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Sueco José González volta ao Brasil em janeiro para shows no Rio e em São Paulo

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RIO — Quase três anos após sua última passagem pelo Brasil, o cantor e compositor José González voltará ao país em janeiro para dois shows. O primeiro será no Circo Voador, no Rio, dia 22/1, e o segundo na Audio, em São Paulo, dia 23 — as mesmas casas que o sueco encheu em maio de 2016.

Naquela ocasião, em que promovia seu terceiro disco, o queridinho do público indie folk se apresentou acompanhado por banda. Agora, ele volta ainda mais intimista, no formato voz e violão. No repertório, canções de seus três álbuns — "Veneer" (2003), "In our nature" (2007) e "Vestiges & claws" (2015). Links Jose Gonzalez

Os ingressos começam a ser vendidos ainda nesta sexta-feira, no site do Queremos!, por R$ 80 (preço de meia entrada no primeiro lote).

Filho de argentinos, González, de 40 anos, nasceu em Gotemburgo. Nome forte da cena indie folk, González já rodou por alguns dos principais festivais do mundo. Apesar de ter suas composições bem atreladas ao gênero ao qual pertence, o sueco costuma citar artistas bem distintos como fonte de inspiração: de Misfits a Simon & Garfunkel, passando por Kings of Convenience e o cubano Silvio Rodríguez. José Gonzales - Heartbeats

Esta será sua quarta passagem pelo país. Na última, além de músicas autorais, ele cantou covers de Kylie Minogue, Massive Attack, The Knife e Arthur Russell, além de músicas do Junip, projeto paralelo que divide com Tobias Winterkorn.

O músico compôs duas canções para a trilha sonora do longa "A vida secreta de Walter Mitty", estrelado por Ben Stiller. Seu principal hit, porém, é "Heartbeats", de seu disco de estreia, "Veneer" (2003)


Jô Soares lança o segundo volume de sua biografia e brinca que ‘memórias, agora, só em 2098’; leia trechos

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'Demolidor' se soma à lista de séries da Marvel canceladas pela Netflix

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RIO - "Demolidor" acaba de entrar para a lista de séries da Marvel que chegam ao fim na Netflix. Um mês após o lançamento da terceira temporada, o serviço de streaming anunciou que a produção não retornará no próximo ano.

"'Demolidor' não retornará para uma quarta temporada na Netflix. Estamos tremendamente orgulhosos da última temporada da produção e embora seja doloroso para os fãs, achamos melhor encerrar este capítulo no auge. Agradecemos nossos parceiros na Marvel, o showrunner Erik Oleson, os roteiristas, a equipe estelar e o incrível elenco, incluindo Charlie Cox como Demolidor, e somos gratos aos fãs que apoiaram a série ao longo dos anos", anunciou a Netflix em um comunicado divulgado pelo site "Deadline".

O fim de "Demolidor" acontece apenas um mês após a Netflix cancelar outros dois frutos de sua parceria com a Marvel: "Punho de ferro" e "Luke Cage" já haviam sido descontinuadas pelo serviço de streaming. marvel

Os cancelamentos em série levantaram entre fãs insegurança em relação à continuidade das outras séries da parceria. Por enquanto, permanecem de pé "O justiceiro" e "Jessica Jones", cuja terceira temporada está em produção. A Marvel e a Netflix ainda lançaram no ano passado a minissérie "Os defensores", feita para uma temporada única.

No comunicado sobre o cancelamento, a Netflix ainda afirmou que a série "Demolidor" iria "permanecer disponível no serviço por anos, enquanto o personagem viveria em projetos futuros da Marvel". A afirmação alimentou a esperança de que a série possa retornar no Disney+, plataforma de streaming da Disney, empresa que detém a Marvel. O serviço deve ser lançado no fim de 2019.

No entanto, outros fatores podem ter contribuido para o cancelamento das séries na Netflix: segundo o "Deadline", as produções eram altamente custosas, mesmo com incentivos fiscais de Nova York, e não estavam dando o retorno esperado.

Jô Soares lança o segundo volume de sua biografia e relembra companheiros como Paulo Silvino, o Severino de Zorra Total

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RIO — Para Jô Soares, agora é “até 2098”. Com o segundo volume do “Livro de Jô: uma autobiografia desautorizada”, que chega nesta sexta-feira às lojas pela Companhia das Letras, o humorista, apresentador, escritor, ator, diretor, pintor e cantor enfim completa o relato do que viveu e viu nos seus primeiros 80 anos de vida. E agora sossega até os próximos 80.

O incêndio do Museu Nacional (que ele visitou durante as pesquisas para o bem-sucedido romance “O Xangô de Baker Street”, de 1995) entra, no livro, no inventário afetivo de perdas recentes, como as dos companheiros de humor Paulo Silvino (em agosto do ano passado) e Agildo Ribeiro (em abril deste ano).

— Eu me lembro muito das coisas que o Silvino falava no camarim, as brincadeiras que a gente fazia, porque ele era complemente maluco no melhor sentido da palavra, ele criava com uma facilidade extraordinária — diz. — E o Agildo era espetacular em shows solo, pequenos, em boates ou teatros. Não sinto saudades de épocas, só de pessoas.

O humorista falou ainda sobre o atual momento do Brasil:

— Tem momentos em que você fica absolutamente chocado com o absolutamente correto, porque não há nada menos correto do que o absoluto.

Leia a matéria completa e trechos do livro aqui.

Polícia espanhola prende negociante de arte suspeito de falsificar obras de Picasso e Dalí

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MADRI — A polícia espanhola prendeu um negociante de arte acusado de vender obras falsas de Picasso, Dalí, Warhol e outros mestres do século 20 a clientes norte-americanos.

Oswaldo Aulestia, de 72 anos, vendia impressões de edição limitada com assinaturas, números de série e certificados de autenticidade falsificados como parte de uma organização criminosa, disse a polícia nesta sexta-feira.

Aulestia é acusado de violar direitos autorais e foi alvo de um mandado de busca e detenção, emitido pela Suprema Corte em 2016, para sua extradição aos Estados Unidos e de um mandado de prisão, emitido por um tribunal de Barcelona em 2017, disse a polícia.

"Desde o mandado da Interpol para o conhecido falsificador, houve inúmeras tentativas de encontrar o fugitivo que adotou medidas extremas de segurança para evitar a Justiça", disse a polícia.

Sem patrocínio do BNDES, concurso internacional de piano não acontecerá este ano

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RIO - Após cinco bem sucedidas edições, o Concurso Internacional BNDES de Piano não acontecerá este ano. A informação, divulgada pela coordenação do concurso, foi confirmada pelo banco, que alegou não ter sido possível seguir com o patrocínio "devido a limitações orçamentárias". Segundo a pianista Lilian Barretto, presidente do instituto Arte Plena, que coordena o concurso, o esforço agora é no sentido de buscar uma outra forma de financiamento que garanta regularidade ao evento, que é bienal, para que ele não fique mais "ao sabor de crises políticas ou econômicas".

- O BNDES dá nome ao concurso, que nasceu de uma ideia do banco. Mas acho que eles também foram surpreendidos com a crise. E disseram que não tinham condições de mantê-lo - disse Lilian, explicando que não se tratava de um simples concurso. - Estava encaixado num conceito de economia criativa que ajudou a revelar e alavancar carreiras de seis ou sete pianistas com bolsas de estudos. Tudo como parte de uma forte ação estrutual de investimento na cultura do Brasil. download (6).jpg

O Concurso Internacional BNDES de Piano foi criado pelo banco em 2009, para promover o desenvolvimento social da arte através do mapeamento e descoberta de jovens talentos do piano brasileiro. Pianistas brasileiros como Fabio Martino, Ronaldo Rolim, Leonardo Hilsdorf e Lucas Thomazinho foram alguns dos que tiveram suas carreiras alavancadas nacional e internacionalmente através dele. Entre 2012 e 2016, o concurso ofereceu 13 bolsas de estudos para pianistas brasileiros em escolas e festivais renomados no exterior. Em 2010, comprou e doou 20 pianos para escolas de música do Rio de Janeiro.

- O Instituto Arte Plena foi criado para ser gestor do concurso, pois o fundo cultural do BNDES só pode aprovar investimentos se o dinheiro for gerido por uma entidade sem fins lucrativos. De 2008 a 2016, levamos ideias ousadas e tivemos todo o apoio do banco. Mas a situação dele, assim como a do país, mudou - reconhece Lilian. - Agora temos que pensar em outras oportunidades para não dependermos de um patrocinador só. Visitei 15 empresas, e consegui apoio de duas. Mas não foi possível alcançar o valor necessário para o concurso, que em si não custa muito. As ações, como as bolsas de estudo, é que sim.

Só em 2016, o patrocínio do BNDES para o concurso foi de R$ 2.793.089,92. Na ocasião, a disputa teve 150 candidatos, de 37 países. Foram distribuídos R$ 280 mil em prêmios.download (7).jpg

Confira a nota do Instituto Arte Plena:

"Hoje, 29 de novembro, deveríamos iniciar a sexta edição do Concurso Internacional BNDES de Piano, em homenagem ao grande pianista brasileiro Arnaldo Estrella.

Infelizmente, o concurso não ficou imune à séria crise política e econômica que atravessamos e, embora a coordenação geral do concurso tenha buscado e conseguido algum apoio em duas empresas brasileiras, não foi possível chegar a uma solução econômica que assegurasse a qualidade e excelência obtidas nas edições anteriores, que levaram o consurso a ter imensa credibilidade internacional e a ser considerado o mais importante certame da América Latina.

Informamos que a presidência e o conselho consultivo do instituto Arte Plena, coordenador do concurso, estão neste momento organizando uma frente para buscar alianças com instituições culturais brasileiras de forma a garantir a regularidade e perenidade deste importante projeto de mapear e descobrir talentos pianísticos brasileiros e lhies oferecer oportunidades de aprimoramento artítico e construção de suas futuras carreiras.

Nosso objetivo prioritário é anunciar em breve as novas datas do concurso para o período 2019/2010".

Foto rara de Van Gogh adolescente não era de Vincent

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AMSTERDÃ — Vincent van Gogh gostava de pintar autorretrato, mas ele era muito mais febril sobre sua imagem na vida real. Durante anos, apenas duas fotografias de seu rosto eram conhecidas. Agora, restou apenas uma. Um retrato que acredita-se ser de um Vincent adolescente na verdade não é dele, mas sim de seu irmão Theo. A revelação foi feita por pesquisadores do Museu Van Gogh, em Amsterdã, na quinta-feira.

A fotografia, tirada em um estúdio em Bruxelas na década de 1870, seria uma imagem do artista aos 13 anos e foi exibida dessa forma desde que um historiador belga a publicou pela primeira vez em 1957. Mas uma investigação recente do museu, que possui a fotografia, e de um cientista forense da Universidade de Amsterdã descobriu que o rapaz da foto não poderia ter sido Vincent.

SUB_VAN_GOGH_BROTHER_4_1811241.JPG— Esse era o retrato arquetípico do artista quando menino e tem sido usado em todo o mundo para representar a juventude de Vincent — disse Teio Meedendorp, pesquisador sênior do Museu Van Gogh. — Será difícil apagá-la do sistema, e até por isso trouxemos essa notícia a público, porque a foto provavelmente continuará aparecendo como a imagem de Vincent por algum tempo.

Agora, o único retrato fotográfico restante que os especialistas acreditam ser do artista é umfoto feita aos 19 anos em um estúdio em Haia. Pesquisadores do museu também acreditam que Vincent van Gogh pode aparecer numa terceira fotografia — uma imagem borrada de Émile Bernard, grande amigo do pintor, sentado à mesa. Acredita-se que a figura em frente a ele seja van Gogh, mas a foto o mostra apenas por trás.

VAN_GOGH_BROTHER_2_1811081.JPGTodas as outras imagens conhecidas de van Gogh são pinturas, incluindo cerca de 30 autorretratos, e alguns retratos dele de outros artistas, incluindo Paul Gauguin. Algumas fotos supostamente de Van Gogh adulto circularam ao longo dos anos, mas os especialistas desconfiam da veracidade delas.

— Vincent não gostava muito de fotografia e não gostava de tirar fotos — disse Meedendorp. — Parece que ele evitou isso. Temos seis ou sete fotos de Theo de diferentes idades e sabemos de várias fotos de outros membros da família. Com Vincent há agora apenas uma.

A fotografia identificada erroneamente foi exibida pela primeira vez em 1957 em uma exposição organizada pelo historiador belga de arte Mark Edo Tralbaut, que identificou a imagem como Vincent aos 13 anos. Por mais de meio século, a informação foi inquestionável.

Mas em 2014, um programa holandês de televisão usou técnicas experimentais de imagem para transformar o rapaz da foto no Vincent de 19 anos. O esforço não foi bem sucedido, sugerindo que talvez eles não fossem a mesma pessoa.

Os pesquisadores do museu decidiram explorar a história e descobriram que a imagem foi feita por um fotógrafo chamado B. Schwarz, que se mudou para Bruxelas e montou um estúdio lá em 1870. Nesse ponto, Vincent já tinha 17 anos e morava em Haia. Era improvável, portanto, que a foto fosse de Vincent aos 13.

No entanto, os pesquisadores sabiam que seu irmão mais novo, Theo, mudou-se para Bruxelas em 1873, aos 15 anos, para começar a trabalhar n a filial belga do galerista internacional Goupil & Cie. O museu agora acha que o retrato de Theo provavelmente foi dado como presente de aniversário ao pai deles em 1873. Os irmãos eram parecidos, mas Theo era mais esguio, tinha feições mais delicadas e olhos azul-claros — outras evidências sugerindo que a foto era dele, e não de Vincent. A foto é muito semelhante a outra de Theo dois anos antes, em Amsterdã.

O Museu Van Gogh mantém a fotografia original guardada, pois ela é frágil e sensível à luz, mas exibe uma cópia em suas galerias, numa seção dedicada à biografia de van Gogh. Meedendorp disse que o museu agora vai transferir a foto e identificá-la como Theo.

— Perdemos uma imagem de Vincent, mas ganhamos uma imagem de Theo, então você pode ver isso em um certo tipo de luz positiva — disse Meedendorp.

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Karma e os ratos do ódio

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No século XIII o Papa Gregório IX acusou os gatos de serem uma encarnação do diabo, utilizados pelas bruxas em rituais satânicos, promovendo a matança generalizada dos pequenos felinos, das formas mais cruéis que é possível imaginar. A consequência imediata desse formidável gaticídio foi a proliferação dos ratos, abrindo caminho à peste bubônica, ou peste negra, que nos séculos seguintes matou mais de cem milhões de europeus.

Tudo é karma, causa e efeito, ação e consequência.

Penso no papa Gregório IX enquanto tento acompanhar as notícias sobre o ataque de tropas americanas contra migrantes latino-americanos na fronteira com o México. A caravana de migrantes, composta em boa parte por mulheres e crianças, foi atacada com gás lacrimogêneo quando tentava cruzar a fronteira.

Estou em Guadalajara, para participar da Feira Internacional do Livro, a segunda mais importante do mundo depois da de Frankfurt. Centenas de escritores, editores e jornalistas, vindos dos mais diversos países, cruzam-se por entre pilhas de livros. Nestes dias, contudo, mais do que os novos lançamentos literários, o tema das conversas informais, bem como dos debates públicos, tem sido a caravana de sete mil migrantes, proveniente das Honduras que se dirige para a fronteira com os Estados Unidos. Cinco mil migrantes estão já em Tijuana.

Durante décadas os Estados Unidos desestabilizaram a América Latina, promovendo golpes de Estado, apoiando ditaduras, torpedeando de mil formas diferentes um desenvolvimento mais justo desses países. O mesmo se poderia dizer da atuação de algumas potências europeias em África. As vagas de migrantes que hoje tentam entrar nos EUA e na Europa são consequência direta daquelas políticas desastrosas. É o karma.

As pessoas não emigram se os seus países estiverem em paz e lhes assegurarem um mínimo de condições de vida. Migrar é quase sempre um ato de desespero. Sou angolano. Durante os trágicos anos em que o meu país esteve em guerra civil — um conflito fomentado e financiado pelos Estados Unidos e pela União Soviética —, muitos milhares de angolanos abandonaram o país. O êxodo terminou com o fim da guerra. Então, Angola começou a receber de volta os angolanos que haviam saído, além de muitos milhares de emigrantes, sobretudo congoleses, portugueses e brasileiros.

A melhor estratégia para deter as vagas migratórias de gente desesperada passa por investir na pacificação, na democratização e no desenvolvimento dos países em crise.

Ao mesmo tempo, é necessário combater a xenofobia e o racismo, estimulando a empatia e promovendo o conhecimento das diferentes culturas humanas — neste caso, a literatura, a grande literatura universal, pode ajudar.

O novo presidente mexicano, López Obrador, que toma hoje posse, anunciou a intenção de negociar com o seu poderoso vizinho do norte uma espécie de “Plano Marshall”, voltado para a pacificação e desenvolvimento da América Central. Obrador deveria pensar também em investir fortemente no apoio à divulgação da literatura mexicana, e da América Central, nos EUA. Contra armas, livros. Contra muros, sólidas pontes de afeto: empatia!

Os ratos do ódio já estão por aí, disseminando a peste. Mas ainda é possível evitar desastres maiores.


'O Mágico de Oz' é o filme mais influente de todos os tempos, diz estudo

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RIO — Um estudo da Universidade de Turim, na Itália, revelou que o "O Mágico de Oz" (1939) é o filme mais influente da história do cinema, segundo publicou o "Independent". O clássico americano com a icônica trilha sonora com "Over the Rainbow", foi considerado mais influente do que seus rivais mais próximos, "Star Wars" e "Psicose".

Os pesquisadores calcularam uma pontuação de influência para 47 mil filmes listados no IMDb (o maior banco de dados de filmes na internet). A pontuação foi baseada em quanto cada filme foi referenciado por produções subsequentes. Os autores descobriram que os 20 filmes mais influentes foram todos produzidos antes de 1980 e principalmente nos Estados Unidos.

Livio Bioglio, um dos autores da pesquisa, desenvolveu um algoritmo que utiliza citações entre filmes como uma medida de sucesso. O programa também pode ser usado para avaliar a carreira de diretores, atores e atrizes, considerando sua participação em filmes de maior pontuação. 'O mágico de Oz'

"A idéia de usar a análise de rede para classificar os filmes não é completamente nova, mas, para nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que usa essas técnicas para também classificar as personalidades envolvidas na produção de filmes", afirmou Bioglio, segundo o "Independent".

Aplicando o algoritmo a atores, em vez de filmes, Samuel L. Jackson, Clint Eastwood e Tom Cruise foram classificados como os três primeiros. A única mulher no "top ten" foi Lois Maxwell, que atuou como Miss Moneypenny na franquia de James Bond, o que levou os pesquisadores a observar a desigualde de gênero no cinema. Links filmes

"As pontuações das atrizes mais bem cotadas tendem a ser mais baixas comparadas aos seus colegas do sexo masculino. As únicas exceções foram filmes musicais, em que os resultados mostram moderada igualdade de gênero e filmes produzidos na Suécia, onde as atrizes tiveram melhor desempenho em relação aos atores", disse Bioglio, segundo o site.

Os autores sugerem que seu método poderia ser usado para pesquisa nas artes e pelos historiadores do cinema. No entanto, eles advertem que os resultados só podem ser aplicados ao cinema ocidental, já que os dados sobre o IMDb são fortemente tendenciosos em relação aos filmes produzidos nos países ocidentais.

Branford Marsalis: 'O jazz é tão bom quanto quem o toca'

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Exposição apresenta Dom João além do frango, com pompa e circunstância

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Governante indeciso e inapto, mais interessado em coxas de frango do que no reino. Dom João VI (1767-1826), que fugiu de Napoleão com a família real portuguesa, chegando aqui em 1808, ficou com essa imagem entre os brasileiros.

Dom João VI

Mas nem sempre foi assim. Em 1818, sua aclamação como rei de Portugal, Brasil e Algarves parou o Rio de Janeiro, sinal de uma popularidade desfeita pós-Independência. Aproveitando os 200 anos da aclamação, a exposição “O retrato do Rei Dom João VI”, no Museu Histórico Nacional, busca revelar faces menos conhecidas do monarca — que, como se vê abaixo, foi registrado com a devida majestade.

— Hoje, a imagem pública de Dom João se aproxima da caricatura. Mas ele foi um governante marcante para a História do Brasil — diz o curador da mostra, Paulo Knauss.

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Crítica: Boas perguntas sobre o suicídio, uma questão sem respostas fáceis

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O americano Andrew Solomon não se acanha diante de temas pesados. Tornou-se conhecido pelo premiado “O demônio do meio-dia” (2001), improvável best-seller de 600 páginas sobre a depressão, doença que aflige o próprio autor. Em “Longe da árvore” (2012), abordou filhos autistas, esquizofrênicos ou, em outras palavras, diferentes dos pais em quesitos físicos, mentais ou sociais.

Agora, em “Um crime da solidão: Reflexões sobre o suicídio”, compila nove textos sobre o que considera uma epidemia crescente. Solomon dá um panorama do tema mas também se detém em casos específicos de celebridades (Robin Williams, Anthony Bourdain, Kate Spade) e de um amigo próximo. São textos curtos, mas pesados, exigindo que o leitor tome fôlego entre um e outro.

Andrew Solomon

Em diversos momentos, Solomon critica a busca por culpados por alguém tirar a vida, seja o vício em drogas ou o fim de um relacionamento. Mas a conexão entre suicídio e depressão, muito mais forte e difícil de descartar, intriga Solomon. O primeiro — e mais impactante — texto trata justamente do suicídio de um amigo vivaz, um dândi dançarino amante da arte descrito com traços exuberantes. Como escreve o autor, “o fato de alguém ser extremamente feliz não significa que não seja extremamente triste”.

Esse contraste entre persona pública e privada é retomado no texto sobre o comediante Robin Williams: “O suicídio de Williams demonstra que nenhum de nós está imune. Se é possível ser Robin Williams e ainda assim querer se matar, então todos nós estamos expostos à mesma assustadora vulnerabilidade.”

Solomon ressalta ainda a ideia bastante difundida de que o suicídio de famosos acaba contagiando o público comum. É um dilema antigo do jornalismo: noticiar um caso desses aumenta o número de imitadores mas, para Solomon, o suicídio deve ser discutido abertamente para poder ser contido.

Isso fica evidente no artigo sobre o número elevado de homossexuais que dão um fim à própria vida. Numa conversa com um especialista no tema, o autor destaca como a aceitação da própria sexualidade tem um papel fundamental para impedir que a depressão tome conta.

Solomon afirma que a depressão não é o oposto da felicidade, mas da vitalidade. Aqui, nos deparamos com um autor perplexo: como entender este “crime da solidão” cometido pelos que mais esbanjam alegria? Pela maneira franca de lidar com o tema, poucas tentativas poderiam ser mais tocantes do que esta.

Antônio Xerxenesky é escritor, tradutor e doutorando em Teoria Literária pela USP

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‘Um crime da solidão’

Autor: Andrew Solomon. Editora: Companhia das Letras. Tradução: Berilo Vargas.

Páginas: 112. Preço: R$39,90. Cotação: Ótimo.

Artigo: Estado e Mercado, de Pedro Bial

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RIO - Posso ser, e sou, um quase analfabeto econômico, porém sou isso já faz tanto tempo que minha ignorância perdeu vigor, tornando-se um pouquinho menos ignorante. Para mim, os hieroglíficos signos da Economia são tão misteriosos quanto irresistíveis, e minha já vasta experiência como teimoso ledor de um alfabeto que mal adivinho fez por formar cá um intérprete razoável de sua dinâmica — acerto bastante na previsão de consequências das decisões de política econômica, o vulgo “vai dar merda”. Consigo até antecipar o que seria justo ou necessário à vista de quadros concretos, a tal realidade que me é tão cara. Sim, é vero que esse tirocínio de observador leigo foi deveras facilitado por governanças calamitosas recentes. Profissional das generalidades que sou, acabo por identificar nos traços pontilhados a futura figura.

Agora, por exemplo, mesmo com o aparentemente insolúvel déficit fiscal pairando como mil espadas damoclianas sobre os pescoços de sempre, entendo quem aposta numa retomada mais vigorosa do crescimento, em 2019. O mercado, quer dizer, o Mercado parece, ainda que só por oportunismo, reconhecer coerência e coesão na equipe formada por Paulo Guedes. (Assim como aqui no Brasil convencionou-se chamar social-democratas de neoliberais, agora, à vista do desabrochar da inevitável primavera dos liberais, não se hesita em tachá-los de ultraliberais)

Pois bem, acho no mínimo justo escrever Mercado com inicial maiúscula, já que seu oponente usual é o Estado. Tem efeito garantido, fácil e charmoso, declarar-se desconhecer quem diabos vem a ser esse tal de Mercado. Ora, malandro, dá ganas de dizer, tu o conheces bem, só não estás a associar o nome à p’ssoa... Pois não sabes que o Mercado vem a ser, ora, vem a ser eu, tu e todos os melhores corações do mundo e quem mais tiver uma poupancinha sarapa?

Entre os polos da ganância e do medo vicejou o Mercado, defendendo o interesse inconfessável dos bem-intencionados: prosperar. Assim fazendo, o famigerado Mercado libertou, por exemplo, a História da Arte das garras da Igreja e da aristocracia; curou as doenças incuráveis de nossas crianças; salvou nossas safras perdidas; multiplicou a população do planeta e sua expectativa de vida sobre ele; tornou possível a cooperação sináptica entre seres humanos separados por oceanos intransponíveis; em suma, ou, como quer o novo ministro da Educação, em soma, o Mercado é um milagre. Será que daí vale citar Bandeira e dizer que bendito o Estado, que é o fim de todos os milagres? Será?

Vamos recorrer ao processo de eliminação do escultor, tirando do mármore o que não é leão e, lasca a lasca, desnudar o que separa uma coisa de outra, para afirmar, sob uma chuva de pedras: tudo o que não é Estado, é Mercado, inclusive suas ocasionais simbioses ornitorrínicas. Uma conclusão quase positivista! Haveria apenas que corrigir, à la Barão de Itararé, o mote de Augusto Comte: “Os vivos serão sempre governados pelos... mais vivos...”

Estaria o Estado para o amor assim como o Mercado para o sexo? Tipo assim... Estado é estrada, Mercado é caminho; Estado é mapa, Mercado é atalho; Estado é guia, Mercado é sarjeta; Estado é intervenção, Mercado, reação; Estado quer ensinar, Mercado aprende; Estado é valor, Mercado é preço; Estado é sermão, Mercado é fé; Estado é certeza, Mercado é risco; Estado é muro, Mercado, concreto; Estado é boa intenção, Mercado, malícia; Estado é casto, Mercado é pornográfico; Estado para, Mercado movimenta; Estado promete, Mercado cumpre; Estado protege, Mercado emancipa; Estado é ninho, Mercado é voo; Estado exige, Mercado seduz; Estado afirma, Mercado conversa, e desconversa; Estado faz a lei presente, Mercado, a lei futura; Estado é matrimônio, Mercado é paixão; Estado é hino, Mercado é rock; Estado é valsa, Mercado, fuga; Estado marca, Mercado é marcado; Estado acaba, Mercado, não.

Ao contrário do que se previu há uma década, o clipe está vivo e quente

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Biblioteca Nacional procura donos de manuscritos, publicações e documentos roubados

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RIO - Alvo de um grande roubo em 2004 — quando 1.200 obras de seu acervo desapareceram —, a Biblioteca Nacional acaba de receber um lote de 861 itens apreendidos pela Polícia Federal. São manuscritos, publicações, documentos, cartas, selos, telegramas, fotos encontrados pela PF ao investigar quadrilhas que roubam patrimônio histórico.

O material nada tem a ver com o caso da Biblioteca, cuja maioria das peças furtadas segue sumida. Descobertas pela Delemaph, a delegacia especializada em investigar crimes contra meio ambiente e patrimônio histórico, as peças estavam acumulando poeira há cinco anos porque não se sabe a quem pertencem. Agora, por determinação do juiz Gabriel Borges Knapp, da 4ª Vara Criminal Federal, o lote foi entregue à BN, onde funcionários trabalham na tentativa de identificar os donos.

— Temos uma parceria profícua com a PF, e somos reconhecidos como uma instituição guardiã da memória brasileira — diz a presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Helena Severo.

Após uma quarentena para que os itens fossem higienizados, começa agora a catalogação. Mas só 20% do que foi apreendido têm carimbos que identificam a origem.

79999553_SC Rio de Janeiro RJ 23-11-2018 - Polícia Federal doa para a Biblioteca Nacional um lote de.jpg

Os 861 itens foram fotografados e guardados ao lado de descrições como “190 cartas manuscritas em árabe”, “seis fotos cartão cabinet (que funcionavam como cartões de visita)”, “18 fotografias relativas à ferrovia (Botucatu, 1907)”, “documento de 1606 (data a lápis)” e “documento de 1584 (possivelmente um testamento)”. Entre bilhetes, certidões, telegramas e selos, há preciosidades como cartas do século XIX demarcando limites do Império do Brasil.

— Os manuscritos por si só são importantes porque são únicos. Há alguns do século XVI. Um bem importante é o “Caderno das Ordens do Dia do Barão de Caxias”, de 1842, que guarda documentos da Guerra do Paraguai considerados memórias do mundo — conta Maria José da Silva Fernandes, coordenadora-geral de Coleções e Serviços ao Leitor. — A Biblioteca já havia sido designada como fiel depositária de material, mas de algo como este é a primeira vez.

O próximo passo é procurar as instituições que aparecem nos carimbos para combinar a devolução.

— Já fizemos isso antes. Mas, para devolver qualquer material, temos que pedir autorização do juiz — explica ela, ponderando que muitas peças não poderão ser identificadas e devolvidas porque não têm marcas de propriedade. — Fica o alerta para as instituições sobre a importância de marcar seus documentos.

dinheiro, droga...

Após grandes roubos nos últimos 15 anos, as instituições brasileiras passaram a buscar novas formas de proteger seus acervos. Nesta semana, a própria Biblioteca abrigou a II Jornada da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (Ifla), para discutir “o tráfico ilícito do patrimônio bibliográfico na América Latina e Caribe”.

— Dinheiro descoberto, deposita-se; droga, queima-se. Mas e as obras de arte que ficam na delegacia? — questiona o delegado Paulo Telles, da Delemaph. — Sem colaboração das instituições públicas para fazer a perícia, identificar e dar destinação a elas, muitas ficariam se estragando no nosso depósito.

O delegado diz que tem tentado obter autorizações judiciais para que um especialista acompanhe as diligências.

— Se vou à casa de um colecionador que participa de receptação sem alguém qualificado para identificar as obras, recupero três, quatro livros, quando poderia resgatar dez, 50.

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Crítica: desta vez, um Morrissey para se levar pra casa

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Morrissey, desta vez, não cantou "Meat is murder". Pode parecer um detalhe bobo, mas na recordação das quatro vezes em que o vocalista da banda inglesa Smiths se apresentou no Rio de Janeiro (em carreira solo, já que o quarteto nunca se tocou no Brasil, tendo durado apenas entre 1982 e 1987), trata-se de algo significativo. Poucas vezes o artista - eleito em 2006 pelos ouvintes da BBC como o segundo maior inglês vivo, só atrás de Sir David Attenborough - esteve tão esfuziante quanto em seu show da noite de sexta-feira na Fundição Progresso. Seus fãs, alguns dos mais fiéis e apaixonados que se conhece no mundo do rock, foram poupados do depressivo e opressivo libelo anticarnívoro de seus shows de outrora e presenteados com um repertório que passou longe da catarata de sucessos. Mas que mostrou um Morrissey feliz e ferino - como deve ser o melhor Morrissey.

Nada surpreendentemente, o cantor chegou ao Brasil a reboque de um novo álbum - "Low in high school", do ano passado. Não um de seus melhores discos, e nem mesmo lançado em uma das melhores épocas de sua vida pública (há que se lembrar os seus recentes comentários a favor do Brexit, que nada colaboraram para a sua popularidade). Mas, no palco, Morrissey é uma divindade, e foi assim que ele surgiu na Fundição (com uma camisa com seu próprio nome, ilustrada por uma foto de James Dean), após uma sessão de vídeos, de sua curadoria, que passou por Ramones, Patti Smith, pop italiano, David Bowie e uma série de artistas escolhidos a dedo certeiro. Quem apostava que ele iria cancelar os shows brasileiros (uma ameaça que sempre ronda o mundo Morrissey), de repente deu de cara com o ídolo, à beira dos 60 anos de idade, em plena vitalidade e virulência.80112304_SC Rio de Janeiro RJ 30 -11- 2018 - Show do Morrissey na Fundição Progresso Foto Marcelo Th.jpg

Sua banda, é claro, estava uniformizada, como um exército, com boinas e camisetas pretas em que se lia "Return of the black panthers" ("Retorno dos panteras negras"). Imagens persistentes no telão do mito da literatura afro-americana James Baldwin indicavam a mais nova fixação pop de Morrissey (Apropriação cultural? Nada disso é nem nunca foi estranho a ele), dando as boas vindas ao público naquele que foi o show mais visualmente rico que o inglês apresentou no Rio, com vídeo e um caprichado jogo de luzes. "William, It was really nothing", clássico dos Smiths, abriu o show, com falsete emocionante, como que para lembrar o público a razão de estar ali. Com imagens da ex-premiê inglesa e musa conservadora Margaret Thatcher, pouco depois "I wish you lonely" levou a todos para os domínios do novo álbum de Morrissey — sem qualquer contraste com o que veio antes, o que é louvável.

"Is it really so strange?" e "How soon is now" cumpriram bem a dose de Smiths no show, abrindo caminho para "Back on the chain gang", simpático cover de canção dos anos 1980 do grupo Pretenders, que Morrissey lançou recentemente como single — o qual, como ele comemorou com sarcasmo no palco, chegou ao primeiro lugar da parada de discos — de vinil — da Inglaterra. A sua defesa da causa animal da ausente "Meat is murder" foi feita no show com "The bullfighter dies" (do disco "World peace is none of your business", de 2014), festejando, em direito a vídeo, as touradas em que o touro leva a melhor sobre o toureiro. O telão também foi fundamental em "Munich air disaster 1958", em que Morrissey recordou o acidente aéreo que matou, em 1958, boa parte do time de futebol Manchester United, da sua cidade natal.

A estranhamente romântica "Dial-a-cliché" e "Break up the family" (ambas de "Viva hate", primeiro álbum solo de Morrissey, de 1988), mais "Hold on to your friends" e "Jack the ripper" responderam pelo Morrissey de outros tempos, diante de músicas de seu novo álbum, como "Spent the day in bed" e "Jacky's only happy when she's up on the stage". Mas estava tudo em casa, e o show terminou com duas voltas a diferentes passados, dos hits "Everyday is like sunday" (de "Viva hate") e "The first of the gang to die" (de "You are the quarry", de 2004), na qual um animadíssimo cantor, com "Brasil" escrito no antebraço deixou a compostura de lado e sacudiu um pandeiro. Censurar, quem se atreve? Era muito amor envolvido e mais uma volta ao Rio do cantor dos Smiths.

Cotação: Ótimo

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Crítica: De Canudos ao subúrbio, uma reta para a tragédia na ópera 'Piedade'

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RIO - A cidade do Rio tem uma dívida com João Guilherme Ripper. Enquanto foi gestor da Sala Cecília Meireles (de 2004 a 2015) e do Teatro Municipal (de 2015 a 2017), o compositor carioca jamais programou suas obras. Uma ética elogiável, que gerou o efeito colateral de punir o público que busca na ópera mais do que um museu de extravagâncias musicais. A montagem de “Piedade” na Cecília Meireles abate parte deste débito.

Mas apenas parte, porque, por melhores que sejam a acústica da Sala e a direção cênica de Daniel Herz, o resultado em cena é pouco melhor que uma versão de concerto, o que deixa a plateia ávida por uma montagem completa, a exemplo do que ocorreu na estreia da peça em abril de 2012, quando Isaac Karabtchevsky a regeu no Vivo Rio.

É preciso reconhecer, no entanto, que uma encenação plena desta adaptação do escândalo que matou o autor de “Os sertões” traz enormes desafios. Há pouco teatro em “Piedade”: as personagens de Euclides da Cunha, de sua mulher (Anna) e do seu amante (Dilermando) não têm enormes camadas, e o fiapo de história se encaminha em linha reta para a tragédia.

Insatisfeita num casamento com um marido que a trocou por glória e idealismo, Anna se entrega a um rapaz cheio de idealismo que lhe dá atenção. Como estamos na primeira década do século XX, alguém certamente morrerá.

O que seria um enredo frágil ganha tônus através de uma música tonal injetada de dramaticidade, que aos poucos vai tomando a dianteira nas cenas, subjugando o libreto e ditando um sentido emocional irresistível. Temos, enfim, uma ópera.

O dueto de Anna e Dilermando na segunda cena, apoiada nas cordas e nas madeiras regidas com segurança por Priscila Bonfim, e a canção de Dilermando, uma deliciosa modinha à Pixinguinha que abre o quarto quadro, são alguns dos momentos em que drama e deleite auditivo dão os braços. A cena final do tiroteio no subúrbio é eficaz, seguida por uma ária linda e desnecessária de Anna, à guisa de epílogo, em que a argentina Laura Pisani escala intervalos vertiginosos, dignos da Turandot, validando o ingresso com arrebatamento.

Num elenco equilibrado e muito adequado aos papéis, o barítono Homero Velho construiu um imponente Euclides, viril e convincente. Contrastou-se bem com o Dilermando de Daniel Umbelino, tenor ligeiro que imprimou jovialidade e, depois, heroísmo.

As marcações de Daniel Herz trouxeram o povo de Canudos como uma sombra em cena que, pouco a pouco, perdeu o sentido — não parecia mais ser necessário sublinhar a obra de Euclides quando estamos no bairro da Piedade em meio a um crime passional. Mas se semeou, pela direção de arte de Marcelo Marques, um caminho para um espetáculo futuro, quando o Municipal se dignar a montar óperas nossas novamente.

O presente de tia Muriel

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Crítica: Desta vez, um Morrissey pra se levar pra casa

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