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Niemeyer inspira fórum mundial de arquitetura que acontecerá no Rio

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Intérprete de Barb em 'Stranger Things', Shannon Purser é a nova aposta de Hollywood

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NOVA YORK — A série sobrenatural da Netflix "Stranger Things" tornou-se um fenômeno em meados de 2016, mas foi somente no Halloween que Shannon Purser, a intérprete da geeky Barb, entendeu que sua vida havia mudado.

— Todo mundo resolveu se vestir como os personagens de "Stranger Things". E havia esse grupo de 12 ou 15 pessoas que se fantasiaram de Barb e me mandaram uma foto. Foi muito inacreditável —, lembrou-se a atriz, com entusiasmo, enquanto falava por telefone da casa de seus pais, em Atlanta.

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A devoção dos fãs de "Stranger Things" por Purser ajudou em sua transição de desconhecida funcionária de um cinema de Atlanta para uma promissora atriz de Hollywood.

— Eu tinha decidido que ia atuar, mas não havia aparecido um emprego ainda —, afirmou. — Eu pensava: 'Bem, posso fazer algum trabalho em que esteja perto dos filmes o tempo todo. Já é alguma coisa'.

Quando conseguiu o papel em "Stranger Things", contou ela, ficou "muito feliz por finalmente fazer uma personagem depois de ter participado de audições por vários anos".

Purser acaba de dar outro passo importante com o papel-título do filme "Sierra Burgess é uma loser", uma releitura com mudança de gênero de "Cyrano de Bergerac", estreia recente da Netflix, que vem se tornando especialista nesse tipo de comédia romântica adolescente. Trailer - Sierra Burgess

Assumir uma personagem principal "é uma mudança muito bacana, estou nas nuvens", afirmou Purser, que acaba de fazer 21 anos.

— É o tipo de coisa com que sonhei quando era criança e realmente não achava que fosse acontecer. Minha carreira deu uma volta de 180 graus em um período de tempo tão pequeno. Estou me acostumando, mas tem sido incrível.

A sinceridade cativante que Purser exala naturalmente convenceu o diretor Ian Samuels de que ela seria a escolha certa para o papel de Sierra, uma nerd que posa como líder de torcida popular na internet para conquistar um rapaz do colegial.

— Shannon é transparente e vulnerável. Como ela é uma atriz principal não convencional, isso atrai muita boa vontade e empatia do público — afirmou Samuels. Eu entendo a sensação de insegurança, como se você não fosse tão boa quanto é e que precisa mudar. Há uma coisa íntima para mim quando interpreto Sierra porque sei como é sentir-se sem valor

Purser, que em entrevistas tem sido incrivelmente franca sobre suas batalhas com as questões de imagem corporal, depressão e desordens obsessivo-compulsivas, aproveitou as próprias experiências para o papel.

— Eu entendo a sensação de insegurança, como se você não fosse tão boa quanto é e que precisa mudar. Há uma coisa íntima para mim quando interpreto Sierra porque sei como é sentir-se sem valor.

Essa insegurança severa estimulou seu interesse inicial pela atuação.

— Quando era mais nova, eu me sentia muito sozinha, não me sentia à vontade. Adorava a ideia de me tornar outra pessoa, e atuar era uma saída para mim e para essas emoções.

Nos últimos anos, Purser se tornou mais confortável com sua identidade. Ela afirmou ser bissexual no Twitter em 2017.

— As pessoas, em geral, me apoiaram muito, e isso realmente foi muito significativo. Gosto de ser conhecida da maneira como sou. Saiba quais séries de TV chegam ao fim em 2019

Ela canalizou suas inseguranças anteriores em Barb, uma garota estranha cuja morte horrível na primeira temporada de "Stranger Things" inspirou uma resposta apaixonada nas redes sociais.

— Fico muito feliz pelas pessoas terem percebido que realmente dei tudo de mim naquele papel, porque eu não sabia se conseguiria atuar alguma outra vez —, disse ela sobre sua estreia. — Eu pensei: Tenho que fazer o melhor que puder', e acho que valeu a pena.

Foi o que aconteceu. Ela conseguiu uma indicação para o Emmy 2017 como melhor atriz convidada em um drama.

— Foi totalmente inesperado —, afirmou Purser, que estava em um voo para Vancouver para filmar uma participação na série do canal CW "Riverdale", quando as indicações foram anunciadas. — Pousamos, tirei o celular do modo avião e vieram todos esses textos de congratulações. Entrei em choque, comecei a tremer. Queria ficar de pé e gritar: "Acabei de ser indicada para um Emmy!", mas não fiz isso. (O prêmio acabou indo para Alexis Bledel por "The Handmaid's Tale".). STRANGER_FRETTS_LSPR_4_1781765.JPG

A indicação teve uma ponta de tristeza, porque Barb já havia morrido. No começo das filmagens, Purser não sabia que sua personagem ia morrer.

— O maquiador me disse: 'Precisamos que você venha testar sua maquiagem da cena da morte'. E eu perguntei: 'Como assim?'"

Levou algum tempo para Purser absorver a notícia chocante.

— Foi um pouco doloroso. É como seu primeiro relacionamento amoroso – apesar de saber que precisa terminar, você fica: 'Mas e se nunca mais acontecer nada parecido? E se eu nunca mais namorar ninguém?'" Curiosidades sobre 'Stranger things'

No entanto, a saída da personagem foi benéfica.

— A filmagem da morte de Barb foi minha favorita. Era apenas eu e o diretor do episódio, Shawn Levy, nesse cenário incrível que haviam montado, e foi aí que tive certeza de que atuar era o meu trabalho. Estava fazendo a coisa com que vinha sonhando há muito tempo.

Ela espera poder ampliar esse novo sentimento de que encontrou seu lugar.

— Por mais divertido que seja ser a melhor amiga nerd, sou capaz de mais do que isso e acho que tenho emoções para compartilhar e papeis aos quais acrescentar alguma coisa. Espero que haja outras pessoas querendo me dar essa chance e me deixar contar suas histórias.

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Morre o ator Leonardo Machado, aos 42 anos, em Porto Alegre

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PORTO ALEGRE — O ator Leonardo Machado morreu na noite desta sexta-feira (28/9), aos 42 anos, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Conhecido por participações em novelas e minisséries da TV Globo, o artista foi presença constante no cinema nacional: durante as duas décadas de carreira, atuou em mais de 40 filmes, entre curtas e longas-metragens, como "Em teu nome" (que o consagrou com o Kikito de Melhor Ator, em 2009) e o recente "Teu mundo não cabe nos meus olhos" (2018), estrelado pelo colega Edson Celulari.

De acordo com amigos e familiares, Leonardo lutava contra um câncer no fígado desde 2016. Representantes do Hospital Moinhos de Vento, onde estava internado, confirmaram o tratamento recente com um oncologista.

Dois trabalhos inéditos do ator estrearão nas telonas ainda neste ano. Em "Legalidade", do cineasta Zeca Britto, ele encarna Leonel Brizona, numa trama que tem como pano de fundo o contexto político brasileiro de 1961. Em "A cabeça de Gumercindo Saraiva", do escritor e diretor Tabajara Ruas, o gaúcho interpreta Capitão Francisco, um dos personagens da Revolução Federalista de 1893.

Na televisão, o papel de maior destaque foi em "Viver a vida" (2010). No folhetim de Manoel Carlos, ele deu vida a Léo, um homem extremamente dedicado à família que se envolve amorosamente com Ariane (personagem defendida pela atriz Christine Fernandes), a médica de sua própria mulher. Outras novelas de sucesso também compuseram a carreira, como "Senhora do destino" (2005), "Malhação" (2006) e "Salve Jorge" (2013), além da minissérie "Na forma da lei" (2010).

No teatro, foram 14 peças — a mais recente, "Fala do silêncio", ganhou a láurea de Melhor Espetáculo no Prêmio Porto Alegre em Cena, em 2017. Leonardo Machado também foi a cara do Festival de Cinema de Gramado. Por mais de dez anos, ele apresentou a cultuada cerimônia, no pequeno munícipio da Serra Gaúcha. "Essa função é sempre um prazer. Eu me criei nessa cidade", ressaltou em entrevista publicada no último ano.

O ator será velado neste sábado (29) na Sala Álvaro Moreyra do Teatro Renascença, em Porto Alegre, das 10h às 17h. Após o velório, ele será cremado no Crematório Metropolitano, em cerimônia fechada para amigos e familiares.

Pabllo Vittar anuncia data de lançamento e músicas do novo álbum, 'Não para não'

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Capa Não Para Não%2c de Pabllo Vittar.jpgRIO — O segundo álbum de Pabllo Vittar, “Não para não”, já tem data de lançamento: a partir das 21h de quinta-feira, 4 de outubro, ele estará disponível no Spotify.

A cantora fez o comunicado nesta sexta em vídeo publicado no YouTube. As dez faixas que compõem o álbum, no entanto, já estão listadas no site Genius, banco de dados fonográficos. As parcerias foram descobertas através de um jogo online, intitulado “Missão PV2”, que revelou Ludmilla, Dilsinho e Urias no time de colaboradores.

A partir de quinta, o público poderá ouvir “Buzina”, “Seu crime”, “Problema seu”, “Disk me”, “Não vou deitar”, “Ouro” (com Urias), “Trago seu amor de volta” (com Dilsinho), “Vai embora” (com Ludmilla), “No hablo español” e “Miragem”.

A primeira canção divulgada foi “Problema seu”, que já acumula mais de 37 milhões de visualizações no YouTube desde o lançamento, em 15 de agosto. Clipe de 'Problema seu', de Pabllo Vittar

A capa e o nome do álbum, que sai pela Sony Music, foram divulgados na última quarta-feira (26), após o Prêmio Multishow 2018, onde Pabllo foi protagonista de uma performance apoteótica ao voar com asas de anjo sobre o palco da cerimônia. Prêmio Multishow 2018

A drag concorria com “Indestrutível” ao troféu de “Melhor Clipe TVZ”, conquistado por “Vai Malandra”, de Anitta. A votação foi feita no Twitter, em tempo real, a partir da hashtag mais comentada.

Em coletânea, caricaturista Cássio Loredano expressa sua paixão literária

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Clarice Lispector.jpgRIO — Caricaturista especializado em “animais literários”, como chama os escritores e intelectuais a quem destina seus traços, Cássio Loredano já perdeu as contas de quantas vezes leu “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, assim como já não sabe por quanto tempo tentou esculpir uma caricatura à altura do bruxo do Cosme Velho, seu escritor predileto.

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Para ele, quanto mais intimidade e devoção a um autor mais árdua é a tarefa de recriar a sua fisionomia. Foi assim com Machado (que, por fim, acabou estampando a capa do livro), Clarice Lispector e Max Frisch — alguns de seus preferidos —, mas chega uma hora que a sorte “aparece para quem está instrumentado e preparado”, diz.

É o resultado desses momentos de “sorte” que ele apresenta no livro “Gente de Letras” (Editora Sapoti), que será lançado neste domingo (30), na Livraria Folha Seca, às 15h. A obra reúne 200 retratos feitos para os mais diferentes veículos de mídia impressa do Brasil e do mundo, entre os quais O GLOBO, que publicou dezenas de seus desenhos. Para Loredano, o livro é um balanço de seus 46 anos de carreira e de seus 70 anos de vida.

— É um livro dedicado ao meu pai e às minhas filhas. Fiz 70 anos, e o livro é meio como quem diz: “O que esse malandro fez a vida toda? Só tomou cerveja?” Não. O livro é isso. Sempre tive predileção absoluta por desenhar escritores. Primeiro, porque foram os caras que deram as maiores alegrias da minha vida. Segundo, porque os escritores sempre têm as fisionomias mais interessantes e intensas.

A obra é, portanto, uma revisão de trajetória e, ao mesmo tempo, uma exaltação de suas preferências:

— Reuni meus melhores desenhos, e sempre tive predileção absoluta por desenhar escritores — diz. — Primeiro, porque foram os caras que deram as maiores alegrias da minha vida. Segundo, porque os escritores sempre têm as fisionomias mais interessantes e intensas. Diferentemente dos políticos, que é uma raça que terrível. Quando tenho que desenhar um político já vou predisposto a não gostar, já com o escritor é o contrário.

ESCRITORES x POLÍTICOS

Para ele, a diferença entre escritores e políticos — a honestidade e o cinismo diante da condição humana — se revela na fisionomia.

— A fisionomia pouco mente. Então quando são escritores muito honestos, como Machado, você vê na fisionomia a intensidade, que deriva de um sofrimento, de um mergulho na alma humana, de um escritor que escreve a partir de um autoexame, que sabe que aquele que exterminou pessoas na Alemanha era uma ser humano. Então tudo isso implica um certo sofrimento que torna o rosto interessante. O contrário disso é o cinismo de um Maluf, alguém que você dá um soco na cara e ele não sente, porque tem aquele rosto de borracha. O escritor é o contrário. Ele sente. Você olha pra Clarice (Lispector) e sabe que as coisas não são simples.

79113435_SC Capa do livro %27Gente de Letras%27 de Cássio Loredano.jpgAo lado de Machado, Clarice também deu trabalho a Loredano, assim com Drummon e outros tantos que ele admira e que, “depois de muita borracha”, o desenhou saiu e agora se eterniza no livro.

— A Clarice me deu surras homéricas, assim como apanhei anos para conseguir desenhar o Machado. Quando conheço menos o autor é mais fácil, porque você parte direto para a fisionomia — diz. — Mas o segredo pro desenho, ou pelo menos o que tento fazer, é ser o menos Loredano possível. Quanto mais despido eu tiver de mim mesmo é aí que eu começo a ter chance de fazer algo razoável. É tipo cavalo de santo. Você sai de si e algo incorpora. Mas tem que estar treinado pra hora que o santo aparece. Aí a felicidade vem e você agarra.

Serviço — “Gente de letras”

Autor: Cássio Loredano. Editora: Sapoti. Páginas: 200. Preço: R$ 50. Lançamento: Livraria Folha Seca — Rua do Ouvidor, 37. Quando: Domingo (30/9), às 15h.


'Nova York não aderiu à lógica de Trump', diz Salman Rushdie

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Nova temporada de ‘Rotas do ódio’ trata de violência contra minorias

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RIO — A cineasta Susanna Lira conta que, quando cursou uma pós-graduação em Direitos Humanos, em 2011, o termo “crimes de ódio” parecia algo distante aos ouvidos de quem a ouvia falar sobre isso.

— O que eu mais escutava era que no Brasil não existiam coisas assim, porque éramos uma nação miscigenada — relembra.

PATRÍCIA KOGUT: 'Rotas do ódio', de Susanna Lira, faz boa estreia no Universal

Apenas alguns anos depois, a atualidade do assunto parece indiscutível. É nesse clima que “Rotas do ódio”, primeira série de ficção de Susanna, chega à sua segunda temporada neste domingo, às 23h, na Universal TV.

— Infelizmente, esse tipo de crime foi uma das coisas que mais cresceram no Brasil. Não se trata mais de briga de gangues. A gente se polarizou de uma forma tão grande que tudo vira motivo para ter ódio — lamenta.

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O senso de urgência da série se soma ao seu realismo. Mais conhecida por seu trabalho com não ficção, Susanna desenvolveu “Rotas do ódio” a partir do seu documentário “Intolerância.doc” (2016). Na pesquisa do filme, ela conheceu o trabalho da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, que combate casos de racismo, homofobia e intolerância religiosa. Na trama, a protagonista é Carolina (Mayana Neiva), uma delegada destemida, filha de nordestinos, que tenta desarticular uma organização neonazista enquanto ainda tem que lidar com a falta de recursos e a corrupção dentro da própria polícia. Com cinco episódios, a segunda temporada promete um desfecho para a investigação da morte de Jaqueline (Pathy Dejesus). O que queremos é uma reflexão sobre o tipo de sociedade que a gente quer

— Agora, Carolina entra mais no combate. A trama ganha uma dimensão pessoal, e ela corre mais riscos — adianta Mayana Neiva, que descreve a protagonista, criada a partir de várias delegadas de carne e osso, como “a personagem da sua vida”. — Acho que, se existissem mais mulheres como as que inspiraram Carolina, o Brasil seria mais valente.

76151797_GG Rio de Janeiro RJ 12-04-2018 - Coluna da Marina Caruso Entrevista com a documentaris (1).jpg

O vínculo com a realidade também se mantém de outras formas em “Rotas do ódio”: uma das atrizes participantes, a ativista LGBT Renata Peron, perdeu um rim após ser atacada por uma gangue. E foram inseridas imagens de vítimas reais de intolerância. São formas de evitar que a produção caia na cilada de banalizar a violência representada (algo que rendeu duras críticas recentemente à badalada série americana “The handmaid’s tale”).

— Sempre foi uma preocupação nossa de jamais expor uma situação sem que o público reflita, para evitar que isso vire um fetiche. O que queremos é uma reflexão sobre o tipo de sociedade que a gente quer — diz Susanna.

VILÕES COMPLEXOS

Outro desafio foi tentar evitar que os tais neonazistas acabassem por ter personalidades tão reducionistas quanto a ideologia que pregam.

— Não queríamos ser maniqueístas demais. Tentamos mostrar que eles também sofrem — afirma a cineasta, que vê como um fenômeno complexo as origens do ódio às minorias no Brasil. — Vivemos uma frustração econômica, e a raiva acaba sendo direcionada a quem está mais próximo. Essas pessoas não podem bater no presidente, então vão agredir qualquer um em situação de vulnerabilidade, como mulheres, negros e gays.

Teaser de 'Rotas do ódio'

O lançamento da nova temporada de “Rotas de ódio” coincide com a chegada de “Torre das donzelas”, documentário mais recente de Susanna. Há duas semanas, o filme foi aplaudido de pé no 51º Festival de Brasília ao apresentar relatos de mulheres que foram presas políticas durante a ditadura militar, entre elas a ex-presidente Dilma Rousseff. A criadora vê relação entre os dois projetos:

— Ambos falam de extremos. A ponte entre o “Rota” e o “Torre” é a do respeito ao próximo.

Exposição mostra Palermo através das lentes de Letizia Battaglia

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A fotógrafa italiana Letizia Battaglia, de 83 anos, lembra uma personagem de Elena Ferrante. Sua biografia mistura desafio às convenções sociais, militância política e enfrentamento à violência mafiosa do sul da Itália. Aos 36 anos, ela largou o marido e a vida de dona de casa em Palermo, na Sicília, e foi-se embora para Milão, com as três filhas, em busca do “direito à liberdade”. Para sustentar as meninas, escrevia para jornais e revistas, mas logo percebeu que ganharia mais se, junto com os textos, enviasse também fotos.

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Em 1974, depois de três anos, voltou a Palermo para trabalhar como editora de fotografia no vespertino “L’Ora”, aguerrido jornal comunista que denunciava a corrupção política e a violência da Máfia. O retorno se deu num tempo de desemprego, ascensão do tráfico de drogas, decadência urbana e escalada da violência, que vitimava juízes, políticos, policiais, jornalistas e até mulheres e crianças. Era a “Guerra da Máfia”.

79077346_SC - Crianças brincam com as armas que receberam de presente dos pais no 2 de novembro.jpg

Naqueles anos, Letizia fotografou toda a barbárie: inocentes assassinados e chefões algemados. De ganha-pão, a fotografia se transformou em instrumento de intervenção política. Em 1979, registrou a prisão do chefão Leoluca Bagarella. Letizia estava tão próxima dele que o mafioso tentou lhe dar um pontapé. Ela se assustou e caiu. Mas a foto já estava feita: Bagarella aparece raivoso, os olhos baixos, rodeado por policiais. Essa foto e outras 57 estão reunidas na exposição “Letizia Battaglia: Palermo”, que abre hoje no Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio. A exposição fica em cartaz até 17 de fevereiro de 2019 e depois segue para São Paulo.

— Medo eu sempre tive, mas as fotos precisam ser feitas. Palavras precisavam ser ditas contra a Máfia naquele momento — disse Letizia em entrevista ao GLOBO, em São Paulo, onde participou do Festival ZUM. — Para mim, era importante que as fotografias também registrassem a emoção de quem estava atrás da câmera, que a minha presença fosse reconhecida ali.

79077342_SC - Na praia da Arenella a festa acabou Palermo 1986 em foto de Letizia Battaglia.jpg

Letizia passava os dias a fotografar a violência, mas, depois do expediente, saía à caça de alguma imagem que lhe transmitisse vida. Ela começou a fotografar crianças — em especial, meninas às vésperas da adolescência — nos bairros pobres de Palermo. Várias dessas fotos integram a exposição.

— As meninas me salvaram. Eu estava tão habituada a uma rotina de sangue e morte que comecei a fotografar crianças em busca de alguma esperança, algum sonho, alguma força — disse. — Depois de fotografar mortos o dia inteiro, eu queria registrar algo positivo: crianças, mulheres, um pássaro ou uma flor. Qualquer coisa que tivesse vida.

79077362_SC - O juiz Roberto Scarpinato com seus guarda-costas no topo do tribunal de Palermo 1998.jpg

Assim, ela também fez um mosaico da rotina nos bairros pobres, a vida cultural e as transformações urbanas de Palermo. Em 1985, filiou-se ao Partido Verde, foi eleita conselheira municipal e, em 1991, deputada regional.

— Amo Palermo como quem ama uma pessoa doente, que precisa de cuidados — disse. — Sempre tentei fazer alguma coisa pela minha cidade, seja como fotógrafa, conselheira municipal ou como deputada. Agora, estamos vivendo uma verdadeira primavera em Palermo, um momento de muita criatividade.

A mais recente iniciativa de Letizia é o Centro Internacional de Fotografia, inaugurado em 2016 na decadente zona portuária da cidade. O espaço oferece oficinas e atividades culturais, além de abrigar exposições de fotógrafos celebrados e de jovens talentos.

79077360_SC - A menina com o pão bairro Kalsa Palermo 1979 de Letizia Battaglia.jpg

Atualmente, Letizia tem se dedicado a fotografar mulheres nuas, mas sem erotismo. Ela quer mostrar a força da mulher siciliana. Quando perguntada o que gostaria de fotografar no Brasil, respondeu de pronto:

— Travestis. Eu me interesso por pessoas desprotegidas. Hoje em dia, quem mais precisa de proteção são as mulheres, as crianças, as travestis e os transexuais.

SERVIÇO

“Letizia Battaglia: Palermo”

Onde: IMS — Rua Marquês de São Vicente 476, Gávea (3284-7400).

Quando: Abre hoje, às 16h. Ter. a dom., das 11h às 20h.

Quanto: Grátis.

Classificação: Livre.

Canal Brasil celebra 20 anos com novos programas, séries e pegada polêmica

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RIO — Nos próximos meses, o elenco do Canal Brasil, que já conta com um time eclético de apresentadores — como Gilberto Gil, Lázaro Ramos, João Gordo, Laerte e Tony Ramos —, ganha o reforço da cantora Linn da Quebrada e do humorista Rafinha Bastos. É de olho no futuro e na experimentação de novos formatos que a emissora festeja seus 20 anos, completados este mês. Hoje, as séries da TV aberta, que eram mais comportadas, estão chegando perto das feitas pela TV por assinatura. Estamos sempre buscando séries com características distintas das que são feitas em outro canais.

— Temos a seguinte brincadeira com as pessoas que nos apresentam novos projetos: se o programa puder estar em outra emissora, não faz sentido trazer para o Canal Brasil — diz o diretor-geral, Paulo Mendonça, que se orgulha de ter nomes consagrados, como Gil e Tony Ramos, em sua programação: — Eles têm notoriedade, mas aqui encontraram espaço para fazer o que não haviam feito. Gil queria um programa de entrevistas que não fosse convencional. É surpreendente vê-lo assim nesta altura do campeonato.

As duas décadas do canal estão sendo comemoradas com estreias. As novidades deste mês são a série “Lama dos dias”, sobre o surgimento do manguebeat na capital pernambucana nos anos 1990, com direção de Hilton Lacerda e Hélder Aragão, o DJ Dolores (o segundo episódio vai ao ar hoje, às 21h30m); e o programa “502”, do fotógrafo Jorge Bispo, que agora despe homens para contar suas histórias (a atração estreou na última sexta, à meia-noite).

PROTAGONISTA TRANS

Em outubro, estreia o programa “MPB 73 — O ano da reinvenção”, baseado no livro de Célio Albuquerque (leia mais sobre as novidades abaixo). Com 15 novos programas em desenvolvimento, o canal estreia em dezembro a série dramática “Toda forma de amor”, dirigida por Bruno Barreto. A produção trata de afetividade e relacionamentos e tem como uma das protagonistas a atriz transexual Gabrielle Joie. Entre os personagens há uma drag queen, uma mulher bissexual, um homem crossdresser heterossexual, uma mulher transexual heterossexual, e outra mulher trans lésbica.

— Hoje, as séries da TV aberta, que eram mais comportadas, estão chegando perto das feitas pela TV por assinatura. Estamos sempre buscando séries com características distintas das que são feitas em outro canais. Nossa intenção é explorar temas mais polêmicos e profundos — explica Paulo Mendonça.

79062914_SC TV 20 anos do Canal Brasil A jornalista Simone Zuccolotto entrevista Chico Bosco para a.jpg

As séries “Colônia”, dirigida por André Ristum, “Hit Parade”, dirigida por Gustavo Pizzi, e “Notícias Populares”, sobre o jornal paulistano, são algumas das que estão em produção.

Rompemos com a imagem de ser um canal de acervo. Criamos uma programação até para os intervalosAo longo dos últimos 20 anos, o canal ampliou sua presença e hoje está em todas as redes. Em seu canal do YouTube, com 217 mil assinantes, estão disponíveis programas como “Larica total”, apresentado por Paulo Tiefenthaler. A programação se diversificou, mas o cinema segue sendo o carro-chefe do canal, que já exibiu 2.810 longas nacionais e 1.711 curtas.

— Rompemos com a imagem de ser um canal de acervo. Criamos uma programação até para os intervalos. Brincamos com nosso conteúdo e nossos erros — diz Mendonça, citando as vinhetas que tiram sarro da programação do canal.

Coprodutor de mais de 300 longas-metragens, o Canal Brasil também passou a investir na música. Hoje, já são 200 shows coproduzidos pela emissora, que já lançou 94 CDs e DVDs com seu selo.

— A música está presente nos shows e é tema de vários programas. De todos os segmentos da cultura, acho que o teatro é o que está menos presente do que a gente gostaria — avalia o diretor.

AS ESTREIAS NOS PRÓXIMOS MESES

“MPB 73 – O ano da reinvenção”.

Estreia no dia 27 de outubro o programa que destaca um ano importante para o mercado fonográfico brasileiro: 1973 foi, por exemplo, o ano do lançamento do primeiro álbum dos Secos & Molhados.

“De semelhanças e coincidências”.

Estreia no dia 2 de novembro a série, com apresentação de Simone Zuccolotto, que discute como a identidade brasileira foi retratada pelo cinema nacional.

“Zoombido Uruguay — Caminando distraido”.

Estreia no dia 27 de novembro a 12ª temporada do programa. Apresentada por Paulinho Moska, a atração retratará compositores uruguaios.

“Depois do vendaval”.

Estreia no dia 3 de dezembro a minissérie documental que lista três movimentos fundamentais, nos anos 1970, para o fim da ditadura. Direção de José Carlos Asbeg e Luiz Arnaldo Campos.

“Toda forma de amor”.

Estreia em dezembro (ainda sem dia definido), a série dirigida por Bruno Barreto.

Morre, aos 89 anos, a cantora Angela Maria

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angelamaria.jpg

RIO - A cantora Angela Maria, de 89 anos, morreu, na noite deste sábado, após 34 dias internada num hospital particular de São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório está marcado para este domingo, a partir das 10h, no Cemitério Congonhas, em Vila Sofia, São Paulo.

Eleita uma das rainhas do rádio, Angela foi uma das cantoras mais famosas do Brasil nos anos 1950 e 1960. Ela tinha 70 anos de carreira. O empresário da artista, Thiago Marques Luiz, postou, em sua página do Facebook, uma foto ao lado dela e escreveu sobre sua importância no mundo da música:

Ouça os maiores sucessos da carreira de Angela Maria

"Com o maior pesar do mundo informo a todos vocês que a maior cantora do Brasil, a nossa Rainha Angela Maria, não está mais entre nós. Foram 89 anos de vida e quase 70 de sucesso, reconhecimento, carinho e respeito de todo povo brasileiro. Não houve (e por certo não haverá) nenhuma cantora na nossa música com história semelhante em termos de produtividade, importância e longevidade. Tenho muito orgulho de ter Angela Maria na minha história e, principalmente, de ter dado a ela todas as flores em vida. Pra sempre te amarei, “Estrela da nossa canção popular”, escreveu.

Em um vídeo publicado no site oficial da cantora, o companheiro da artista anunciou a morte da mulher e disse que ela "estava sofrendo muito" nos dias em que passou internada. A informação sobre o falecimento também foi confirmada ao GLOBO, por telefone, pela cunhada de Angela, Rosana D'Angelo.

Os 70 anos de carreira da artista foi celebrado com o musical “Angela Maria — Lady Crooner”, apresentado, em junho, no palco do Teatro Carlos Gomes. A peça contou a trajetória pessoal e profissional da “Rainha do Rádio” — Angela foi uma das maiores estrelas da era de ouro da Rádio Nacional.

Em abril, a cantora apresentou a turnê “Angela Maria e as canções de Roberto e Erasmo”, quando levou aos palcos, além de suas canções, sucessos como “Sentado à beira do caminho”, “Você em minha vida”, “Sua estupidez”, “Eu disse adeus", “O show já terminou” e “Como é grande o meu amor por você".

RAINHA DO RÁDIO

No ano de 1929, nascia em Macaé a dona da voz que viria a ser uma das mais famosas do país. Angela Maria — nome artístico de Abelim Maria da Cunha — gravou seu primeiro disco aos 23 anos, a contragosto dos pais, que eram extremamente conservadores e não apoiavam a escolha profissional da filha. Mas a oposição não foi suficiente. Este ano, a Rainha do Rádio ou Sapoti, como era conhecida, completou 70 anos de carreira, ao longo dos quais lançou mais de 114 discos e superou a marca de 60 milhões de trabalhos vendidos.

A paixão pela música começou na infância, quando cantava no coral da igreja evangélica, onde seu pai era pastor. Conhecida no Brasil e no mundo, são dela sucessos como “Gente humilde”, “Babalu”, “Lábios de mel", “Tango para Tereza” e “Falhaste coração”.

Corpo da cantora Angela Maria é velado em São Paulo

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RIO - O corpo da cantora Angela Maria, uma das rainhas do rádio, está sendo velado neste domingo, 30, no Cemitério Congonhas, em São Paulo, e será sepultadO no final da tarde. A artista morreu na noite de sábado, aos 89 anos, no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, após passar 34 dias internada.

No velório, aberto ao público, o marido da cantora, Daniel D'Angelo, disse ao portal G1 que "o céu hoje está em festa" com a presença de Angela Maria e Cauby Peixoto, morto em 2016.

Ouça os maiores sucessos da carreira de Angela Maria

Segundo D'Angelo, a cantora passou mal e foi levada por ele ao hospital no dia 25 de agosto. "Ela teve uma infecção abdominal que evoluiu e foi tomando conta dos órgãos. Ela lutou, teve um AVC, e depois de 10 dias sem voltar, fizeram uma ressonância e viram outro AVC mais complicado. Foram 34 dias de hospital", disse o marido da cantora.

"Vivíamos há 40 anos juntos, éramos muito juntos. Eu desci para a lanchonete para tomar café uns 45 minutos, que era o tempo de darem banho e trocar ela. E quando subi na UTI, tinha uma médica ao lado e uma enfermeira. Eu vi o cobertor e toquei o pé dela. A médica disse: 'Seu Daniel, o coração dela parou. O senhor pode sair?'. Eu não acreditei", continuou D'Angelo, ao G1.

Ainda de acordo com ele, Angela Maria será enterrada ao lado de Cauby Peixoto. "Ela vai ficar ao lado do marido musical dela. O céu hoje está em festa, o céu hoje está maravilhoso hoje", disse.

FAMOSOS LAMENTAM PERDA

Artistas e personalidades lamentaram a morte da artista. A cantora Elza Soares afirmou no Twitter: "Uma das maiores vozes do Brasil. Salva de palmas para essa rainha do rádio, que infelizmente acaba de sair de cena. Brilhe nos palcos do céu, minha querida.R.I.P Angela Maria".

A cantora Alcione se pronunciou pelo Instagram: "Ffoi-se a minha grande referência como cantora. Aprendi muito ouvindo Angela Maria cantar e, agora, junto com a saudade, ficam meus eternos agradecimentos por todas as coisas lindas que ouvi em sua voz".

Personalidades lamentam morte da cantora Angela Maria, aos 89 anos

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RIO - Artistas e personalidades lamentaram a morte da cantora Angela Maria. Uma das rainhas do rádio, ela morreu na noite de sábado, aos 89 anos, no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, após passar 34 dias internada. O corpo da artista está sendo velado neste domingo, 30, no Cemitério Congonhas, em São Paulo.

A cantora Elza Soares usou seu perfil no Twitter para homenagear a artista: "Uma das maiores vozes do Brasil. Salva de palmas para essa rainha do rádio, que infelizmente acaba de sair de cena. Brilhe nos palcos do céu, minha querida.R.I.P Angela Maria".

A cantora Alcione fez uma postagem em sua conta no Instagram: "Foi-se a minha grande referência como cantora. Aprendi muito ouvindo Angela Maria cantar e, agora, junto com a saudade, ficam meus eternos agradecimentos por todas as coisas lindas que ouvi em sua voz".

Alcione

A jornalista e apresentadora Fátima Bernardes também se pronunciou no Instagram: "Angela Maria se foi. Que orgulho ter conhecido a Angela ainda nos tempos do jornal 'O Globo' e de, anos depois, recebê-la no 'Encontro com Fátima'. Que obra linda ela deixou pra nós!"

Fátima Bernardes

O apresentador Serginho Groisman escreveu no Twitter: "Que triste a morte de Angela Maria. Uma voz maravilhosa que sempre foi reconhecida pelo povo. Uma artista popular e talentosa. R.I.P."79134790_PA São Paulo SP 30-09-2018 Angela Maria velorio da cantora Angela Maria no cemiterio congon.jpg

Rodrigo Faour, jornalista e autor da biografia de Angela, "A eterna cantora do Brasil", escreveu no Facebook: "E hoje partiu aquela que foi uma das mais importantes e influentes cantoras do Brasil de todos os tempos. A Sapoti, Angela Maria, aos 89 anos, que teve uma carreira das mais longevas de nossa história musical, sem nunca se ausentar. Sempre no palco e gravando, de 1951 até hoje. O público foi sendo cativado por sua voz quente, potente e afinada, que tinha efeito 'Abra-te, Sésamo'. A cada vez que abria a boca para cantar, mais uma porta se abria, mais fãs fazia e novas oportunidades profissionais se apresentavam".

"Uma carreira absurdamente rica, com cerca de 60 músicas em parada de sucesso. Este foi um de seus muitos recordes que tive a honra de descrever na biografia que lancei há três anos, "Angela Maria - A eterna cantora do Brasil". Foi um trabalho difícil em muitos aspectos, mas tenho a sensação de dever cumprido, pois agora que ela se foi, as novas gerações terão um documento para saber quem foi esta intérprete tão sensacional que influenciou tantas outras cantoras e cantores e que deixou uma marca tão forte na história cultural do país. Ela foi onipresente no coração dos amantes da música brasileira nessas quase sete décadas e continuará sendo, agora por meio de sua obra... Viva a eterna cantora do Brasil!", continuou Faour.

Ouça os maiores sucessos da carreira de Angela Maria


Análise: Angela Maria foi uma cantora de todos os tempos

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Kanye West não lança disco prometido e volta a declarar simpatia por Trump

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kanye_west.jpgRIO - Rapper de quem sempre se pode se esperar o inesperado, Kanye West prometeu para o sábado à noite o lançamento de um novo álbum, “Yandhy”. Não lançou. Mas, na mesma noite, marcou sua aparição no programa de TV “Saturday night live” com um boné “Make America great again” (“Faça os Estados Unidos grandes novamente”, lema da campanha de Donald Trump à presidência) e novas declarações de simpatia pelo republicano.

LEIA MAIS: Kanye West alcança recorde de Beatles e Eminem com 'Ye'

“Tantas vezes eu falei com uma pessoa branca sobre isso, e eles dizem: ‘Como você pode gostar de Trump? Ele é racista.’ Bem, se eu estivesse preocupado com racismo, eu teria me mudado dos Estados Unidos há muito tempo”, disse Kanye, depois de encerrada a transmissão. Também fora do ar, o rapper apontou para pessoas da plateia, acusou-as de rir dele e disse ter sofrido bullying nos bastidores. “Eles disseram: ‘Não saia com esse boné’.” 'SNL': Kanye West Gave Pro-Trump Speech That Didn't Make it to Air via @ChrisRock (audio fix)

No Twitter, Donald Trump parabenizou Kanye West por sua delaração: “Como muitos, eu não assisto ao ‘Saturday night live’ (embora eu já tenha sido apresentador uma vez) — não há mais graça, talento ou charme no programa. É apenas um anúncio político para os democratas. A notícia é que Kanye West, que colocou um boné do ‘Make America great again’ depois do show (apesar de terem dito que ele não deveria fazer isso), foi ótima. Ele está liderando o esforço!” No SNL, Kanye cantou a nova “I like it” com Lil Pump, ambos vestidos de garrafas d’água. Tweet Donald Trump Kanye West

Na tarde deste domingo, o rapper voltou ao Twitter com uma foto vestindo o boné com o slogan de Trump. Na legenda, mais apoio a Trump, à América e uma gafe.

"Isso representa o bem e a volta da união dos EUA. Não vamos mais terceirizar para outros países. Nos Estados Unidos, nós construímos fábricas e criamos empregos. Vamos dar empregos para todos livres das prisões quando abolimos a 13ª emenda. Mensagem com amor". Tweet Kanye West

A 13ª emenda a que Kanye se refere foi incorporada à Constituição americana justamente para abolir a escravidão. O rapper voltou à rede social para corrigir a informação. "Não (quis dizer) abolir. Mas aprimorar a 13ª emenda", reforçou o rapper.

Crítica: Aline Frazão cria envolvimento pelo sensorial

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RIO - O quarto álbum de Aline Frazão é daqueles que existem num espaço muito particular da subjetividade do artista. Musicalmente, pouco há ali além de uma voz e de um violão, que sustentam o disco com simplicidade e dignidade. Aline canta em crioulo de Cabo Verde (“Petit ta segura”), em francês (“Ces petits riens”) e em português uma coleção de canções muito pessoais (mesmo as que não foi ela a compor), na qual a comunicação se estabelece para além das palavras.

LEIA MAIS: Aline Frazão: 'O Rio me escolheu para gravar'

“Dentro da chuva” é bem mais um disco de climas que de discurso — seus poucos acordes se multiplicam na decorrer das sinuosas melodias e na pura vontade de Aline em reproduzir, de forma sensorial, aquilo que bem poderiam ser as suas experiências de vida. Aline Frazão - Peit Ta Segura [Videoclip Oficial]

“Literatura, ninguém atura mais tuas rimas banais”, reclama ela em “Zénite”, faixa na qual o violão é substituído por uma hipnotizante cama de guitarras elétricas. A doce “Kapiapia” se beneficia do contraste entre as vozes de Aline e de Luedji Luna, que alçam voo num bem colocado efeito de eco, reforçando o recado para o ouvinte que porventura ainda esteja desavisado: “Porque é o silêncio que governa tudo”.

Muito brasileiro em suas intenções (“Samaúma” é claramente baiana e “Ces petits riens” transpira bossa nova), “Dentro da chuva” não perde a África de vista, seja com a kalimba e as percussões de “Manifesto” (“meu corpo é dança desde criança”, canta ela) ou na indignação de “Manazinha (novo dia)”, canção que pinta um triste retrato da situação da saúde pública em Angola.

O toque político do disco é louvável , mas a Aline que encanta no disco é o de faixas como “Chamado por Morfeu”, que envolve pela sonoridade, pela cadência e pelas imagens evocadas na letra: “É um disco dos Pink Floyd, asteroide em câmera lenta, magenta, a boca seca, ondas no colchão”.

Cotação: Bom

Autor que 'escreve caminhando', Marcelino Freire se lança nos ensaios

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RIO - Cada vez que Marcelino Freire aparecia na mídia, sua mãe levantava o jornal para o céu e agradecia pela graça alcançada: seu filho não havia saído em uma página policial. Impossível prever a reação de Dona Carminha Freire, já falecida, ao ler esta reportagem. Mas o certo é que seu filho continua um “delinquente” nas páginas culturais — nesses tempos, “todos somos um pouco criminosos”, admite ele. Escrevendo “a pé e nunca sentado”, em trânsito entre o circuito marginal e as grandes editoras, o pernambucano faz agora sua estreia na José Olympio com “Bagageiro”, seu primeiro livro desde “Nossos ossos” (Record), de 2013.

LEIA MAIS: Escritor Marcelino Freire viaja pelo Brasil mapeando iniciativas culturais e conta tudo em blog

Nesse meio tempo, Marcelino manteve-se firme nas trincheiras, comprometido em tirar a literatura “das estantes”. Criador da Balada Literária de São Paulo, evento referência da cena indie, e fomentador de jovens talentos com a sua editora/cooperativa Edith, o autor pensou muito sobre escrita nos últimos anos. E são justamente essas reflexões que aparecem reunidas em “Bagageiro”. Não quero, com esse livro, posar como alguém que entende de tudo. Na verdade, não estou entendendo nada. Mesmo quando aponto o dedo, sigo me perguntando e ironizando. Sou um cagador de regras, sim, mas a diferença é que eu dou descarga depois

Ensaísta acidental, Marcelino pontua textos mais longos com epigramas e quebra a formalidade do gênero usando imagens escatológicas (como quando compara reticências a “cocozinhos”) e casos engraçados (destaque para o dia em que o amigo Raimundo Carrero confundiu Paul Auster com um gerente de pousada em Paraty). Em suma, atira para todo lado: “Eu pareço a Mãe Dináh. É tanta coisa que falo aqui que uma hora acerto”, escreve. Selecionamos alguns dos momentos da sua conversa por telefone com O GLOBO.

Gênese do livro

Eu nunca chamo meus contos de contos: em “Angu de sangue”, chamei-os de “cantos”, e , em “Contos negreiros”, de “improvisos”. Agora resolvi fazer algo diferente. Estou sempre anotando frases em um bloco de notas. Quando penso em algo que tem a ver com a escrita, registro na hora. Falo sobre encontros meus com outros escritores, leituras, pensamentos... Até que me pediram para reunir isso em um livro.

Ensaio sem pose

Não sabia bem como chamar esses textos. Um dia me veio a frase: “Hoje todo mundo quer ter ração — uns comendo os outros”. E aí tive a ideia de chamar de ensaio. Não quero, com esse livro, posar como alguém que entende de tudo. Na verdade, não estou entendendo nada. Mesmo quando aponto o dedo, sigo me perguntando e ironizando. Sou um cagador de regras, sim, mas a diferença é que eu dou descarga depois. Cague regras, mas sempre dê descarga, por favor!

Arte e engajamento

Eu não acredito em escritor sentado na cadeira. Quem fica sentado na cadeira é bundão. A situação de hoje pede para ir à luta. Essa postura não serve mais. Um escritor escreve caminhando. Em um primeiro momento, o escritor é um solitário, tudo bem — mas, ao criar o seu texto, ele vira um solidário. Minha escrita tem que estar no corpo inteiro. E esse movimento tem a ver com a rua, com a circulação, com tirar a literatura das estantes. Sempre estive nessa direção de uma escrita que não é para poucos, que não fica encastelada. Vai lá na periferia e vê o tanto de selo alternativo que existe. Lá é poesia de 7h da manhã às 7h da noite. Você não tem ideia da fervura que está o movimento fora do circuito comercial tradicional.

Capital afetivo

Na Edith, nossa editora, continuamos desde 2010 a provocar publicações de autores estreantes. Tudo na base do capital afetivo. E temos tido duras batalhas. Conseguimos agora um apoio da Fundação Perseu Abramo para a reimpressão de 2 mil exemplares do “Lula Livro” (lançado em julho, é uma reunião de textos de 86 escritores e cartunistas em defesa do ex-presidente, preso em Curitiba). O PDF está disponível para qualquer um que queira imprimir, e o livro não pode ser vendido por mais de R$ 15. É uma prova de que os escritores não estão acomodados e não concordam com nada do que está acontecendo.

Poesia nas biqueiras

Vai lá na periferia e vê o tanto de selo alternativo que existe. Lá é poesia de 7h da manhã às 7h da noite. Você não tem ideia da fervura que está o movimento fora do circuito comercial tradicional. Conheci duas meninas nas comunidades do Rio, a MC Dall Farra (uma das idealizadoras do Slam Laje) e a MC Martina (do Complexo do Alemão). O pessoal usa a biqueira para slam e sarau. E ai de quem tentar calar o poeta.

Distribuição pelo sovaco

Quero aprender com os agitadores desses lugares entrincheirados, onde a atuação é difícil, onde a literatura chegou revolucionando a sua geografia. O pessoal da periferia está fazendo o seu próprio mercado, criando o seu espaço. Eles andam com o seu livro debaixo do braço de sarau em sarau, de feira em feira. O sovaco é o melhor distribuidor. Hoje tem escritor vendendo de 500 a mil exemplares sem precisar de livraria, nem de distribuição...bagageiro.jpg

Antídoto para crise

Quem não percebeu esse movimento vivo da literatura vai se dar mal. As editoras estão fechando e as livrarias encontram dificuldades. Por quê? Porque não se reinventaram, ficaram encastelados em bienais e em grandes eventos. O papel da literatura é alargar os horizontes, fazer pontes para que essa representatividade que vemos pulsar nas ruas esteja representada nas associações, nas academias, nas editoras. Que resposta o mercado tem dado para esses milhares de jovens que têm espalhado poesia por tudo quanto é canto, para esse segmento que tem revigorado a literatura?

“Bagageiro”

Autor: Marcelino Freire.. Editora: José Olympio. Páginas: 160. Preço: R$ 34,90.

Aline Frazão: 'O Rio me escolheu para gravar'

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RIO - Aline Frazão é uma artista em constante deslocamento. Mas possui seus abrigos: Luanda, a canção como formato de composição e a música brasileira. É a eles que a cantora e compositora angolana, de 30 anos, recorre em sua nova fase artística. Esse momento de “regresso” ganha vida com o lançamento de seu quarto álbum, “Dentro da chuva”, e com a apresentação no festival Cantautores, em Belo Horizonte, que ocorrerá entre 3 e 10 novembro.

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A nova fase se iniciou com o retorno à capital de Angola, em 2016, após dez anos morando entre Portugal e Espanha. A partir dali, voltou a se concentrar mais exclusivamente à poesia de suas canções, depois de passar dois anos escrevendo uma coluna sobre política e cultura para o jornal “Rede Angola”. E, seguindo um passeio pelo noise e indie rock no álbum “Insular”, faz agora um acerto de contas com a MPB em seu novo trabalho, gravado no Rio de Janeiro com participações de Luedji Luna e Jaques Morelenbaum.

— Esse é meu álbum mais voz e violão, e, por isso, acho que na verdade foi o Rio quem o escolheu para gravar. O Brasil é dono de uma grande tradição na canção. Poder levar esse álbum para o festival em BH, justamente nessa minha onda “cantautora”, vai ser um encaixe perfeito — diz Aline sobre a apresentação do novo trabalho no evento.

A ligação com o Brasil vem de berço. Além da casa dos pais, onde sempre ouvia Chico Buarque, Djavan, Roberto Carlos e Tom Jobim, ela absorveu o cancioneiro difundido em Angola através das novelas e rádios locais.

— Comecei a tocar ouvindo MPB. Quando escutei aqueles acordes e harmonias, vi que era aquilo que eu queria fazer. E isso marcou tanto minha forma de compor que na Europa muitas pessoas achavam que eu era brasileira. O que me incomodava muito, pois queria ser vista como cantora angolana — conta Aline, que tem uma avó carioca. Aline Frazão - Sumaúma [Videoclip Oficial]

Na sua visão, a busca pela sua identidade africana não exclui assumir a ascendência musical brasileira. Com influências que também passam pelo jazz e pelo rock inglês, Aline quer projetar em seu trabalho uma produção fora dos lugares-comuns, para onde a produção africana costuma ser empurrada.

— Quero romper esses grilhões que o ocidente coloca sobre a música da África, de ser “tropical” ou etiquetada como “world music”.

Preocupação central no processo de composição da artista, as letras costumam ser o ponto de partida de suas músicas. Sua grande fonte de inspiração é a literatura de seu país. Já fez parcerias com prestigiados autores angolanos como José Eduardo Agualusa e Ondjaki, em seu disco de estreia, “Clave Bantu”, de 2011; ou ainda com a poeta Alda Lara, no álbum “Movimento”, de 2013.

Além da palavra poética, carrega uma visão política em todos seus deslocamentos. Mesmo tendo parado de escrever sua coluna semanal, ela segue como uma das coordenadoras do coletivo feminista angolano Ondjang. Com esse olhar afiado, conta que se assustou com a atual atmosfera política no Brasil que encontrou ao produzir “Dentro da chuva”.

— Gravar no Rio foi muito contraditório. Quando saia do estúdio a vida real me atropelava, com toda a violência, o medo e o clima de polarização e crispação social que o país vive.

Um ambiente diferente do que encontrou na volta a Angola. Segundo a cantora, o país vive profunda “mudança de paradigma” após a saída, depois de 30 anos no poder, do ditador José Eduardo dos Santos:

— Nunca esperei dizer isso, mas são momentos opostos. O Brasil era um guia na última década para avanços sociais. Agora está muito sombrio, muito pessimista. Se nem o carnaval e a Copa alegram mais o brasileiro, o que pode estar havendo? Oxalá o Brasil volte a se encontrar como ele é.

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