítima, passando a mão nela — resume a delegada.

Vanda Brito, irmã do BBB, disse que a família não vai se pronunciar sobre o caso.

— Já contratamos um advogado, e ele está procurando saber sobre as denúncias. A gente vai se pronunciar assim que ele nos orientar — finalizou.

Procurada, a Globo ainda não se manifestou sobre o caso.

Nos cinemas, bichinhos brilham com atuações 'naturais' em 'Poderia me perdoar?', 'Roma' e 'As viúvas'

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RIO — O filme tinha um problema de gato morto.

Quando a diretora Marielle Heller começou a se preparar para filmar “Poderia me perdoar?”, cinebiografia sobre a falsária Lee Israel, sabia que precisaria de um boneco bem realista para uma das cenas mais importantes, na qual Israel descobre que seu querido gato, Jersey, morreu. Ela queria um objeto convincente, com o qual sua estrela, Melissa McCarthy, pudesse contracenar.

Oscar filmes estrangeirosE o gato vivo? Para a diretora, era um detalhe, bastava encontrar um felino semelhante ao boneco. Quando a treinadora prometeu que traria um “com desempenho fantástico”, Marielle não sabia o que esperar.

O nome do gato era Towne. Magrelo, branco e preto, olhos verdes e focinho rosa, surpreendeu todo mundo. Sim, obedecia a treinadora. Mas parecia ter algo mais.

— Tem uma hora no filme em que ele dá uma olhada para Melissa, meio penalizada, meio analítica, e é incrível porque você identifica sua expressão — diz a diretora.

O desempenho do bichano não passou despercebido pela atriz principal.

— Esse gato está me dando um baile — Melissa confessa ter pensado nas filmagens.

O caso representa um novo tipo de performance, onde os pets não dão a patinha nem rolam: são registrados de forma bem natural.

Towne passa grande parte de “Poderia me perdoar?" deitado no sofá, lançando olhares lânguidos. Em “Roma”, o cachorro da família não para de latir — mas Borras é um cão profissional se comportando como se fosse destreinado. Em “As viúvas”, uma terrier branca fofinha, chamada Olivia, ofega calmamente enquanto criminosos violentos se movimentam à sua volta. “Olivia está abrindo novos caminhos na comunidade canina”, escreveu Alyssa Bereznak no site “The Ringer”. Em um ano de desempenhos animais impecáveis, é inevitável a pergunta: os bichos estão aprendendo a atuar?

Os animais estão entre os primeiros astros do cinema mudo, e desde então são considerados atores naturais.

80684019_SC - Olivia cachorro de As viúvas.jpg— Uma certa tradição eleva os animais a um padrão pelo qual se deve julgar toda e qualquer atuação, seja animal ou humana. O apelo está em sua total falta de constrangimento ou pudor em frente às câmeras — explica James Leo Cahill, professor de Cinema da Universidade de Toronto.

Entretanto, embora os animais sejam reconhecidos por sua naturalidade, nem sempre são filmados assim. Já foi comum o uso de limitações físicas, coleiras de choque e fios para gerar determinados comportamentos em cena. Nos anos 1930, curtas cômicos mostravam os cães tocando instrumentos, caminhando em duas pernas e se beijando, com movimentos obtidos pela manipulação de fios de piano amarrados em suas patas.

Tais práticas geraram protestos dos grupos de proteção animal e, nos anos 1940, suas regras chegaram a Hollywood. Como Jonathan Burt observa em seu livro de 2002, “Animals in film”, o foco da filmagem passou do que o diretor quer para aquilo de que o animal precisa.

Trailer de 'Roma', de Alfonso CuarónEssa mudança ajudou a criar um setor de treinamento cada vez mais profissionalizado; afinal, um animal altamente qualificado e bem preparado se tornou muito mais importante para o sucesso de uma produção. O tratamento dos animais mudou, a expectativa da plateia idem: só a ideia de um movimento forçado já o deixa pouco à vontade, ainda que esteja perfeitamente seguro no set. Parte do destaque dado a Olivia em “As viúvas” é o fato de se manter calma mesmo em poder dos vilões.

Talvez não seja coincidência o fato de os atores animais estejam recebendo elogios rasgados justamente quando entramos em uma era de ascensão da computação gráfica. A nova versão da Disney para “O Rei Leão” terá uma savana de animais gerados por computador. Um “ator” como Towne — que, segundo Marielle Heller, não foi ajudado por efeitos especiais — agora é ponto fora da curva.

— Parte da teoria alega que por maior que seja a perfeição da computação gráfica, ela jamais produzirá a identificação emocional que o público desenvolve com um animal real — diz White.

Trailer do filme 'As viúvas'Talvez a onda de criaturas falsas de Hollywood, elaboradas demais, tenha motivado um tipo de retaliação, despertando o desejo por imagens que pareçam estudadamente naturais.

Afinal de contas, no YouTube o que não falta são imagens feitas por amadores que têm todo o tempo do mundo para registrar o comportamento peculiar de seus pets. Nunca estivemos tão por dentro da atitude de cães e gatos na natureza selvagem de nossas salas de estar: as redes sociais são movidas a esses registros. Hollywood, de língua de fora, tenta acompanhar.

Lyz Parayzo e Agrippina Manhattan ganham espaço buscando transcender caixinha da 'arte trans'

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