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Como Rami Malek ganhou os dentes de Freddie Mercury em 'Bohemian Rhapsody'

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NOVA YORK — Se você achou grandes demais os dentes de Rami Malek em “Bohemian Rhapsody”,saiba que eles poderiam ter sido ainda maiores. A prótese gigante que o ator usou para encarnar Freddie Mercury foi feita em tamanhos diferentes, incluindo uma opção do tamanho real do cantor do Queen, que ficou um pouco grande demais para o rosto de Malek.

Links Bohemian RhapsodyEsse e alguns outros segredos surgem numa conversa com Chris Lyons, o protético da empresa britânica Fangs FX. OA artista, de 55 anos, vem fazendo sucesso em filmes e programas de TV há décadas, acumulando trabalhos com estrelas como Tilda Swinton, Meryl Streep e Johnny Depp em criações memoráveis. Ele até fez presas de ouro para um Doberman em um vídeo de Kanye West.

Se o trabalho de Lyons geralmente desempenha um papel de apoio nas produções, ele ganhou ares de protagonista no novo filme biográfico do Queen. Em uma cena inicial, os futuros colegas de banda de Mercury são céticos sobre sua capacidade de ser um vocalista por causa dos dentes, mas o cantor sugere que ter quatro dentes extras lhe traz benefícios musicais.

Na entrevista abaixo, Lyons fala sobre a criação do conjunto de dentes de Freddie Mercury em ouro, sua contribuição nos filmes recentes de "Guerra nas Estrelas", e seu trabalho com Björk.

Como os dentes moldaram a boca de Rami Malek como aparece no filme?

remi-malek.pngSão dentes grandes e um pouco saltados, então se inclinam para frente. Na boca de Rami, empurram o lábio, dando aquela aparência que lembra mais a boca de Freddie.

Freddie tinha muita consciência de seus dentes e muitas vezes tentava escondê-los com o lábio. Rami adorava isso, porque ele tinha que se esforçar para esconder esses dentes como Freddie fazia.

Do que eles são feitos?

Acrílico, basicamente. Se a sua avó tem uma dentadura e tira de noite para colocar no copo ao lado da cama, é um material semelhante a esse. Mas cada dente foi feito a mão em camadas para obter as cores e se adequar ao Rami. Nada padrão.

E como eles encaixavam?

Não usamos fixadores. Eles simplesmente ficavam entre os dentes dele e o lábio. Era isso. Porque quando você umtrapassa a superfície de mordida dos dentes, isso afeta a maneira como você fala e você não conseguirá fechar a boca. Rami podia fechar a boca completamente porque nenhum dos meus dentes estava na superfície da sua mordida. Eles entravam e saíam em segundos.

Fizemos vários modelos até o tamanho dos dentes de Freddie. Quando fizemos o primeiro grande teste e o apresentamos ao (diretor) Bryan Singer, percebemos queo tamanho normal seria muito grande em Rami. Então reduzimos tudo para que tudo combinasse com o rosto e as características de Rami.

Os dentes nesse filme são grandes, mas você fez uma grande variedade ao longo de sua carreira.

Conseguimos fazer dentes tão finos quanto 0,1 milímetro, ou presas de mais de dois centímetros. Fazemos dentes de ouro. Rami me pediu para criar um modelo dos dentes de Freddie em ouro para ele. Queria ter uma lembrança em casa, pois esse não é um personagem que se interpreta todo dia.

No que são usados os dentes mais finos?

tilda-swinton-suspiria.pngSe você estiver interpretando um personagem que vive na selva, um vagabundo ou algo assim, sua higiene bucal é muito ruim. Então, em vez de pintar os dentes, o que afetaria a continuidade, podemos pegar um material fino, pintar isso, prendê-lo e, de repente, os dentes ficam descoloridos. Quando fizemos Tilda Swinton em “Suspiria”, foi o que ela usou. Ela é uma das minhas clientes regulares.

Que tipo de trabalho você fez que ninguém reparou?

Eu fiz todos os novos filmes de "Guerra nas estrelas" e ainda não percebi nenhum de nossos dentres em qualquer um desses filmes.

Fale sobre algum de seus trabalhos mais difíceis.

tim-roth.pngEu diria Tim Roth em "Velha juventude". Na cena, ele está no hospital e o médico ia colocar o dedo em sua boca. E eles queriam que todos os dentes estivessem soltos, balançando. Demorei dois meses para descobrir como faria isso. Criamos uns quatro ou cinco conjuntos diferentes antes de ficarmos satisfeitos. Foi difícil acreditar que funcionou.

E qual foi sua tarefa mais criativa?

Fizemos dentes trinta vezes acima do tamanho real para um clipe da Björk, “Mouth Mantra”. Eles queriam colocar uma câmera na boca como se estivessem filmando de dentro para fora. Então os dentes, as gengivas, o céu e o chão de sua boca precisavam ser trinta vezes o tamanho natural. Recebi um molde da boca dela, que foi ampliado digitalmente. Então tivemos que replicá-lo com as mesmas cores dos dentes e dos lábios dela. björk: mouth mantra


Peça investiga o enigma das relações do homem com o planeta

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RIO — Três anos depois de iniciar suas investigações acerca da existência humana na Terra, com "Estamos indo embora...", a Polifônica Cia. volta ao tema em “GALÁXIAS I: Todo esse céu é um deserto de corações pulverizados”. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência no espetáculo, baseado em textos de J.P. Zooey (pseudônimo do argentino Juan Pablo Ringelheim, encenado pela primeira vez no Brasil), que estreia nesta quinta-feira, no mezanino do Sesc Copacabana.

No palco, entra em cena a história de um professor (Leo Wainer) que busca desvendar, através de uma série de cartas, palestras e vídeos, o enigma das relações do homem como planeta, assim como uma possível mensagem que o sistema solar teria a enviar a toda a humanidade. Paralelamente, seus vizinhos JP e Zooey (Ciro Sales e Julia Lund) refletem sobre as condições da vida na terra e buscam, cada um ao seu modo, encontrar sentidos que sustentem as suas próprias existências. Polifônica Cia.

- Eles vivem numa cidade em que a atmosfera se torna cada dia mais irrespirável e menos oxigenada, tanto pelos efeitos do desequilíbrio climático e dos excessos humanos, como pela ascensão de forças autoritárias que se fecham às artes e por um ambiente informacional cada vez mais poluído, que restringe o pensamento e as liberdades humanas - resume o diretor e jornalista do GLOBO Luiz Felipe Reis, que tem Fernanda Bond como codiretora.download (9).jpg

Reis explica que o cerne da companhia, criada em 2014, é investigar a crise do modo de viver dos seres humanos iniciada a partir da Revolução Industrial, que tem causado cada vez maior conflito com seu habitat. A ideia é mostrar como ela passou a consumir recursos da terra, a alterar a biosfera e a biodiversidade:

- "Estamos indo embora..." é uma investigação sobre os impactos das ações do homem na terra. Para esta peça, trouxemos um outro viés: começamos a nos perguntar o que está por trás desse comportamento. Coisas como a compulsão pelo poder e pelo controle sobre o planeta - explica o diretor, acrescentando que os textos de Zooey vieram ao encontro desta proposta, porque tratam das mesmas questões.

Ele se vale de trechos de “Sol artificial”, “Os eletrocutados” e “Floresceram os neons” para amarrar o roteiro:download (10).jpg

- "Os electrocutados" se tornou a espinha da peça. A busca do professor e de seus vizinhos é uma alegoria para o enigma da existência. Ele cria outras versões para fatos históricos, como a de que o homem descende dos pássaros. Brinca com as noções de verdade e história. O que é fake e o que é fato. Não em relação ao noticiário, mas à história que, no fim das contas, também é uma criação humana. O personagem cria outras versões para o que está estabelecido.

Fazendo jus ao nome - que remete ao emprego simultâneo de muitos instrumentos não executados em uníssono -, a Polifônica Cia. une a investigação temática à estética. Depois de uma indicação ao Prêmio Shell na categoria Inovação, em 2015, pela “multiplicidade de linguagens adotadas para abordar a ação do homem nas transformações climáticas” em “Estamos indo embora...”, agora investe em uma nova experiência cênica.

- No fim das contas, é um concerto ao vivo, uma peça de teatro e uma instalação audiovisual - adianta Reis, que no espetáculo contará com três músicos (tocando instrumentos como piano, saxofone e clarineta), além dos três atores.

SERVIÇO:

Onde: Sesc Copacabana — Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana (2548-1088).

Quando: De quinta a domingo, às 20h. Até dia 2/12

Quanto: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia), R$ 30 (inteira)

Classificação: 14 anos

Festival do Rio: Documentário esquadrinha a arquitetura modernista e polêmica de Paulo Casé

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RIO — Um dos mais importantes arquitetos do Rio de Janeiro, Paulo Casé é retratado em documentário que faz parte da programação do Festival do Rio, que acontece até o próximo domingo. Alternando planos abertos aéreos da cidade, “Paulo Casé — O arquiteto do encontro”, de Paula Fiuza, ambienta as questões urbanísticas do Rio com imagens das construções e obras do arquiteto, morto em agosto, no Rio, aos 87 anos.

Imagens de arquivo e entrevistas com amigos, colegas de trabalho e o próprio Casé, mostrando o lado carioca apaixonado, para além da dimensão do profissional, complementam o filme, que será exibido nesta quinta (6/11), às 15h, na Cinemateca do MAM.

caséconteúdosAo longo dos 73 minutos, há espaço para desvendar o seu processo criativo e conhecer sua trajetória pessoal e profissional, além de trazer à tona polêmicas, como o obelisco construído em Ipanema, projetado por ele para o Rio Cidade, projeto do ex-prefeito César Maia concebido na década de 1990.

— Não sou uma profunda conhecedora de arquitetura, mas mergulhei no personagem. Ele é um arquiteto-artista. Quis fazer um filme não sobre o arquiteto, mas o carioca Paulo Casé. O filósofo de botequim, não de forma pejorativa, mas aquele que aplica coisas da vida cotidiana ao seu trabalho — conta Paula Fiuza, convidada para ser diretora do filme pelo filho de Casé, Augusto, produtor do documentário.

A obra em Ipanema dividiu a opinião pública, como retratado no documentário por meio de imagens de arquivo e, até mesmo, pela descrição de Millôr Fernandes, na qual faz referência à imponente construção como o “simbólico pirocão”. Em 2002, Casé falou sobre a obra ao GLOBO:

"A passarela serviria de camarote para se admirar o obelisco, que marca o ponto em que, até os anos 40, o bonde fazia a volta. A ideia inicial era trazer à tona os trilhos, que foram soterrados pelo asfalto", disse ele, para quem agradava descobrir as experiências e os percursos e preservar a memória para além da estética.

Modernismo com um quê de 'brasilidade'

Também no filme, a discussão sobre o modernismo se faz presente:desde o início de sua vida acadêmica, Casé e os colegas de faculdade eram da “bandeira do modernismo”.

"Já explodia no mundo inteiro, tanto na área política, cultural, na área arquitetônica. Havia uma onda que você não podia absolutamente desconsiderar", diz Casé, em uma entrevista recuperada pela produção, em que disse ainda buscar trazer para o modernismo uma certa “brasilidade”, proposta cujos pioneiros, ele mesmo cita, de Di Cavalcanti e Villa-Lobos.

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Mas o documentário abre espaço ainda para críticas ao movimento. Casé não poupa o projeto modernista de Lúcio Costa para Brasília e a Barra da Tijuca.

"Com todo respeito… Ele fazia uma arquitetura extraordinária. Era Brasil com todas as características tropicais. E, de repente, em Brasília, ele fez o decálogo do urbanismo moderno que pra mim é um desastre. Por exemplo, a via expressa. Era uma via expressa de alta velocidade, que cortava a cidade. Eram duas cidades. Então, você dá importância ao veículo e deixa o indivíduo em segundo lugar. A Barra da Tijuca, assim como Brasília, deixou de ter a coisa fundamental na cidade que é a praça, o lugar do encontro espontâneo."

Esse "lugar do espontâneo", aliás, era uma de suas bandeiras.

"A cidade começa a não ser a convivência efetiva, para ser coisas artificiais, sem valor, sem história. As áreas urbanas têm que ser as áreas do encontro."

Casé também concebeu projetos residenciais para a construtora Sisal, os famosos edifícios "Estrela", hotéis de luxo, como o icônico Méridien (atual Hilton), no Leme, e obras de urbanismo, como o Favela-Bairro da Mangueira. Na Zona Oeste, fez a Cidade das Crianças, em Santa Cruz, e o projeto Rio Cidade Bangu, além do Rio Cidade Ipanema.

O filme tem previsão de lançamento para o início de 2019.

"Paulo Casé — O arquiteto do encontro" (2018)

Qui, 08/11, 15h — Cinemateca do MAM

Inspirado na Turma da Mônica, ilustrador da Paraíba cria a 'Turma do Morro'

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RIO — Inspirado na Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, e na cultura do funk, o ilustrador Gabriel Jardim, de 24 anos, criou a “Turma do Morro”. Há 22 anos morador de João Pessoa, na Paraíba, embora tenha nascido na Alemanha, Jardim teve a ideia de criar os personagens Monicat, DJ Cebola, Maga Li e MC Cascão a partir da iniciativa dos youtubers do canal "LØAD Comics", do projeto “Rap em Quadrinhos”, no qual eles retratam 23 rappers brasileiros como capas históricas de HQs.

turma1Cada um dos personagens foi retratado lembrando famosos nomes da cultura funk brasileira. Monicat foi inspirada em Anitta; Maga Li, na MC Pocahontas; DJ Cebola, no DJ Kalfani (filho de KL Jay, dos Racionais MC’s) e o MC Cascão, no MC Guimê.

quadrinhosJardim reuniu os desenhos individuais de cada personagem e publicou em seu Twitter no último domingo. A publicação já tem 78 mil curtidas. Nesta quarta-feira, ele publicou a primeira de uma nova leva de ilustrações, dessa vez com os personagens interagindo — que serão postadas até o próximo sábado, uma por dia.

Na publicação desta quarta-feira no Twitter, Maga Li e Monicat aparecem tomando sol na laje, enquanto a personagem inspirada em Anitta pergunta: "Mah, cê viu os comentários na foto do Cascão?". Por enquanto, o desenhista pretende apenas publicar os desenhos nas redes sociais.

turmaEmbora nunca tenha morado na periferia, Jardim cresceu em um bairro limítrofe com a comunidade de São José, em João Pessoa, capital da Paraíba. Durante o Inktober, projeto em que desenhistas postam um desenho por dia em suas redes sociais durante o mês de outubro, o quadrinista focou em representar personagens negros.

WhatsApp Image 2018-11-07 at 16.07.25.jpeg— Não sou da periferia, mas é uma questão de empatia: eu me identifico com os temas relacionados às diferenças entre as classes sociais. Cresci muito próximo de uma favela, em um bairro mais elitizado, mas tinha amigos de lá. Cresci ouvindo O Rappa, que tem uma crítica social muito forte. Acho importante a questão de representatividade — ressalta o quadrinista.

Formado em Mídias Digitais pela UFPB, Jardim já tem quatro histórias lançadas, e desde a primeira aborda o tema das classes sociais. Nele, “Café” é um morador de rua do Centro de João Pessoa, que é chamado assim por fazer favores em troca de um café.

— Terminei de acabar um gibi que publicarei no próximo ano. A história se passa no espaço sideral, mas a temática também envolve a discussão sobre classes sociais — explica o jovem.

Ele atribui a paixão pela arte à sua vivência em casa — seu pai, embora professor de medicina, é escultor, e sua mãe pinta quadros. Gabriel teve certeza de que queria ser quadrinista quando, aos 9 anos, conheceu o estúdio de Mike Deodato Jr., paraibano conhecido por ter desenhado personagens para a Marvel e DC Comics.

— Eu cresci trocando e-mails e dicas de desenho com o Deodato. Ele é o cara, me inspirou a ser quadrinista — conta Jardim, que atualmente busca se inspirar nos desenhos do niteroiense Marcello Quintanilha, conhecido também pelo pseudônimo de Marcello Gaú.


Festlip chega à 10ª edição com espetáculo estrelado por atores dos nove países lusófonos

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RIO — Com a proposta de fazer uma viagem pelos sotaques e inflexões dos nove países falantes de língua portuguesa, o espetáculo “Sonoridade poética”, que será encenado no domingo, às 19h, no Teatro Firjan Sesi, sintetiza o espírito do Festival Internacional de Artes da Língua Portuguesa (Festlip), que chega a sua 10ª edição hoje. Ontem, em uma sala do Teatro Carlos Gomes, no Centro, o elenco formado por Suelma Mário e Paulo Matomina (Angola), Helder Antunes (Cabo Verde), Horácio Guiamba (Moçambique), Susana Vitorino (Portugal), Rossana Prazeres (São Tomé e Príncipe), William Ntchalá (Guiné-Bissau), Carvarino Carvalho (Timor Leste), Elena Iyanga (Guiné Equatorial) e Leonardo Miranda (Brasil) corria contra o curto tempo de ensaios para afinar vozes e expressões, entre passagens de trechos de “Apesar de você”, de Chico Buarque.

À frente da trupe, estão o português Miguel Seabra e a moçambicana Natália Luiza, fundadores do Teatro Meridional, companhia lisboeta homenageada nesta edição do Festlip. Além do espetáculo coletivo, dirigido por Seabra, Natália dirige uma versão de “As centenárias”, do dramaturgo brasileiro Newton Moreno, com estreia para convidados hoje e para o público de amanhã a sábado.

— O Meridional tem uma tradição na pesquisa da língua portuguesa e da forma como ela se transforma nos países lusófonos. Para o “Sonoridade poética”, selecionamos trechos de canções e poesias dos autores dos nove países, a partir do tema da viagem, que acaba nos unindo — destaca Natália. — Apesar de toda a dor que há por trás de nossos processos históricos, a forma de nos relacionarmos nos dá a chance de cicatrizarmos estas feridas.

79756257_SC Rio de Janeiro RJ 07-11-2018 - FestLiP O Festival Internacional das Artes de Lingua Port.jpgPara os fundadores do Meridional, companhia que participa pela terceira vez do Festlip, reunir diferentes expressões da lusofonia em um mesmo palco é uma forma de construir pontes em um momento em que o mundo parece mais disposto a levantar muros.

— Estamos num momento de extremismos, mas essa radicalização tem uma vantagem: ela ajuda a posicionar as pessoas — aponta Seabra. —Se eu fosse racista, não iria conviver com várias pessoas do elenco; se fosse homofóbico, não poderia trabalhar com tantos outros; se fosse intolerante, teria dificuldade de me organizar com diferentes formas de ser e estar.

Idealizadora e diretora artística do festival, Tânia Pires vê um movimento de aproximação do Brasil com outros países lusófonos que cresceu nos dez anos do evento.

— Os outros países eram mais abertos a nossa cultura do que nós à deles, mas essa situação vem mudando — comenta Tânia. — Sobretudo em relação aos países africanos, o festival conseguiu mostrar outras expressões que não têm relação com a escravidão. Para nós, tão marcados por este passado, é importante ver a história por outra perspectiva.

Estreante na lusofonia

Entre os dez atores de “Sonoridade poética”, alguns já haviam trabalhado juntos no Festlip do ano passado, quando o elenco transnacional interpretou uma adaptação de “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, dirigida pelo brasileiro Paulo de Moraes , da Armazém Cia de Teatro. Para outros, contudo, tudo é novidade, até mesmo o contato com a língua portuguesa, caso de Elena Iyanga, da Guiné Equatorial, país que entrou para a CPLP em 2014.

— Na Guiné o português é a terceira língua, atrás do espanhol e do francês, mas a tendência é que o número de falantes cresça rápido — conta Elena, misturando espanhol ao português. — Me dedico ao idioma há um ano. Como atriz, é importante ter contato com todo tipo de expressão cultural.

Para a portuguesa Susana Vitorino, que participou da montagem do ano passado, o contato com outros sotaques ressalta a riqueza da língua:

— No nosso convívio, perguntamos uns aos outros como é o nome das coisas em cada país, ou como são chamadas em outros idiomas locais. É engrandecedor perceber como o que nos torna únicos é também aquilo que nos une.

Há 12 anos vivendo em Florianópolis, o cabo-verdiano Helder Antunes acredita que a multiculturalidade ajuda a derrubar mitos sobre o continente africano:

— Claro que a desigualdade existe tanto lá como aqui, mas é importante mostrar que também há prosperidade e uma cultura.

Programação

Além de “Sonoridade poética” e da versão do Meridional para “As centenárias” (trazendo no elenco as portuguesas Catarina Guerreiro, Flávia Gusmão e Sílvia Filipe, do elenco da companhia), a diretora Natália Luiza participa, no domingo, às 15h, do recital poético “Elas”, nos Jardins da Casa Firjan (Rua Guilhermina Guinle 211, Botafogo), com a atriz Zezé Motta, a partir de obras de autoras e poetisas lusófonas.

Para além dos palcos, o festival programa uma mostra gourmet no Zazá Bistrô ( Rua Joana Angélica 40, Ipanema), desta quinta-feira a domingo, e uma "master class" de pratos típicos com chefs de Angola e Portugal, que terá transmissão no canal oficial do evento.

No sábado, na Casa Firjan, às 16h30, o músico Paulo Matomina (que integra o elenco de “Sonoridade poética”, apresenta ritmos angolanos em voz e violão no “Festlipshow”. Confira a programação no site www.talu.com.br/festlip/.

Festival do Rio 2018: Documentário mostra microcosmo eleitoral em escola pública de São Paulo

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RIO — É tempo de eleição no Brasil, e as campanhas estão na rua atrás de votos. Um partido é formado exclusivamente por homens, outro só tem mulheres; um terceiro defende os direitos LGBTQ, e o quarto tem "inspiração" religiosa. A campanha tem imprensa livre, internet, fake news, debates acalorados, eleitores jurando que vão anular o voto. Tudo normal, a não ser pelo fato de que o microcosmo de Brasil retratado no documentário “Eleições”, exibido na noite desta quarta-feira na mostra competitiva Première, no Festival do Rio, fica na Escola Estadual Doutor Alarico da Silveira, no Centro de São Paulo. A diretora Alice Riff acompanhou a escolha do Grêmio Estudantil da escola.

— Foi muito bom passar um ano com esses meninos, nós fomos muito felizes — disse a diretora, à frente da equipe e de alunos e professores da escola, antes da sessão, em um cinema na Gávea.

De fato, os debates entre os estudantes têm a pegada lúdica — recebida com risadas e aplausos — de adolescentes como Washington, o espertíssimo candidato a presidente do grêmio pela chapa ID (de "identidade") e da dupla de manas Laura & Lívia, que faz a cobertura das eleições por um canal no YouTube, com direito a zoação mútua, como quando Laura fala: Festival_Rio811

— Hoje estou aqui sozinha porque a bonita não acordou, e já são 9h40m!

Tudo começa com o professor Anderson lembrando aos alunos que 2018 é ano eleitoral, no Brasil e na Alarico. Os jovens debatem, e as chapas começam a se formar: o articulado Washington lidera a ID, com uma ideia que pegou na igreja que frequenta (“O Estado é laico, não é ateu”, alega ele quando confrontado); um grupo de meninas forma a Chapa Rosa, cujo nome homenageia uma poetisa (“Rosa Luxemburgo? Um negócio assim, eu não sei falar”, confessa uma das jovens); um grupo reúne gays, lésbicas e outros ativistas em nome da diversidade, e Clóvis e seus amigos formam a #PAS – com a motivação inicial de sair da sala de aula, eles mesmos confessam.

Ao longo dos 100 minutos de filme, as questões do Brasil vão aparecendo, uma a uma, da imigração refletida em uma filha de paraguaios (que formam uma numerosa colônia em SP) à repressão da Polícia Militar contra os alunos que querem forçar a entrada após terem sido barrados por atraso.

— Não é a PM, é apenas a Ronda Escolar — explica a diretora, ao ter o gabinete invadido por uma horda de alunos furiosos e questionadores.

Independentemente do resultado do sufrágio, a Alarico — que tem vazamentos, rachaduras, mas parece resistir – mostra que, como nas boas escolas, está nos alunos sua maior força. E eles sabem disso, como o garoto que se vira para o cinegrafista, já no fim, e dispara:

— Quebrou a quarta parede, tá ligado? Falou direto para a câmera, como o Deadpool.

A noite começou com a exibição do curta “Órfão”, de Carolina Markowicz, que em 15 minutos emociona e faz pensar com a história de Jonathas, adolescente adotado por pais que questionam a decisão ao saber que ele é gay, com direito a Clarisse Abujambra no elenco. E terminou com “Domingo”, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, já exibido neste ano no Festival de Brasília.

Miró e João Cabral de Melo Neto: A amizade entre o pintor e o poeta em livro inédito no Brasil

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RIO — Um celebrado pintor catalão na maturidade de sua arte; um jovem poeta pernambucano a serviço diplomático em Barcelona e ainda em busca de sua voz.

Joan Miró e João Cabral de Melo Neto se complementavam, e não é à toa que viraram amigos. O primeiro sempre se interessou pela literatura, fazendo parcerias, ilustrações e “poemas-pinturas” com autores como Paul Élouard, Pablo Neruda e Michel Leiris. O segundo era um poeta instigado pelas artes plásticas. Dessa convivência inspiradora resultou o ensaio “Joan Miró”, um dos poucos trabalhos em prosa do brasileiro, publicado pela primeira vez na Espanha em 1950 com uma pequena tiragem de 125 exemplares.

Raríssimo em seu formato original, o livro sai pela primeira vez no Brasil da maneira que Cabral pensou, com três gravuras exclusivas de Miró (duas no miolo e uma na capa). Reflexão sobre a obra e o processo artístico do pintor, é um atestado da amizade entre os dois artistas a partir dos anos 1940 — e também da influência decisiva do ambiente cultural catalão na produção do poeta.

O lançamento acontece no sábado, a partir das 17h, durante a Feira no Cobogó, no Instituto Moreira Salles. Haverá também um debate com Valéria Lamego, editora e organizadora do livro; o pesquisador Ricardo Souza de Carvalho, que assina o posfácio; e o poeta Eucanaã Ferraz.

— Toda a experiência de Cabral em Barcelona, o convívio com Miró e a escrita desse ensaio são sem sombra de dúvida fundamentais para o poeta — observa Ricardo Souza de Carvalho, professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro “A Espanha de João Cabral e Murilo Mendes”. — A importância desse período para sua obra é reconhecida pela crítica, mas nem tanto como deveria. É algo que ainda merece ser redimensionado.

79741685_gravura de joan miró para livro de joão cabral de melo neto.jpgHá lacunas nos estudos sobre a passagem de Cabral pela Catalunha, da qual o ensaio é o ponto alto, acredita Carvalho. Motivado pela edição do livro, o autor do posfácio retomou suas pesquisas na região.

— Chama a atenção como nessa época Cabral se dedicou a uma série de atividades fora da poesia, como a tradução, a tipografia e o ensaio — acrescenta Carvalho.

Diplomata, Cabral se mudou para Barcelona em 1947, antes da virada que representou a escrita de “Cão sem plumas” (1950). Tinha 27 anos e enfrentava alguns impasses artísticos. Enquanto não encontrava soluções para a sua própria poesia, dedicava-se à tradução e à edição de outros autores (ele instalara uma prensa manual em casa). Miró, por sua vez, voltara à cidade em 1942 após um exílio no exterior. Proibido pelo ditador Francisco Franco de manter contato com outros artistas, vivia isolado em seu ateliê.

Mas com Cabral era diferente. Por ser diplomata, o brasileiro tinha livre acesso para circular entre escritores e pintores, muitos deles acuados e trabalhando clandestinamente em um regime totalitário. No fim de 1947, o poeta e o artista começaram uma longa amizade, e Cabral teve inclusive o privilégio de ver em primeira mão algumas de suas obras, que estavam proibidas de serem expostas na Espanha.

No brasil, só em 1952

Estudo interpretativo despretensioso — mas afiado — da arte do amigo, “Joan Miró” aponta algumas direções que iriam nortear a própria poesia de Cabral no futuro. A teoria de Carvalho é que, após presenciar o trabalho com os materiais do catalão, o poeta desejou aproximar-se de uma arte mais concreta, de enfrentamento da realidade.

— O encontro com Miró, num período franquista, levou Cabral a uma poesia menos intelectualista, voltada aos objetos e a uma realidade mais prosaica.

“Joan Miró” está saindo pela Verso Brasil (a última edição por aqui havia sido em 1952, sem as gravuras), que já havia publicado em 2016 outro livro raro de Cabral, “Aniki Bobo”. Além de recuperar as gravuras originais, a reedição traz um ensaio fotográfico do tipógrafo Enric Tormo (grande parceiro de Miró), que imprimiu as gravuras do livro.

Tormo, por sinal, inspirou um poema de Cabral, “Paisagem tipográfica”, em que o poeta exalta o “grave ascetismo de operário” do artesão. Os versos foram publicados recentemente na antologia “A literatura como turismo” (Alfaguara), organizada por Inez Cabral, filha do poeta.

— Papai tinha a maior admiração pelo Tormo — conta Inez. — Ele próprio gostava de tipografia. O médico recomendou fazer exercício físico, e ele achou que trabalhar com impressão podia ajudar.

Na edição original, Cabral se utilizou de um recurso conhecido como marginália — anotações na margem da página, que a editora Valéria Lamego fez questão de manter.

— Suponho que ele participou da diagramação do livro e que a edição tenha sido feita a seis mãos, num encontro entre poeta, tipógrafo e pintor (Cabral, Torno e Miró) — diz Valéria.

“Joan Miró"

Autor: João Cabral de Melo Neto. Organização: Valéria Lamego. Editora: Verso Brasil. Páginas: 104. Preço: R$ 94,80 .

TRECHO:

- Em Miró, mais do que em nenhum outro artista, vejo uma valorização do fazer. Pode-se dizer que, enquanto noutros o fazer é o meio para chegar a um quadro, para realizar a expressão de coisas anteriores e estranhas a esse mesmo realizar, o quadro, para Miró, é um pretexto para fazer. Miró não pinta quadros. Miró pinta.

- Essa valorização do trabalho de criar implica, forçosamente, deixar em plano secundário tudo aquilo que — assuntos, anedotas, intenções — constitui normalmente o móvel e a justificação desse trabalho. Em Miró, isso é muito fácil de ser comprovado. Há em toda a sua obra um absoluto desinteresse pelo tema, expressado na limitação e mínima variação de linguagem simbólica e, sobretudo, no esvaziamento desse mesmo simbólico.

- Uma estrela ou uma lua, num quadro, podem pertencer ao domínio do idiomático ou do caligráfico. Mesmo em épocas em que parece mais interessado em fazer uma pintura literária (isto é, em empregar um idioma) é fácil constatar como o pintor vai corroendo internamente seu vocabulário — essa lua ou essa estrela — até deixá-lo inteiramente vazio de qualquer valor semântico. Não sei se têm pensado nisso os que propõem para essa obra chaves de decifração, como se se tratasse de um volapuque lírico.

Gilberto Gil opina sobre onda conservadora no Brasil e no mundo: 'Não creio que vença'

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RIO — ‘Penúria, fúria, clamor, desencanto: substantivos duros de roer. Enquanto os ratos roem o poder, os corações da multidão aos prantos”. Gilberto Gil prefere a metáfora, mas nenhuma figura embaça a linguagem. Se a chamada é para opinar sobre política, ele indica sua intenção nos versos de “Ok ok ok”: “Dos tantos que me preferem calado, poucos deles falam em meu favor. A maior parte adere ao coro irado dos que me ferem com ódio e terror”.

Ciente das gritarias virtuais e concretas contra a arte e a liberdade de expressão, movimentos que já enfrentou no passado, Gil confirma:

— Continuo otimista: não há abismo em que o Brasil caiba (o artista retoma uma frase recente em que também diz: "Quando vai cair ele fica preso ali, na boca do abismo"). Os impulsos da sociedade, da vida moderna e contemporânea, criados por novas tecnologias, modos e ambições comportamentais das populações no mundo, são de difícil reversão. Não acho que o conservadorismo, o obscurantismo e todas estas coisas que estão aí ameaçando e criando seu campo de forças contra a "globalização", no sentido amplo da palavra, vençam. Essa globalização é irreversível.

O artista resiste nas canções. Por isso, nesta quinta-feira, às 16h, ele participa da Festa Literária das Periferias sentado à mesa sobre o papel da MPB na reflexão dos fenômenos sociais e de mobilização:

— Meu trabalho sempre foi dar vazão a este desejo de me expressar e de me comunicar através da palavra cantada. É isso que tenho feito desde os 15 anos, sempre tentando utilizar da melhor forma possível a luz da linguagem, a poesia, o pensamento.

A serenidade madura não afasta a empolgação com a mobilização da juventude, sobretudo a negra, tema desta sétima edição de Flup:

— Outro dia eu estava no aeroporto e um menino poeta, ensaísta negro de São Paulo, me presenteou com o livro dele. Tinha todas as informações sobre sua luta, inserção da poesia num campo de resistência, de reivindicação das abolições ainda necessárias para que o povo negro encontre o lugar que merece na vida brasileira.

Apesar do indiscutível talento para lidar com as palavras, Gil é modesto demais:Links Flup

— Não me considero suficientemente dotado para escrever um livro. Já acho muito fazer as pequenas canções que escrevo. Se eu viesse a fazer, seria um conjunto de ensaios sobre temas variados. Não tenho vontade nem de uma investida autobiográfica. Na literatura, não creio que eu possa fazer coisa valiosa.

Pai de homens e mulheres de destaque em suas profissões — entre eles a apresentadora Bela Gil e a cantora Preta Gil —, o compositor diz se alinhar ao feminismo desde a educação até a inspiração para compor.

— O fortalecimento da posição da mulher na vida contemporânea é fundamental. Eu sou suspeito, porque metade da minha obra é dedicada a tratar desse assunto: da importância da mulher, desde a mãe (Claudina Gil, que faleceu em 2013) até a bisneta (Sol de Maria, que nasceu em 2015).

Saiba mais sobre a Festa Literária das Periferias:

Ponte-aérea

O Museu da Língua Portuguesa de São Paulo está presente na Flup e possibilita que os visitantes gravem vídeos que serão exibidos em países da África, em Portugal e na Flip, Festa Literária de Paraty. O Museu também participa do “Slam Colegial”, batalha de poesias com estudantes de escolas públicas, no Museu do Amanhã.

Páginas reveladas

Nesta sexta-feira, a partir das 14h, o ator Aílton Graça também media uma mesa sobre batalha de poesias.

Chegue cedo

Embora o evento, que acontece na Biblioteca Parque, seja gratuito, as senhas para os debates são distribuídas com 30 minutos de antecedência.


Filme sobre Chacrinha estreia nesta quinta-feira com curiosidades sobre o apresentador

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RIO — Uma cueca não era suficiente. José Abelardo Barbosa costumava usar várias antes de encarnar o irreverente e divertido Chacrinha em seu programa de calouros. Sim, um dos maiores apresentadores que o país já teve, mestre do improviso, sempre ficava muito nervoso antes de entrar no palco e morria de medo de ter uma dor de barriga e pagar mico ao vivo. "Chacrinha - Velho Guerreiro", de Andrucha Waddington, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, mostra essas e outras curiosidades do artista.

Intérprete da fase já consagrada do apresentador, Stepan Nercessian conta que o temor não durava muito tempo:

— Uma vez que ele entrava no palco, assumia a persona do Chacrinha e dava um show. Mas, sim, ele tinha um problema crônico de dor de barriga, vivia tomando remédios.

A corujice com Elke Maravilha (interpretada por Gianne Albertoni) e as chacretes (entre elas, Rita Cadillac, que no filme é vivida por Karen Junqueira) também é mostrada no longa.

Para Elke, que o acompanhou durante quase toda sua carreira na TV, ele chegou a comprar um apartamento, como empréstimo, que nunca foi pago. No filme, Chacrinha aparece como um verdadeiro guardião das moças.x78851546_exclusiva-gg-leg-gianne-albertoni.jpg.pagespeed.ic.jdo1CJX14f.jpg

— Nas caravanas que promovia pelo país, ele fazia questão de dormir no mesmo andar das chacretes, para que não fossem assediadas. Conservador, não permitia que homens se aproximassem de suas funcionárias, muito menos os três filhos, com quem trabalhava. Até roupa ele providenciava para elas — conta Stepan: — Era um cara sério, apaixonado pelo que fazia, tirava dinheiro do bolso para comprar coisas para o programa.

Nem um tumor no pulmão esquerdo, causado pelo tabagismo, freiou o apresentador, que era viciado em trabalho. Ele chegou a ser desenganado pelos médicos. Mas, após a retirada do órgão, ele voltou ao comando do programa cinco meses depois.

Morto em 1988, Chacrinha alegrou as tardes de sábado de diferentes gerações durante décadas e acumulou eventos inusitados e hilários ao longo da carreira.

Quem tem mais de 40 anos deve se lembrar das Casas da Banha, rede de supermercados que era patrocinadora do programa do Chacrinha. Pois o bordão "Quem quer bacalhau?" surgiu depois que a empresa comprou uma grande quantidade de bacalhau e não conseguiu vender quase nada. O apresentador, então, deu a ideia de atirar o peixe na plateia para anunciar o produto, e em dois dias foi tudo vendido.

— Uma criança ou um gringo que nunca ouviu falar de Chacrinha vai se divertir vendo essa biografia, porque tem muita história interessante. É o filme perfeito para ir com a família, fazer as pazes com aquele parente ou com aquele amigo com quem você brigou por causa de eleição e política — brinca Eduardo Sterblitch, que interpreta Chacrinha mais novo: — Um bom momento para sair das redes sociais, pegar um cineminha, conversar olho no olho. Como dizia o Velho Guerreiro, quem não se comunica se trumbica, e essa mensagem vale para os dias de hoje.

Karol Conka: 'Não me acho empoderada, eu me acho é poderosa'

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RIO - Apresentadora de TV, modelo, ativista do feminismo e atriz, mas fundamentalmente cantora, a curitibana Karol Conka estreou em 2013 com o disco “Batuk freak”. Depois de cinco anos, muitos rolês e alguns singles de muito sucesso (“Tombei”, “Farofei”, “Lalá”), ela enfim volta ao álbum este sexta-feira com “Ambulante”.

O título é reflexo de seu espírito inquieto e aventureiro que agora a faz transitar pelo ragga, o reggae, o trap e até o r&b romântico. “O ambulante é aquele que se joga ao mundo sem medo, sem pudor, levando suas andanças a todos, sem distinção, suprindo necessidades que até mesmo quem as tem desconhece”, escreveu Elza Soares no press release do disco, primeiro da parceria de Karol com a Sony Music. Links Karol Conka

Por que demorou cinco anos para você lançar outro álbum?

Eu achei que ia ficar um ano trabalhando o “Batuk freak” e depois ia lançar outro álbum. Acabou que a minha carreira tomou uma proporção maior do que eu esperava, me tornei apresentadora de TV, referência de moda, e fui me aventurar em outros universos, fui estudar... E nesse meio tempo acabei encontrando uma dificuldade de encontrar um produtor que tivesse afinidade com o meu universo.

Quando comentei isso, num desabafo, com meu amigo Boss in Drama (o produtor Péricles Martins), ele se ofereceu para tentar. E já no primeiro dia foi maravilhoso, ele me trouxe criatividade e pluralidade. O álbum levou cinco anos para sair mas foi feito em quatro meses.

No primeiro disco eu era muito imatura, só escrevia letra e não opinava na produção musical. Nesse, eu consegui passar o que eu queria musicalmente.

E o que você queria de uma gravadora grande?

Sou uma artista que não está começando agora e que sabe o que quer e aonde quer chegar. Cheguei à Sony com um material já pronto e o trabalho dela será o de distribuir a minha obra de uma maneira mais ampla do que eu conseguia fazer sozinha.

Temos a intenção, mais para a frente, de lançar singles com outros artistas e de fazer alguns projetos internacionais. Estou aprendendo inglês, quero levar a minha potência lírica para essa língua.

Nas letras do disco, transparece a sua vivência dos últimos anos, de quem de alguma forma deixou de ser pedra para virar vidraça...

Eu tenho uma filosofia de vida que é a seguinte: vivemos num mundo plural, mas quando se trata de seres humanos, somos todos iguais. Vivemos, choramos, sentimos e amamos. Aí eu penso que, se a vida é difícil de viver, tenho que tentar deixá-la mais leve, respeitando limites, costumes e culturas.

Ainda assim, é necessário ter muito argumento. Se precisar ser mais ácido para ficar mais clara a mensagem, a gente acaba sendo ácido. Todo mundo poderia ser feliz com o outro do jeito que o outro é, mas tem pessoas que se incomodam muito com a diferença.

Recentemente, em entrevista, você se mostrou um tanto cansada da palavra “empoderamento”. E na música “Kaça”, você critica “quem fala de empoderar para se aproximar, pra se apropriar”.

Acho que é muito importante falar do poder da autoestima, mas é importante também ressaltar que tem pessoas distorcendo o sentido da palavra, se aproveitando da situação para parecerem um pouco mais lacrativas. Fica aquela moralidade insuportável.

Quando vejo que um tema tão sério vira clichê e acaba sendo ridicularizado, eu pego outro argumento mais válido e consistente para abafar aquilo ali. Não me acho empoderada, eu me acho é poderosa. Faço exatamente o que quero, não sou uma marionete. Karol Conka - Kaça (Clipe Oficial)

Passado todo esse tempo, o que significa hoje para você ser feminista?

Essa é uma outra palavra que muita gente não entende. Tem gente que acha que feminista é mulher que odeia homem. Quando o feminismo fala em igualdade, é sem esse pensamento ignorante de querer que a mulher seja igual ao homem, mas no sentido de nos olharmos como seres humanos e nos repeitarmos. O feminismo está aí para informar as pessoas e dar a direção para um caminho do bem.

Tem duas músicas no disco, “Dominatrix” e “Suíte”, que falam dos limites da sexualidade. Como elas surgiram?

O sexo é um tema do meu dia a dia. É um tema amplo, mas as pessoas param no convencional, como a mulher não pudesse falar de sexo tão abertamente. “Suíte” eu fiz de forma natural, foi um dia em que eu estava a fim de transar e não consegui.

Então fiz essa música falando: “Quero fazer um sexo e ir embora antes do amanhecer porque eu tenho mais o que fazer”. É uma música sobre sexo casual. Como naquela semana eu estava venenosa, no dia seguinte fiz “Dominatrix” ao ouvir o Boss in Drama dizer que eu gostava de dominar a situação.

Quando fiz o refrão “vai arder, vai arder”, o sentido é amplo: vai arder o coração de paixão e vai arder a chicotada, se o boy quiser. Acho legal mostrar que é um lance de fetiche sexual, que é uma coisa sobre a qual as pessoas não falam, o universo de prazer que existe dentro do sexo. Não é só penetração e gozada.

Filme de 'Breaking bad' seguirá história de Jesse Pinkman

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RIO — Após o anúncio de que Vince Gilligan está trabalhando em um filme sobre o universo de "Breaking bad", mais uma novidade promete deixar os fãs em polvorosa. Segundo o site "/Film", o longa será a continuação da história de Jesse Pinkman após o final da série. O ator Aaron Paul retornará para viver o atrapalhado traficante de metanfetamina.

Segundo as primeiras informações divulgadas pelo "Albuquerque Journal", do estado americano do Novo México, e confirmadas pela "Variety", Gilligan está trabalhando em um filme de duas horas. O roteiro "acompanha a fuga de um homem sequestrado e sua busca pela liberdade".

Agora, o "/Film" confirmou que o homem seqüestrado é Jesse Pinkman e o filme seguirá sua fuga de Albuquerque após os eventos sangrentos do final da série. O papel na série rendeu ao ator Aaron Paul três prêmios Emmy de Melhor Ator Coadjuvante em Série Dramática.

O título temporário do filme seria "Greenbriar", nome de um condado da Flórida. E a produção, que será rodada na cidade de Duke (Novo México), está programada para acontecer entre meados de novembro e o começo de fevereiro.

Morre Francis Lai, ganhador do Oscar em 1970 com o tema de 'Love Story'

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RIO - Morreu nesta quarta-feira, aos 86 anos, na cidade francesa de Nice, o acordeonista e compositor Francis Lai, autor de várias trilhas sonoras para filmes, entre elas a de "Love Story: uma história de amor", do diretor Arthur Hiller, que lhe valeu um Oscar em 1970 pela canção "Where do I begin". A notícia do falecimento de Lai foi dada pelo prefeito de Nice, Christian Estrosi, sem citar a causa da morte. Love Story - Originally sung by Andy Williams

Nascido em Nice, Francis Lai foi para Paris com pouco mais de 20 anos de idade para fazer parte da vibrante cena musical do bairro de Montmartre. Em 1965, ele conheceu Claude Lelouch, que o contratou para cuidar da trilha do filme "Um homem, uma mulher", lançado no ano seguinte.

Com seu corinho cantando "da-ba-da-ba-da", a música-tema do longa-metragem se tornou um sucesso internacional — e uma das mais parodiadas de sua época. O disco da trilha ainda ficou famoso por trazer "Samba saravah", versão em francês de "Samba da benção", de Baden Powell e Vinicius de Moraes, feita e cantada por Pierre Barouh. Mireille Mathieu et Francis Lai - Un Homme Et Une Femme (1973)

"Francis Lai era o homem da minha vida, um anjo disfarçado de acordeonista", disse na quarta Claude Lelouch, em entrevista à rádio RTL. "Fizemos 35 filmes juntos e tivemos uma história de amor que durou 50 anos."79761040_FILES In this file photo taken on May 26 1981 French accordionist and composer Francis Lai.jpg

Além de lhe render um Oscar, "Where do I begin", de "Love Story" foi um grande sucesso de execução, em gravações de Andy Williams, Henry Mancini e Shirley Bassey. Ao longo da vida, Francis Lai comporia música para mais de 100 filmes (entre os mais célebres, "Viver por viver", o clássico do erotismo francês "Bilitis" e "O passageiro da chuva"), fora mais de 6 mil canções.

Anitta cita inspiração em Marina Abramović, artista performática, para clipe

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RIO — Anitta afirmou em seu perfil no Instagram que uma exposição da artista performática Marina Abramović a inspirou para pensar num dos clipes que lançará com o EP "Solo". O projeto, que será divulgado na próxima sexta-feira (9), promete divulgar os vídeos das músicas "Goals" (cedida por Pharrell Williams a Anitta), "Não perco meu tempo" e "Veneno". As imagens de um destes clipes, possivelmente o de "Veneno", foram pensadas pela cantora a partir da ida a uma mostra cultural.

Links"Estou morrendo com a galera tentando descobrir o que rola no clipe. A primeira inspiração foi na Marina Abramović. Desde a primeira vez que vi esta exposição da Marina, eu fiquei louca. Aí veio a ideia para o clipe", disse Anitta.

xreproducao-internet.jpg.pagespeed.ic.y81IATpE6a.jpgNos últimos anos, Marina Abramović, que nasceu na Sérvia, teve algumas mostras com edições de fotos e vídeos exibidas em Nova York, nos Estados Unidos, destino frequente de Anitta. Uma das obras mais marcantes do compilado de trabalhos da europeia mostra o seu contato com cobras, da mesma forma que Anitta explora em um dos teasers já divulgados.

TwitterAnittaFotoOriginalmente, "Nightsea Crossing", de Abramović, foi lançada em 1981, em Sydney, na Austrália. Na perfomance, ela e o artista Ulay ficam sentados a uma mesa sobre a qual passa uma cobra. No clipe de Anitta, a cantora também interage com os animais. Veja o teaser:

TwitterAnitta

Andrea Bocelli se torna primeiro artista de música clássica nº 1 na Artist 100 da 'Billboard'

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NOVA YORK — Andrea Bocelli voltou à lista de mais tocados nos EUA com um recorde: ele se tornou o primeiro artista de música clássica no topo da Artist 100. Essa lista foi criada pela Billboard em 2014 para medir a atividade de um artista em todos os múltiplos formatos existentes hoje, unificando vendas de discos, compactos, execução em rádio, streaming e redes sociais.

Links tenorAlém disso, Bocelli ficou também em primeiro lugar na "Billboard 200", que reúne os álbuns mais ouvidos nos EUA. O sucesso veio com 26º álbum, "Si", que vendeu 126 mil cópias, incluindo vendas físicas e por streaming, segundo a Nielsen Music.

O disco conta com a participação de Josh Groban, Dua Lipa e Ed Sheeran, trazendo um mix do pop com música clássica, e conta também com a participação do filho, Matteo. Entre as faixas, há músicas cantadas em italiano e espanhol.

É a primeira vez em mais de dez anos que um álbum de música clássica alcança o topo da lista dos 200 mais escutados nos EUA — desde que Josh Groban foi número 1 com "Noel".

Em novembro de 2015, Bocelli havia alcançado a 28ª posição na Billboard Artist 100. Na lista atual, os cinco primeiros lugares são, após o tenor, de Lady Gaga, Drake, Post Malone e Cardi B.

Desde 2014, a "Billboard" começou a agregar execuções de streaming como vendas de álbuns. De acordo com a revista e a agência Nielsen SoundScan, que calcula os resultados semanais de desempenho musical, 1.500 plays de faixas quaisquer de um disco equivalem a uma cópia dele, por inteiro. Além disso, dez downloads de músicas de um álbum também contam como um exemplar.

Murakami doa arquivo de escritos e gigantesca coleção de discos para universidade no Japão

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TÓQUIO — O mais importante escritor japonês da atualidade, Haruki Murakami, informou que doará sua imensa coleção de arquivos literários e discos à Universidade de Waseda, em Tóquio. Em anúncio feito durante uma coletiva de imprensa, no último domingo, Murakami justificou a doação como forma de evitar que o acervo se perca após seu falecimento, além de que a iniciativa facilitaria a análise de sua obra.

Links Murakami

"Há quase 40 anos escrevo e acumulo muitos manuscritos, documentos e recortes de jornais e já não tenho mais espaço para conservá-los em casa ou no escritório. Não tenho filhos e ficaria triste se, após morrer, meu arquivo fosse perdido. Por isso, quero muito que a universidade na qual me formei possa guardar esse material", disse o escritor japonês, de 69 anos.

Escritor que faz uso recorrente de referências musicais em seus livros — Charlie Parker, Prince, Schubert, Bob Dylan, The Rolling Stones — além de ter o hábito de escrevê-los ouvindo música, Murakami pretende doar também sua gigantesca coleção de discos, com mais de dez mil LPs.

"Ao longo da vida, tive uma preocupação maior em colecionar discos do que livros", ressaltou o autor, muitas vezes indicado ao Nobel de Literatura, embora nunca tenha sido vencedor.

A profunda ligação de Murakami com a música, além de transbordar para os seus textos, deu origem também a uma extensa playlist no Spotify: "Haruki Murakami's vinyl collection", com mais de 3.500 músicas e 229 horas de duração. Playlist Haruki Murakami's vinyl collection

A última coletiva de imprensa da qual Murakami participou no Japão havia ocorrido há 37 anos. Autor de "1Q84" e "Kafka à beira-mar", o escritor cuja obra já foi traduzida em mais de 50 idiomas em todo o mundo ressaltou que ficaria "profundamente feliz" caso o arquivo possa ser útil a estudantes japoneses e estrangeiros para estudar a sua obra.

"Quero que esse arquivo sirva não somente para que façam trabalhos relacionados a meus livros, mas para possibilitar intercâmbios culturais" acrescentou.


Maria Gadú, Liniker, Iza e Nina Maia lançam versão de 'I Will Survive'

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RIO — Música indispensável em festas de casamento, o clássico de Gloria Gaynor “I Will Survive”, de 1978, ganhou uma versão bem brasileira nas vozes de Maria Gadú, Iza, Liniker e Nina Maia.

LinksMariaGaduA canção, de 1978, foi regravada para a trilha sonora do filme “Todas as canções de Amor”, que estreia hoje, com Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa como protagonistas.

A canção faz parte da trilha sonora do filme “Todas as canções de amor”. O longa conta a história de um casal que ao se mudar para a nova casa, encontra uma fita cassete deixada pelo antigo casal ali morava, com canções de amor. O clipe mescla cenas do longa com as dos bastidores das gravações.

Confira o clipe:

MariaGaduVideo

Festival do Rio 2018: dicas de filmes nacionais sobre como lidar com perdas

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RIO — A temática da perda é retratada de forma sensível por alguns dos mais de 200 títulos que integram o Festival do Rio 2018. Selecionamos algumas das produções que encaram o assunto por diferentes ângulos. O festival acontece até domingo, 11 de novembro.

'A sombra do pai', de Gabriela Amaral Almeida

a sombra do pai filme.jpgQuando uma criança vira o “adulto da casa”, há uma inversão na ordem natural das coisas. A infância se transforma em saga. E a paternidade em condenação. O filme conta a história de um pai e uma filha que não conseguem se comunicar. Órfã de mãe, 9 anos, Dalva vê o seu pai, o pedreiro Jorge, ser consumido pela tristeza após perder o melhor amigo. Dalva acredita ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida. À medida que Jorge se torna mais ausente – e eventualmente perigoso –, resta a Dalva a esperança de que sim, sua mãe há de voltar.

Quinta (08/11): 19h*, no Estação NET Gávea 5

Quinta (08/11): 19h, no Estação NET Gávea 3

Sexta (09/11): 13h, no CCLSR - Cine Odeon NET Claro

Sábado, 10/11 19h, no Kinoplex São Luiz 1

*Sessão com convidado(s) Links Festival do Rio

'A retirada para um coração bruto', de Marco Antônio Pereira

aretirada_f01cor_2018132960.jpgOzório é um senhor que vive sozinho na zona rural de Cordisburgo, MG. Passa seus dias ouvindo rock no rádio, enquanto vive o luto pela perda de sua companheira. Até que um movimento no céu quebra sua solidão.

Quinta (08/11): 21h40*, no Estação NET Gávea 5

Quinta (08/11): 21h40, no Estação NET Gávea 3

Sexta (09/11): 16h, no CCLSR - Cine Odeon NET Claro

Sábado (10/11): 21h30, no Kinoplex São Luiz 1

* Sessão com convidado(s)

'Tinta bruta', de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher

tinta bruta filme.jpgEm momento particularmente difícil, Pedro responde a um processo criminal e, ao mesmo tempo, tem que lidar com a mudança da irmã para o outro lado do país. Sozinho no escuro do seu quarto, ele, em uma forma de catarse, assume o codinome GarotoNeon e começa a dançar, com o anonimato garantido por camadas de tinta néon sobre a pele, diante de milhares de desconhecidos que o assistem pela webcam. Exibido no Festival de Berlim 2018, o longa conquistou os prêmios de Melhor Filme - Teddy Awards e Melhor Filme Panorama (júri CICAE).

Quinta (08/11): 21h30, no Kinoplex São Luiz 1

Anitta lança nesta sexta EP com três músicas, cada uma em um idioma diferente

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RIO — Anitta pode pecar em diversos aspectos, mas jamais pode ser acusada de pensar pequeno. Dando continuidade à campanha de conquista do mundo, a cantora carioca solta nesta sexta-feira nos sites de streaming o EP “Solo”, com três músicas em três idiomas: português, inglês e espanhol. Cada canção terá, claro, seu próprio clipe. O mais aguardado é “Veneno”, gravado como um reality show para o IGTV, seção de vídeos longos do Instagram. A lista também conta com “Não perco meu tempo” e “Goals”, composição em inglês presenteada pelo astro e produtor pop americano Pharrell Williams.

A ideia do formato de gravação veio após um encontro de Anitta com o intérprete de “Happy”, em Las Vegas, em maio deste ano. Com a obsessão de expandir cada vez mais seu público ao redor do mundo, ela também decidiu investir em “Goals”. A canção foi representada em um videoclipe produzido com efeitos de espelho d’água e chroma-key, uma técnica que permite a aplicação de qualquer fundo sobre a imagem. Como a cantora não economiza na hora de se promover, o carro-chefe do EP promete ser mesmo a faixa em espanhol “Veneno”, com um vídeo em que ela fica coberta por dezenas de cobras. Links Anitta

— O resultado de “Veneno” ficou incrível. Eu amo a música e amo o clipe! Foi um desafio imenso filmar com as cobras, mas o resultado final compensou. Estou ansiosa para saber a opinião do público também — confessa Anitta.

A inspiração para a música “Não perco meu tempo” (em português mesmo) veio da artista performática sérvia Marina Abramovic. Anitta lança novo EP, "Solo"

“Desde a primeira vez que vi uma exposição da Marina, eu fiquei louca. Aí veio a ideia para o clipe”, disse Anitta no Instagram.

O vídeo foi todo feito por um robô e teve a participação de 24 pessoas. De acordo com a cantora, o uso da tecnologia conseguiu trazer “dinamismo para a narrativa”.

20 milhões na “Jacuzzi”

A última canção inédita em que os fãs puderam ouvir Anitta foi na colaboração com a colombiana Greeicy em “Jacuzzi”, que alcançou mais de 20 milhões de visualizações no YouTube desde o lançamento, em 25 de outubro.

O projeto sem parcerias veio também da necessidade de variar a abordagem e oferecer um conteúdo próprio.

— Acho que é preciso um equilíbrio. É extremamente importante fazer colaborações e ter outros artistas, claro, mas, ao mesmo tempo, também são fundamentais as músicas solo — diz.

As negociações com outros artistas continuam. De acordo com ela, a dificuldade em adiantar qual será o próximo passo nesse sentido está nos planejamentos individuais de cada um, além das estratégias definidas junto com as gravadoras e empresários. Então, para não alarmar o público antes da hora, Anitta prefere contar assim que os detalhes forem confirmados. Anitta - Medicina (Official Music Video)

A estratégia vem dando certo: Anitta não sai da boca do povo. A Netflix vai fazer o lançamento mundial do documentário “Vai Anitta” na próxima sexta-feira, dia 16. A produção, da própria plataforma, conta a rotina de shows da cantora, com destaque para o Projeto “CheckMate” e a participação no carnaval do Rio. Além disso, ela está no ar como jurada do “La Voz México” da rede Televisa, e no desenho animado “Clube da Anittinha” pelo canal a cabo Gloob.

No intervalo de dez dias, a carioca de Honório Gurgel conquistou três prêmios internacionais: melhor clipe (“Medicina”) no Latin American Music Awards, melhor cantora internacional pela revista espanhola “GQ”, e melhor artista brasileira no EMA, prêmio da MTV europeia.

Ainda este mês, ela concorre ao Grammy Latino nas categorias melhor fusão/interpretação urbana com “Sua cara” (com Pabllo Vittar e Major Lazer) e melhor canção urbana com “Downtown”, junto do colombiano J Balvin.

O ano de 2019 também promete ser agitado. Primeira artista confirmada na próxima edição do Rock in Rio, ela abre o Palco Mundo no dia 5 de outubro, que terá P!nk como headliner. A estreia da cantora de “Vai malandra” no circuito do festival foi há quatro meses, em Lisboa, onde dividiu a noite com Demi Lovato e o headliner Bruno Mars. Na sequência, ela também se apresentou em Paris e Londres com a turnê “Made in Brazil”.

Jabuti 2018: Livro de poemas independente leva o prêmio principal; Carol Bensimon e Rubem Braga são laureados

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SÃO PAULO - O poeta cearense Mailson Furtado Viana é o grande vencedor do Livro do ano no 60º Prêmio Jabuti, com o livro de poemas “à cidade”, uma publicação independente. Viana foi aplaudido de pé pela plateia. Este ano, o Jabuti reduziu o valor da inscrição de autores independentes. O Livro do Ano recebe R$ 100 mil reais. O Jabuti foi entregue na noite desta quinta-feira (8) no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. O mestre de cerimônias foi o apresentador Serginho Groisman.

“à cidade” foi também diagramado por Viana, que desenhou até a capa do livro.

- Esse prêmio abre uma janela para o mercado editorial enxergar a literatura que se faz sozinha, independente - disse Vianna ao receber o prêmio. - Eu sou de um estado onde todos os meus amigos pagam para ser publicados. O mercado precisa abrir os olhos para esses autores que escrevem com qualidade, mas não publicam mais porque não tem espaço, porque tem que se bancar. (O Jabuti) não é meu. É nosso.

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Viana também venceu na categoria poesia.

O escritor Rubem Braga, morto em 1990, foi o vencedor na categoria crônicas. Ele dividiu, postumamente, o troféu com André Seffrin e Gustavo Henrique Tuna, organizadores do livro "O poeta e outras crônicas de literatura e vida" (Global).

A escritora Carol Bensimon venceu a categoria mais disputada do Jabuti com seu romance "O clube dos jardineiros de fumaça" (Companhia das Letras). A primeira premiada da noite foi Maria Fernanda Elias Maglio, que venceu pelo livro de contos "Enfim, Imperatriz", publicado pela editora independente Patuá.

Na categoria Tradução, houve empate. Fábio Bonillo, de "O macaco e a essência" (Biblioteca Azul), do inglês Aldous Huxley, dividiu o Jabuti com Geraldo Holanda Cavalcanti, de "Poemas" (Edusp), uma antologia do italiano Giuseppe Ungaretti.

Luiz Eduardo Anelli e Rodolfo Nogueira levaram o Jabuti de melhor livro infantil e juvenil por "O Brasil dos dinossauros" (Marte Cultura e Educação). O mais aplaudido pelo público foi Marcelo D'Salete, que venceu a categoria Quadrinhos com o álbum "Angola Janga" (Veneta).

O eixo Literatura conta com sete categorias e seus vencedores disputam o título de Livro do Ano com os concorrentes do Eixo Ensaio.

O escritor Fernando Gabeira não compareceu à premiação, mas venceu na categoria Humanidades com o livro “Democracia tropical” (Estação Brasil). O romance “Fim” (Companhia das Letras), da atriz Fernanda Torres levou o Jabuti de “Livro Brasileiro Publicado no Exterior”, categoria instituída este ano.

O poeta Thiago de Mello foi homenageado com o título “Personalidade Literária do Ano”. Mello tem 92 anos e não pôde viajar a São Paulo para participar da celebração. Ele foi representado pela esposa Pollyana Furtado Lima e pelos filhos, Thiago Thiago de Mello e Patrícia. Thiago Thiago, que é músico, tocou versões de poemas de seu pai.

Em seu discurso, Patricia disse que a família Mello está trabalhando para tombar as casas projetadas para Thiago de Mello por Lúcio Costa, o urbanista que idealizou Brasília ao lado de Oscar Niemayer. São as únicas casas que Costa construiu na Amazônia.

Este ano, o Jabuti, organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), sofreu várias mudanças. Houve apenas um vencedor por categoria (eram três: primeiro, segundo e terceiro lugar), com prêmio financeiro de R$ 5 mil, e apenas um Livro do Ano, com um prêmio em dinheiro no valor de R$ 100 mil. Antes, os vencedores das categorias recebiam R$ 3,5 mil e o prêmio principal era dividido em dois, Livro do Ano de ficção e Livro do Ano de não ficção — cada um deles recebia R$ 35 mil.

O Jabuti também foi reestruturado e passou a ter 18 categorias, divididas em quatro eixos temáticos: Literatura, Ensaio, Livro e Inovação — somente os vencedores nos dois primeiros agrupamentos concorreu ao Livro do Ano. No ano passado, havia 29 categorias. Apesar da diminuição, foram anunciadas duas novas categorias, uma dedicada à formação de novos leitores e outra voltada à impressão.

As mudanças foram anunciadas em maio e, em junho, o curador do Jabuti, Luiz Armando Bagolin, entregou sua carta de demissão depois de acusações de homofobia nas redes sociais. Em comunicado à imprensa, a CBL afirmou que Bagolin "renunciou ao cargo de curador com o intuito de evitar prejuízo ao Prêmio e à instituição, depois que um debate na internet sobre críticas à premiação tomou direção de natureza pessoal ". A polêmica nas redes sociais envolvia, entre outros pontos, a premiação na categoria Literatura Infantil e Juvenil e uma declaração considerada homofóbica por parte de Bagolin.

Ele afirmou que Volnei Canônica, especialista em literatura infantil, criticou as mudanças no Jabuti porque é casado com o ilustrador Roger Melo. Nas redes sociais, Bagolin disse que Canonica “se promove como especialista e surfa ao sabor das próprias opiniões”. O trecho mais polêmico da resposta, porém, estava no fim da mensagem, em que argumentava que o colunista “principalmente faz a defesa indefectível de seu amor, Roger Mello”.

O escritor Rubem Braga, morto em 1990, venceu o 60º Prêmio Jabuti na categoria Crônicas. Ele dividiu, postumamente, o troféu com André Seffrin e Gustavo Henrique Tuna, organizadores do livro "O poeta e outras crônicas de literatura e vida" (Global).O Jabuti foi entregue na noite desta quinta-feira (8) no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. O mestre de cerimônias foi o apresentador Serginho Groisman.

A escritora Carol Bensimon venceu a categoria mais disputada do Jabuti com seu romance "O clube dos jardineiros de fumaça" (Companhia das Letras). A primeira premiada da noite foi Maria Fernanda Elias Maglio, que venceu pelo livro de contos "Enfim, Imperatriz", publicado pela editora independente Patuá. O autor independente Mailson Furtado Viana venceu com seu livro de poemas "à cidade" — este ano, o Jabuti reduziu o valor da inscrição de autores independentes.

Na categoria Tradução, houve empate. Fábio Bonillo, tradudor de "O macaco e a essência" (Biblioteca Azul), do inglês Aldous Huxley, dividiu o Jabuti com Geraldo Holanda Cavalcanti, de "Poemas" (Edusp), uma antologia do italiano Giuseppe Ungaretti.

Luiz Eduardo Anelli e Rodolfo Nogueira levaram o Jabuti de melhor livro infantil e juvenil por "O Brasil dos dinossauros" (Marte Cultura e Educação). O mais aplaudido pelo público foi Marcelo D'Salete, que venceu a categoria Quadrinhos com o álbum "Angola Janga" (Veneta).

O eixo Literatura conta com sete categorias e seus vencedores disputam o título de Livro do Ano com os concorrentes do Eixo Ensaio. Os vencedores:

Literatura

Conto: "Enfim, Imperatriz" (Editora Patuá), de Maria Fernanda Elias Maglio

Crônica: "O poeta e outras crônicas de literatura e vida" (Global Editora), de Rubem Braga, André Seffrin e Gustavo Henrique Tuna

Histórias em Quadrinhos: "Angola Janga" (Veneta), de Marcelo D'Salete

Infantil e Juvenil: "O Brasil dos Dinossauros" (Marte Cultura e Educação), de Luiz Eduardo Anelli e Rodolfo Nogueira

Poesia: "à cidade", de Mailson Furtado Viana (Autor Independente)

Romance: "O clube dos jardineiros de fumaça" (Companhia das Letras), de Carol Bensimon

Tradução

"O macaco e a essência" (Biblioteca Azul). Tradutor: Fábio Bonillo

"Poemas" (Editora da Universidade de São Paulo). Tradutor: Geraldo Holanda Cavalcanti

Ensaios

Artes: "Imaginai! O teatro de Gabriel Villela" (Edições Sesc São Paulo), de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Louçana Audi

Biografia: "Roquette-Pinto: o corpo a corpo com o Brasil" (Casa da Palavra), de Claudio Bojunga

Ciências: "As Maravilhosas Utilidades da Geometria: da pré-história à era espacial" (PUCPRESS), de Adalberto Ramon Valderrama Gerbasi

Economia Criativa: "Design de Capas do Livro Didático: a Editora Ática nos Anos 1970 e 1980" (Editora da Universidade de São Paulo e Com-Arte), de Didier Dias de Moraes

Humanidades: "Democracia Tropical" (Estação Brasil), de Fernando Gabeira

Capa

"O Corego: Texto Anônimo do Século XVII sobre a Arte da Encenação" (Editora da Universidade de São Paulo). Capista: Carla Fernanda Fontana

Ilustração

"Os trabalhos da mão" (Editora Positivo). Ilustrador: Nelson Cruz

Lonas culturais chegam aos 25 anos sem festa

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RIO - Aquele palco tem história. Já recebeu atrações internacionais como o guitarrista americano Stanley Jordan. Elymar Santos e Agnaldo Timóteo, vez por outra, dão as caras por lá. Mas, no geral, quem tem ocupado a agenda são grupos locais de música ou teatro infantil. Vinte e cinco anos depois de inaugurada, a lona cultural Elza Osborne, em Campo Grande, que abriu caminho para outras nove espalhadas pelas zonas Norte e Oeste da cidade, luta para se manter de pé. Assim como as de Realengo, Vista Alegre, Guadalupe, Anchieta, Maré, Santa Cruz, Ilha do Governador, Jacarepaguá e Bangu.

— As lonas têm um papel importante na afirmação das identidades de gente que sempre foi relegada a coadjuvante — diz o jornalista Vagner Fernandes, que prepara um livro sobre o tema. — Nomes como Ana Carolina, Chico César e Mumuzinho passaram por lá no começo.

Vistas como uma espécie de Circo Voador de seus territórios, elas lutam para não estar na lona, nocauteadas pela falta de verbas. Quatro dos 10 equipamentos não receberam o último repasse de dinheiro da prefeitura, que deveria ter sido feito em agosto — referente a setembro, outubro, novembro e dezembro.78640395_Rio de Janeiro 31-08-2018 - 25 ANOS DAS LONAS CULTURAIS A Elza Osborne é a primeira lona cu.jpg

Para piorar, há o problema das adequações exigidas pelo Corpo de Bombeiros depois do incêndio da boate Kiss, que em 2005 deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). Desde então, a lotação das lonas, que era de 600 pessoas, caiu para 320. Com isso, mais o fato de várias delas ficarem em áreas conflagradas pela violência, despencou a arrecadação com ingressos, o que garantia pagamentos como os de faxineiro e segurança nas noites de shows, descontados 70% para os artistas.

— Esses 70% não pagam nem os músicos. Nomes como Elba Ramalho vêm, hoje, no amor — observa Francisco Antônio Rodrigues Costa, um dos gestores da Lona Gilberto Gil, em Realengo.Lonas culturais

Com chancela da ONU, o projeto nasceu em 1993, a partir da iniciativa de Ives Macena — até hoje gestor da lona de Campo Grande — e do então presidente da RioArte, Ricardo Macieira, que encontraram uma forma de aproveitar as lonas doadas pelos governos inglês e holandês na conferência Rio- 92. 78599134_Rio de Janeiro 29-98-2018 Lona Cultural Gilberto Gil em Realengo Na foto reproducao dos arq.jpg

— A ideia era promover inclusão social com participação das comunidades — relembra Macieira, que credita o início da crise à decisão da prefeitura de licitar os espaços, em 2008. — Foi o início da destruição de tudo. Até então, a comunidade participava da implementação do projeto para depois assumi-lo. Só dava certo por causa disso. Em 1995, o auxilio que recebíamos da prefeitura, de R$ 5 mil, equivalia a 50 salários mínimos. Hoje, representa menos de 25

— As licitações são realizadas para evitar subjetivismos no processo de escolha da gestão — defende a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira. — Para isso, os critérios de seleção são detalhados, democratizando o acesso.

Hoje, o prazo máximo de gestão é de cinco anos, e cada lona recebe mensalmente R$ 25 mil para se manter.

— Em 1995, o auxilio que recebíamos da prefeitura, de R$ 5 mil, equivalia a 50 salários mínimos. Hoje, representa menos de 25. Chegamos a ter 14 funcionários. Hoje somos seis. Mesmo com a verba reduzida, se a gente pudesse trabalhar com a quantidade de pessoas que a casa permite, conseguiríamos mantê-la arrumada —observa Macena, um dos que estão sem receber desde agosto.78599140_Rio de Janeiro 29-98-2018 Lona Cultural Gilberto Gil em Realengo. Foto Marcelo Regua - Agen.jpg

Segundo a Secretaria municipal de Cultura, o atraso nos repasses para Campo Grande — assim como para Santa Cruz e Maré — ocorreu “porque a prefeitura tem enfrentado problemas no fluxo de caixa devido à crise financeira”. O pagamento está aprovado, mas ainda não foi liberado pela Secretaria municipal de Fazenda, que diz estar atuando “de acordo com a disponibilidade orçamentária do Tesouro Municipal”. A quarta lona com pagamento atrasado (Jacob do Bandolim, em Jacarepaguá), está com problema de prestação de contas, segundo a secretaria. O GLOBO tentou contato com seus administradores, sem sucesso.

Os contratos de sete das dez lonas foram renovados por um ano em outubro passado. Os de duas delas — Campo Grande e Bangu — vencem em fevereiro do ano que vem. Já o da Gilberto Gil completou cinco anos e, à época, não podia mais ser renovado com o mesmo grupo, que lá está desde sua inauguração, em 1997. Com isso, o espaço de Realengo, continua sob a mesma administração por conta de um termo de cooperação sem remuneração assinado após um chamamento público. Segundo a prefeitura, no próximo dia 19 de novembro será lançada uma nova licitação e, com ela, a gestão do espaço voltará a contar com repasses remunerados.

Nilcemar Nogueira diz ainda que vai lançar em 2019 um edital específico para apresentações nas lonas e arenas (que têm mais infraestrutura que as lonas).

— Nosso Plano de Trabalho Plurianual também prevê a transformação, até 2021, de duas lonas em areninhas, as da Maré e Vista Alegre.

Areninhas são lonas que já passaram por reforma estrutural e dispõem de ar condicionado. Embora continuem conhecidas como lonas, elas já são três: Ilha, Bangu e Realengo.

Foi na lona de Realengo que subiu ao palco pela primeira vez um ex-vizinho e aluno de oficinas do espaço, Mumuzinho. E onde Rafael Portugal, também morador do bairro, fez curso de teatro. As oficinas permanecem, mas ficou difícil manter a agenda de shows que já contou contou com nomes como Nana Caymmi, Ed Motta, Frejat, Nando Reis, Cassia Eller...

— Seria importante que as lonas tivessem mecanismos de autossustentabilidade, mas as empresas não se interessam por equipamentos culturais na periferia. E os empresários locais também não se interessam, diante de um cenário de crise econômica, de retração. Se o grande empresário se retrai, imagina o dono da padaria - diz Fernandes.

Apesar dos problemas, segundo Nilcemar, de janeiro a setembro, a frequência de público não caiu em relação ao ano passado: chegou à marca de 388 mil espectadores, enquanto no mesmo período de 2017 foram 277 mil.

Arenas podem ter programação reduzida

Projeto derivado das lonas, as arenas cariocas nasceram em 2012 como uma estrutura mais elaborada, tendo capacidade para 330 pessoas sentadas. Elas são quatro e também estão com repasses de verbas atrasados desde agosto (os pagamentos são feitos pela prefeitura três vezes ao ano): Jovelina Pérola Negra, na Pavuna; Dicró, na Penha Circular; Fernando Torres, em Madureira; e Abelardo Barbosa/Chacrinha, em Pedra de Guaratiba.

Com orçamento anual de cerca de R$ 700 mil e 25 funcionários, a Jovelina Pérola Negra recebe cerca de 10 mil pessoas por mês em shows e oficinas. Seu gestor, Anderson Barnabé, diz que, com a falta de repasse, terá que tomar a difícil decisão de reduzir ou até mesmo cancelar parte da programação.

— Inaugurei a casa há sete anos e nunca tinha vivido uma situação tão dramática quanto agora. Nossa situação está calamitosa. Esses equipamentos são a única referência de cultura desses locais. Não queremos parar.

Junto com representantes da Arena Dicró e da Lona da Maré, ele se reuniu anteontem com a subsecretária de cultura, Rachel Valença. Ela se prontificou a pressionar a Secretaria de Fazenda para que os recursos sejam liberados.

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